A declaração de Johnson é mais um capítulo na série de incidentes diplomáticos entre Moscou e Londres após o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal.

Por G1

O ministro de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, disse nesta sexta-feira (16) que é bastante provável que o próprio presidente russo, Vladimir Putin, tenha tomado a decisão de usar o agente nervoso de nível militar para envenenar o ex-espião russo Sergei Skripal na Inglaterra.

"Nós não temos nada contra os russos. Não deve haver nenhuma russofobia como resultado do que está acontecendo", disse Johnson.

"Nossa briga é com o Kremlin de Putin e com a sua decisão --e nós pensamos que é esmagadoramente provável que tenha sido decisão dele-- de orientar o uso de um agente nervoso nas ruas do Reino Unido, nas ruas da Europa, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial".

O Kremlin, citado pela agência russa TASS, disse que as acusações feitas por Johnson são "chocantes e imperdoáveis".

"Qualquer referência ou menção ao nosso presidente nesse aspecto é uma violação chocante e imperdoável de regras diplomáticas e comportamento decente", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, segundo a agência.

A Rússia nega qualquer envolvimento no envenenamento de Skripal.

Investigação

A Comissão Investigativa da Rússia disse nesta sexta que abriu uma investigação criminal sobre a tentativa de assassinato de Yulia Skripal.

A comissão disse também estar investigando o que descreveu como o assassinato no Reino Unido de Nikolai Glushkov, que era sócio do falecido magnata russo Boris Berezovsky.

Investigadores russos disseram, no mesmo comunicado, que estão prontos para cooperar com seus colegas britânicos.

Crise diplomática

A declaração de Johnson e a resposta da Rússia é mais um capítulo na série de incidentes diplomáticos entre Moscou e Londres nessa semana.

Na quarta-feira (16), a primeira-ministra Theresa May expulsou 23 diplomatas russos em retaliação contra o envenenamento. Os contatos bilaterais de alto nível com a Rússia também foram suspensos.

A premiê afirma que esses diplomatas, que têm uma semana para deixar o Reino Unido, foram identificados como "oficiais de inteligência não declarados". Essa é a maior expulsão de representantes estrangeiros do Reino Unido desde a Guerra Fria, de acordo com a Associated Press.

Já nessa sexta, o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou que a Rússia irá expulsar diplomatas britânicos de seu território, em uma medida de reciprocidade.

O Kremlin considerou a posição britânica "absolutamente irresponsável" e prometeu reagir, mas ainda não estão claras quais serão as medidas a serem tomadas pelo governo russo.

Sergei Skripal fala com sua advogada de trás das grades em uma corte em Moscou em foto de 9 de agosto de 2006 (Foto: AP Photo/Misha Japaridze, File)

Sergei Skripal fala com sua advogada de trás das grades em uma corte em Moscou em foto de 9 de agosto de 2006 (Foto: AP Photo/Misha Japaridze, File)

Envenenamento

Sergei Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33 anos, foram contaminados por um agente nervoso na cidade britânica de Salisbury, em 4 de março. Eles foram encontrados inconscientes em um banco da catedral da cidade e foram levados ao hospital, onde estão internados em estado crítico. O caso está sendo tratado como tentativa de homicídio.