Após pressão de governadores, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, antecipou, de amanhã para ontem, o início da vacinação contra a Covid-19, mas falhas de logística atrasaram a distribuição das doses da CoronaVac. Até as 22h de ontem, apenas 13 unidades da Federação tinham recebido o produto: Paraná, Tocantins, Piauí, Ceará,Pernambuco, Maranhão, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal. São Paulo já estava com o 1,4 milhão de doses que lhe cabe, do total de 6 milhões que o país tem.

Conhecido por ser especialista em logística, Pazuello afirmou que o atraso na distribuição foi motivado pela mudança no cronograma de entregas, que seria realizado ao longo do dia de ontem. “Nós tínhamos a previsão de fazer toda a logística hoje (ontem), e os estados fazerem amanhã (hoje) para os municípios e, a partir daí, a gente iniciar a campanha na quarta-feira. Os governadores, em comum acordo, me solicitaram que eu acelerasse, ao máximo, a distribuição, que eles começassem imediatamente ainda hoje (ontem)”, disse.

Assim, de acordo com Pazuello, o que havia sido planejado teve que ser “encurtado” para atender ao pedido dos governadores. “Você imagina a mudança da logística para 26 estados num país continental. Aeronaves, planos de voo, novas aeronaves contratadas. Em alguns casos, uma aeronave pequena que não pode levar numa perna só tem de fazer dois voos. A aeronave grande que faria um voo só chegaria apenas de noite. Então, você fraciona, entrega a primeira parte, para iniciar, e, na sequência, chega com a segunda parte”, justificou.

No novo cronograma do ministério, com os atrasos previstos, o último que receberia as doses seria Rondônia, às 8h de hoje. Outros estados que também não receberam as doses ontem, como prometido pelo ministro, foram Acre, cuja previsão era entregar às 3h50 de hoje, e o Amapá, com horário previsto para chegada do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) à 1h.
O atraso gerou constrangimentos entre os governadores, que tiveram de adiar o início da vacinação para hoje. Foi o caso do Rio Grande do Norte. A governadora Fátima Bezerra (PT) definiu que o ato simbólico para início da imunização ficou para esta terça-feira, às 10h.

No Pará, a previsão inicial de entrega era ontem, às 15h40, mas passou para as 23h. O governador do estado, Helder Barbalho (MDB), que chegou a anunciar que a vacinação começaria ontem, teve de se retratar mais tarde. “Lamento profundamente. É inaceitável que o ministério nos informe um horário e acabou nos levando a transmitir a informação para a população e para a imprensa”, disse. O governador passou o início da imunização para hoje, às 7h.

As primeiras unidades da Federação a receber as doses foram Goiás e Santa Catarina, no fim da manhã, e o Distrito Federal, no início da tarde. Por volta das 15h30, o Piauí, governado por Wellington Dias (PT), coordenador da temática de Vacina no Fórum Nacional de Governadores, já havia recebido suas doses.

No Espírito Santo, as doses chegaram no início da noite de ontem. “A primeira remessa de vacinas está sendo descarregada, neste momento, no Aeroporto de Vitória. Ainda hoje (ontem), daremos início à vacinação no ES, começando pelo grupo prioritário do Hospital Jayme Santos Neves. Cada segundo é primordial para salvarmos vidas”, escreveu o governador Renato Casagrande (PSB), no Twitter.

As doses da CoronaVac também chegaram ao Rio de Janeiro no final da tarde de ontem, após atraso de quatro horas. O estado iniciou a vacinação aos pés do Cristo Redentor, com a aplicação em duas moradoras do estado fluminense. As primeiras pessoas imunizadas foram a técnica de enfermagem Dulcineia da Silva, de 59 anos, e a idosa Teresinha da Conceição, de 80 anos, moradora de um abrigo.

Corrida
O uso emergencial da CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac, produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no último domingo. Também foi dada autorização para o uso emergencial do imunizante da Oxford/AstraZeneca, que, no Brasil, será produzido em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Logo após a aprovação, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), começou a vacinação no estado. O início da imunização pelas mãos do tucano foi uma grande derrota para o governo federal. No domingo, Pazuello criticou o gestor paulista, acusando-o de fazer “jogada de marketing”.

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