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string(81) "Rendidos a militares, Bolsonaro e Congresso criam dívida desnecessária de 50 bi"
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Além desses bilhões, o Tesouro repassaria diretamente aos caixas estaduais e municipais outros 10 bi para ações na saúde. Esses repasses totalizando R$ 60 bilhões vão engrossar o déficit e aumentar a dívida pública, que já está em 78% do PIB antes dos efeitos da pandemia.
Quanto maior o dispêndio na pandemia, maior a fatura a ser paga depois pela população. Se essa fatura continuar subindo sem controle, como ocorre hoje, o endividamento excessivo irá dificultar ou adiar a recuperação da economia, jogando o Brasil numa crise sem saída.
Governo e Congresso poderiam evitar a nova dívida bilionária. Para obter uma folga financeira de 50 bi nos cofres públicos bastaria a redução temporária na folha dos servidores. Seria um corte pequeno; os salários no serviço público continuariam muito superiores aos da iniciativa privada.
Mas a opção foi outra. Bolsonaro e os parlamentares preferiram comprometer o futuro do país com mais rombos e dívidas a encarar o corte de salário dos servidores. Por que essa escolha?
Não é pela lei. Embora a Constituição proíba redução salarial no serviço público, a possibilidade foi aberta por brecha na Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê a medida em situações de crise como agora.
O legislativo não é obstáculo: o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, já defendeu publicamente a ideia e a Assembleia Legislativa de São Paulo está para adotá-la. O judiciário resiste, mas pode ser convencido se governo e Congresso apresentarem uma proposta comum. O problema é que nem Bolsonaro nem os parlamentares querem mexer no soldo da farda.
O maior entrave à justa e imperiosa redução na folha salarial do funcionalismo público, que não cabe mais dentro das receitas, é sem dúvida o fator militar. Seria possível poupar a corporação dos cortes. Mas, sobretudo em tempos de depressão econômica e emergência sanitária, não cairia bem favorecer descaradamente as Forças Armadas, já privilegiadas na reforma da previdência.
Bolsonaro receia ser derrubado pelo Congresso, que teme ser fechado por um AI-5 ou golpe do presidente. Ambos os lados veem nos militares o poder moderador ou árbitro da disputa, capaz de definir o jogo. Hoje, nem o presidente nem o legislativo tem culhões para desafiar ou irritar a farda. Ao contrário, não poupam meios para agradá-la. E danem-se as contas públicas.
No jogo Bolsonaro X Congresso ou AI-5 X impeachment, os únicos vencedores por ora são os militares. Eles dominaram a máquina federal. Voltaram a governar o país. E não precisaram levantar um dedo, muito menos uma arma, para a retomada do poder.
Hoje mandam e desmandam sem contestação, blindados pelo medo que inspiram. São dispensados até mesmo de mostrar competência nos cargos; estão acima de críticas e de cobranças. Afinal, são militares. E diante deles tremem todos: presidente, ministros, deputados e senadores, magistrados, procuradores, empresários, jornalistas, etc. Depois de mais de três décadas de eleições, os brasileiros ainda não conseguiram exorcizar o fantasma da ditadura.
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Não é pela lei. Embora a Constituição proíba redução salarial no serviço público, a possibilidade foi aberta por brecha na Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê a medida em situações de crise como agora.
O legislativo não é obstáculo: o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, já defendeu publicamente a ideia e a Assembleia Legislativa de São Paulo está para adotá-la. O judiciário resiste, mas pode ser convencido se governo e Congresso apresentarem uma proposta comum. O problema é que nem Bolsonaro nem os parlamentares querem mexer no soldo da farda.
O maior entrave à justa e imperiosa redução na folha salarial do funcionalismo público, que não cabe mais dentro das receitas, é sem dúvida o fator militar. Seria possível poupar a corporação dos cortes. Mas, sobretudo em tempos de depressão econômica e emergência sanitária, não cairia bem favorecer descaradamente as Forças Armadas, já privilegiadas na reforma da previdência.
Bolsonaro receia ser derrubado pelo Congresso, que teme ser fechado por um AI-5 ou golpe do presidente. Ambos os lados veem nos militares o poder moderador ou árbitro da disputa, capaz de definir o jogo. Hoje, nem o presidente nem o legislativo tem culhões para desafiar ou irritar a farda. Ao contrário, não poupam meios para agradá-la. E danem-se as contas públicas.
No jogo Bolsonaro X Congresso ou AI-5 X impeachment, os únicos vencedores por ora são os militares. Eles dominaram a máquina federal. Voltaram a governar o país. E não precisaram levantar um dedo, muito menos uma arma, para a retomada do poder.
Hoje mandam e desmandam sem contestação, blindados pelo medo que inspiram. São dispensados até mesmo de mostrar competência nos cargos; estão acima de críticas e de cobranças. Afinal, são militares. E diante deles tremem todos: presidente, ministros, deputados e senadores, magistrados, procuradores, empresários, jornalistas, etc. Depois de mais de três décadas de eleições, os brasileiros ainda não conseguiram exorcizar o fantasma da ditadura.