A saída do presidente Jair Bolsonaro do PSL reaproximou o partido de um dos mais recentes desafetos da família: o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). Nesta semana, ele recebe a cúpula da legenda, liderada pelo seu presidente nacional, o deputado Luciano Bivar (PE), para consolidar o apoio da sigla ao Palácio Guanabara e discutir uma parceria nas eleições municipais do próximo ano.
O movimento vem sendo costurado desde setembro, mês em que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) anunciou que o partido romperia, de forma unilateral, com o governo do Rio. O filho do presidente não gostou da atitude de Witzel, que deixou claro o seu interesse em concorrer à Presidência da República nas eleições de 2022 (mais informações nesta página). Flávio afirmou que o governador era um "ingrato" e que o seu comportamento beirava a "traição".
Se oficialmente o PSL saiu da base de Witzel há dois meses, na prática nunca deixou de estar no governo. O partido manteve duas secretarias na máquina do Estado, além de uma dezena de postos-chave em autarquias e empresas públicas. Nem mesmo a "ordem" de Flávio fez com que deputados abrissem mão de seus cargos e indicados.
Agora, a manifestação de Bolsonaro em favor da criação de um novo partido, a Aliança pelo Brasil, abriu a possibilidade de uma reconciliação pública. Witzel ainda não definiu seu candidato à Prefeitura do Rio em 2020, mas analisa, de acordo com interlocutores, os nomes dos secretários Pedro Fernandes (Educação) e Cleiton Rodrigues (Governo). Uma outra opção seria trazer um representante da magistratura, como ele, para a disputa - uma juíza ligada à área da infância e juventude.
Nenhum dos três integra o PSL, mas Bivar não impôs resistência aos nomes sugeridos pelo governador. Para manter a ponte com Witzel, escalou o deputado Sargento Gurgel (PSL-RJ). Policial militar da reserva, Gurgel foi um dos parlamentares que ficaram ao lado do dirigente do PSL na crise envolvendo a disputa pelo comando do partido. Em troca, ele deve ganhar a direção estadual da legenda, que era comandada por Flávio, destituído do cargo na semana passada.
"O governador tem feito um excelente trabalho no Rio de Janeiro. Se quando nos aproximarmos das eleições for de interesse de ambas as partes, será um prazer caminharmos juntos", afirmou o parlamentar.
Gurgel, no entanto, não será a única baixa do bolsonarismo fluminense, que nasceu nos quartéis militares da zona oeste da capital e ganhou corpo com a onda conservadora das eleições de 2018. Dos 13 deputados federais do PSL eleitos pelo Rio, seis são ligados ao setor da Segurança Pública - oficiais policiais e delegados. Cinco devem romper com o presidente e apoiar Witzel nas eleições do ano que vem.
Crivella
Para compensar as perdas, a família Bolsonaro tenta se articular com os evangélicos e consolidar o eleitorado conservador. O atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) busca uma aproximação com o Planalto. O aceno ficou explícito na semana passada, quando Crivella colocou à disposição do presidente os templos da Igreja Universal - comandada por seu tio, o bispo Edir Macedo - para a coleta de assinaturas necessárias à criação do novo partido.
Crivella, segundo interlocutores, já teria mandado recados a Bolsonaro sobre seu desejo de ter como vice, em sua chapa à reeleição, alguém indicado pelo presidente. O nome cotado é o do deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ). A aproximação de Crivella e Bolsonaro começa a aparecer na gestão do prefeito. Um grupo de deputados ligados ao presidente negocia com Crivella a implantação do modelo de escolas militares na rede municipal, uma das bandeiras de Bolsonaro descartadas pelo governador.
Ao mesmo tempo em que o PSL se aproxima de Witzel, deputados da legenda não descartam uma aliança com o DEM para a disputa municipal. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), escolheu o ex-prefeito Eduardo Paes para ser o nome do partido na disputa pela prefeitura do Rio. Mas o apoio do PSL à candidatura de Paes dependeria de um acerto nacional entre os dois partidos, especialmente em São Paulo. O PSL quer que o DEM se comprometa com a candidatura da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) para a Prefeitura da capital paulista.
"Sem Bolsonaro (no PSL), o partido vai sair da inércia política nos Estados. No Rio e em São Paulo, ficamos praticamente com toda a discussão política engessada nas mãos dos dois filhos. Durante todo esse tempo, não se tinha clara uma articulação de candidatura. O PSL tem aspiração de comandar as principais cidades do País. Temos um partido habilitado com fundo (partidário) e com tempo (de TV nas eleições). Vamos acelerar esse processo e definir nossos nomes", afirmou o deputado federal Júnior Bozzella (SP), um dos principais aliados de Bivar no partido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A saída do presidente Jair Bolsonaro do PSL reaproximou o partido de um dos mais recentes desafetos da família: o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). Nesta semana, ele recebe a cúpula da legenda, liderada pelo seu presidente nacional, o deputado Luciano Bivar (PE), para consolidar o apoio da sigla ao Palácio Guanabara e discutir uma parceria nas eleições municipais do próximo ano.
O movimento vem sendo costurado desde setembro, mês em que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) anunciou que o partido romperia, de forma unilateral, com o governo do Rio. O filho do presidente não gostou da atitude de Witzel, que deixou claro o seu interesse em concorrer à Presidência da República nas eleições de 2022 (mais informações nesta página). Flávio afirmou que o governador era um "ingrato" e que o seu comportamento beirava a "traição".
Se oficialmente o PSL saiu da base de Witzel há dois meses, na prática nunca deixou de estar no governo. O partido manteve duas secretarias na máquina do Estado, além de uma dezena de postos-chave em autarquias e empresas públicas. Nem mesmo a "ordem" de Flávio fez com que deputados abrissem mão de seus cargos e indicados.
Agora, a manifestação de Bolsonaro em favor da criação de um novo partido, a Aliança pelo Brasil, abriu a possibilidade de uma reconciliação pública. Witzel ainda não definiu seu candidato à Prefeitura do Rio em 2020, mas analisa, de acordo com interlocutores, os nomes dos secretários Pedro Fernandes (Educação) e Cleiton Rodrigues (Governo). Uma outra opção seria trazer um representante da magistratura, como ele, para a disputa - uma juíza ligada à área da infância e juventude.
Nenhum dos três integra o PSL, mas Bivar não impôs resistência aos nomes sugeridos pelo governador. Para manter a ponte com Witzel, escalou o deputado Sargento Gurgel (PSL-RJ). Policial militar da reserva, Gurgel foi um dos parlamentares que ficaram ao lado do dirigente do PSL na crise envolvendo a disputa pelo comando do partido. Em troca, ele deve ganhar a direção estadual da legenda, que era comandada por Flávio, destituído do cargo na semana passada.
"O governador tem feito um excelente trabalho no Rio de Janeiro. Se quando nos aproximarmos das eleições for de interesse de ambas as partes, será um prazer caminharmos juntos", afirmou o parlamentar.
Gurgel, no entanto, não será a única baixa do bolsonarismo fluminense, que nasceu nos quartéis militares da zona oeste da capital e ganhou corpo com a onda conservadora das eleições de 2018. Dos 13 deputados federais do PSL eleitos pelo Rio, seis são ligados ao setor da Segurança Pública - oficiais policiais e delegados. Cinco devem romper com o presidente e apoiar Witzel nas eleições do ano que vem.
Crivella
Para compensar as perdas, a família Bolsonaro tenta se articular com os evangélicos e consolidar o eleitorado conservador. O atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) busca uma aproximação com o Planalto. O aceno ficou explícito na semana passada, quando Crivella colocou à disposição do presidente os templos da Igreja Universal - comandada por seu tio, o bispo Edir Macedo - para a coleta de assinaturas necessárias à criação do novo partido.
Crivella, segundo interlocutores, já teria mandado recados a Bolsonaro sobre seu desejo de ter como vice, em sua chapa à reeleição, alguém indicado pelo presidente. O nome cotado é o do deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ). A aproximação de Crivella e Bolsonaro começa a aparecer na gestão do prefeito. Um grupo de deputados ligados ao presidente negocia com Crivella a implantação do modelo de escolas militares na rede municipal, uma das bandeiras de Bolsonaro descartadas pelo governador.
Ao mesmo tempo em que o PSL se aproxima de Witzel, deputados da legenda não descartam uma aliança com o DEM para a disputa municipal. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), escolheu o ex-prefeito Eduardo Paes para ser o nome do partido na disputa pela prefeitura do Rio. Mas o apoio do PSL à candidatura de Paes dependeria de um acerto nacional entre os dois partidos, especialmente em São Paulo. O PSL quer que o DEM se comprometa com a candidatura da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) para a Prefeitura da capital paulista.
"Sem Bolsonaro (no PSL), o partido vai sair da inércia política nos Estados. No Rio e em São Paulo, ficamos praticamente com toda a discussão política engessada nas mãos dos dois filhos. Durante todo esse tempo, não se tinha clara uma articulação de candidatura. O PSL tem aspiração de comandar as principais cidades do País. Temos um partido habilitado com fundo (partidário) e com tempo (de TV nas eleições). Vamos acelerar esse processo e definir nossos nomes", afirmou o deputado federal Júnior Bozzella (SP), um dos principais aliados de Bivar no partido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.