Os dados da nova pesquisa MDA/CNT sobre a popularidade de Bolsonaro podem ser comparados a um copo com água pela metade, ora meio cheio ora meio vazio, dependendo do ponto de vista. Por um lado a rejeição ao presidente deu um salto de 12,4 pontos percentuais em quatro meses, chegando a 43% ou quase metade da população. Mas, por outro lado, a base de apoiadores bolsonaristas se manteve acima de 30% e aumentou a fidelidade ao chefe, em forte barreira a um pedido de impeachment.

A resiliência de Bolsonaro impressiona. Conforme a pesquisa MDA, a avaliação positiva (ótimo/bom) do presidente recuou apenas 2,5 pontos entre janeiro e maio, de 34,5% para 32%, apesar de todo o desgaste que sofreu no período. Sem nenhuma dúvida, a perda foi muita pequena para quem apanhou tanto na mídia, seja pela atitude negacionista diante da pandemia seja pela ruidosa queda de Sérgio Moro ou pelos acordos polêmicos com o Centrão no Congresso. O núcleo duro do bolsonarismo até cresceu: o número de eleitores apaixonados, que acham o presidente “ótimo”, subiu de 9,5% para 14,3%.

No atual patamar, Bolsonaro ainda tem o dobro da aprovação que Dilma Rousseff exibia às vésperas da sua derrocada. E está muito longe de alcançar a marca de rejeição da ex-presidente petista, que chegou a ser repudiada por cerca de 65%.

Outro dado da pesquisa MDA sugere a inviabilidade de um impeachment no momento. Somados aos 32% de bolsonaristas, os 23% de eleitores que consideram Bolsonaro regular, nem bom nem ruim (eram 35% em janeiro), tem-se uma maioria de 55% da população disposta a apoiar ou no mínimo tolerar o presidente até a conclusão do seu mandato em 2022.