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string(74) "Os militares não estão tutelando Bolsonaro e sim garantindo privilégios"
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string(4307) "O pagamento indevido de coronavoucher a milhares de militares é o fim da picada, mas não surpreende. É só mais um afago aos membros das Forças Armadas. Afinal, este é mesmo um governo de militares. E para militares.
A concessão de privilégios aos militares vem desde o século XIX, quando o Exército deu seu primeiro golpe, o da república contra a monarquia. É desta época a pensão para filhas solteiras de militares, uma benesse de R$ 6 mil mensais que resiste até os dias atuais. Agora, no governo Bolsonaro, o favorecimento aos fardados está chegando ao paroxismo.
Exemplos abundam, não bastasse o coronavaucher. Em meio ao desemprego de 12 milhões, o governo contratou militares para uma força-tarefa no INSS. Os militares foram favorecidos na reforma da previdência com projeto especial que os poupou de perdas. Estão ocupando em massa os cargos comissionados no governo, sempre com acúmulo de vencimentos, é claro.
Mas, talvez o maior dos privilégios dos militares no país seja a superioridade social a eles conferida pela posição de eternos tutores da nação ou do governo de plantão, pairando sobre as instituições e todos. Sintomática a reação do general-deputado Roberto Peternelli quando Celso de Mello no STF mandou conduzir “sob vara” três generais ministros para depor no caso Moro: “Onde ele quer chegar? Vai mandar prender o Exército?”, indagou. Ou seja, mexeu com o general, mexeu com o Exército.
Os militares brasileiros estão acima da lei. Não foram responsabilizados por seus atos durante a ditadura. São inimputáveis. Inquestionáveis. Tão intocáveis que os seus pedidos de auxílio, mesmo fora dos critérios, não foram contestados. É como se não fosse possível dizer não a militar, em nenhuma circunstância, mesmo contra a lei e a razão; como se fôssemos obrigados a dizer amém à farda, em tudo e por tudo, ou…. Ou, o que? Eles vão botar tanques nas ruas, decretar AI-5 e matar milhares?
Blefe ou não, a espada permanente da tutela militar gerou nos brasileiros um temor reverente e uma submissão neurótica ao poder militar. O que explica a concessão absurda de privilégios. Os civis ‘compram’ os direitos ao exercício do poder dando aos militares todos os benefícios possíveis para mantê-los nos quartéis. Ou seria o contrário: os militares ‘vendem’ uma licença para a democracia em troca de regalias? Não importa a ordem, o resultado é um país anarquizado, disfuncional e atrasado.
Na gestão Bolsonaro a tal tutela vem justificando militarização sem paralelo em décadas. E não está dando certo. Os militares emprestaram a marca das Forças Armadas ao governo, e recebem dele todo tipo de favorecimento. Mas os resultados desse arranjo para o país até aqui são pífios. Os militares estão no governo, em todas as áreas, mas eles não estão governando; parecem estar só usufruindo do poder já que o país parece cada vez mais desgovernado e desordenado.
Muitos no país enxergam nas fardas uma força superior capaz de arbitrar impasses e assegurar a ordem em situações extremas. Mas a tutelar militar se revela uma panaceia para a sociedade, só servindo mesmo aos próprios membros da corporação. No apoio acrítico e fisiológico a Bolsonaro, os militares não estão tutelando o governo e sim os seus privilégios históricos.
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A concessão de privilégios aos militares vem desde o século XIX, quando o Exército deu seu primeiro golpe, o da república contra a monarquia. É desta época a pensão para filhas solteiras de militares, uma benesse de R$ 6 mil mensais que resiste até os dias atuais. Agora, no governo Bolsonaro, o favorecimento aos fardados está chegando ao paroxismo.
Exemplos abundam, não bastasse o coronavaucher. Em meio ao desemprego de 12 milhões, o governo contratou militares para uma força-tarefa no INSS. Os militares foram favorecidos na reforma da previdência com projeto especial que os poupou de perdas. Estão ocupando em massa os cargos comissionados no governo, sempre com acúmulo de vencimentos, é claro.
Mas, talvez o maior dos privilégios dos militares no país seja a superioridade social a eles conferida pela posição de eternos tutores da nação ou do governo de plantão, pairando sobre as instituições e todos. Sintomática a reação do general-deputado Roberto Peternelli quando Celso de Mello no STF mandou conduzir “sob vara” três generais ministros para depor no caso Moro: “Onde ele quer chegar? Vai mandar prender o Exército?”, indagou. Ou seja, mexeu com o general, mexeu com o Exército.
Os militares brasileiros estão acima da lei. Não foram responsabilizados por seus atos durante a ditadura. São inimputáveis. Inquestionáveis. Tão intocáveis que os seus pedidos de auxílio, mesmo fora dos critérios, não foram contestados. É como se não fosse possível dizer não a militar, em nenhuma circunstância, mesmo contra a lei e a razão; como se fôssemos obrigados a dizer amém à farda, em tudo e por tudo, ou…. Ou, o que? Eles vão botar tanques nas ruas, decretar AI-5 e matar milhares?
Blefe ou não, a espada permanente da tutela militar gerou nos brasileiros um temor reverente e uma submissão neurótica ao poder militar. O que explica a concessão absurda de privilégios. Os civis ‘compram’ os direitos ao exercício do poder dando aos militares todos os benefícios possíveis para mantê-los nos quartéis. Ou seria o contrário: os militares ‘vendem’ uma licença para a democracia em troca de regalias? Não importa a ordem, o resultado é um país anarquizado, disfuncional e atrasado.
Na gestão Bolsonaro a tal tutela vem justificando militarização sem paralelo em décadas. E não está dando certo. Os militares emprestaram a marca das Forças Armadas ao governo, e recebem dele todo tipo de favorecimento. Mas os resultados desse arranjo para o país até aqui são pífios. Os militares estão no governo, em todas as áreas, mas eles não estão governando; parecem estar só usufruindo do poder já que o país parece cada vez mais desgovernado e desordenado.
Muitos no país enxergam nas fardas uma força superior capaz de arbitrar impasses e assegurar a ordem em situações extremas. Mas a tutelar militar se revela uma panaceia para a sociedade, só servindo mesmo aos próprios membros da corporação. No apoio acrítico e fisiológico a Bolsonaro, os militares não estão tutelando o governo e sim os seus privilégios históricos.