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De volta ao estado onde acredita que ganhou uma segunda vida, Jair Bolsonaro (PL) fez uma visita além dos palanques. Com a voz e o semblante cansados, o ex-presidente reviveu nesta sexta-feira (6/9), em Juiz de Fora, o dia que definiu sua trajetória: seis anos após o atentado que, segundo ele, o renasceu.
Antes de pisar na cidade que o fez crer em milagres, percorreu Belo Horizonte, Contagem e Santa Luzia, onde finalmente manifestou seu apoio aos aliados. E se a intenção era celebrar a sobrevivência, Bolsonaro aproveitou os bastidores para firmar pactos cruciais para 2026. Deixou claro que, mesmo inelegível, ainda acredita que conseguirá se candidatar à Presidência. Afinal de contas, nas palavras dele, “não está morto”.
A primeira parada de Jair Bolsonaro em Minas foi em Santa Luzia, para um almoço que simbolizou muito mais do que apenas o apoio à candidatura de Fábia (PL). A bolsonarista é apadrinhada pelo deputado federal Nikolas Ferreira, visto dentro do Partido Liberal como o herdeiro político natural de Bolsonaro.
Pesquisas internas da legenda indicam que o jovem mineiro desponta como a maior voz da direita nacional. Nikolas, aliás, tem sido o principal articulador eleitoral do PL, acumulando mais viagens e compromissos que o próprio ex-presidente.
Embora o deputado já tenha sinalizado que deve permanecer no Congresso Nacional em 2026, para Bolsonaro, afagar o pupilo é quase uma missão de gratidão. A verdade é que a influência de Ferreira se tornou crucial para o ex-presidente, pois ele atinge eleitores que o próprio Bolsonaro não consegue mais mobilizar. Sem Nikolas, o caminho para 2026 seria, sem dúvida, muito mais árduo.
O mesmo pode ser dito sobre o deputado federal Cabo Junio (PL), candidato à Prefeitura de Contagem. Sua campanha enfrenta dificuldades e a reeleição de Marília Campos (PT) parece quase garantida. À primeira vista, a ida de Bolsonaro à Região Metropolitana para apoiar uma candidatura que não decola pode ter sido despropositada.
Mas, se Cabo Junio não possui o mesmo carisma de Nikolas Ferreira, nos bastidores ele se destaca como artífice de estratégias de engajamento nas redes sociais. Foi ele quem ajudou a fundar o movimento Direita Minas, responsável por lançar os principais nomes do PL no estado.
Aparecer ao lado do único nome da direita em Contagem é ainda mais estratégico para Bolsonaro. A cidade, atualmente reduto petista, tem sido palco de comícios lotados quando contam com o presidente Lula, que já começa a desenhar os primeiros passos para 2026, incluindo a possível dobradinha entre Rodrigo Pacheco (PSD) e Marília Campos para o governo de Minas.
Por isso, estimular a consolidação de novas lideranças na região é uma jogada essencial para o ex-presidente. O fortalecimento de Cabo Junio reflete diretamente no próprio fortalecimento de Bolsonaro, pavimentando, assim, mais um trecho do caminho que ele ainda acha que pode trilhar para voltar ao Planalto.
Na capital mineira, o cenário segue a mesma lógica. Também fundador do Direita Minas, o deputado estadual Bruno Engler (PL) é a personificação do bolsonarismo em sua essência. Aos 25 anos, se tornou o deputado mais votado da história da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, e, ao lado de Nikolas Ferreira – que iniciou sua trajetória política como assessor de Engler – protagonizou um feito histórico nas eleições de 2022.
Visto como uma promessa, Engler é considerado o nome mais competitivo apadrinhado por Bolsonaro nas três capitais mais influentes: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
E foi em BH, onde Bolsonaro ganhou de Lula nas últimas eleições por uma diferença de 130 mil votos, que a narrativa presidencial se consolidou. Com discursos contra o Supremo, que acusavam ministros de censura, Bolsonaro seguiu a ladainha de que é perseguido político.
Colocar um aliado na prefeitura da capital seria um trunfo para Bolsonaro. O ex-presidente, inclusive, admitiu isso durante uma rara coletiva de imprensa. Ele respondeu às perguntas dos jornalistas mineiros durante 17 minutos. O gesto também foi estratégico. Apesar de evitar entrevistas, em Minas, Bolsonaro sabe que precisa da exposição da mídia tradicional.
Seis anos depois
A visita de Bolsonaro a Juiz de Fora não foi apenas carregada de simbolismo pelo marco de seis anos do atentado, mas também pelo cenário político local. A cidade se tornou um polo de candidaturas bolsonaristas: de um lado, Charles Evangelista (PL), oficialmente apoiado por Bolsonaro; do outro, Ione Pinheiro (Avante), que conquistou o apoio dos evangélicos.
Apesar de ambos enfrentarem a forte concorrência de Margarida Salomão (PT), favorita à reeleição, a presença do ex-presidente visa encerrar a divisão de votos entre seus aliados. Fontes do PL apontam que a ida de Bolsonaro é uma estratégia para fortalecer Evangelista, que ainda sonha com um segundo turno. A visita, assim como em Contagem, revela a intenção de plantar lideranças em pontos estratégicos do estado.
Aposta em Cleitinho
O escolhido do PL para 2026 em Minas já tem nome e sobrenome: Cleiton Gontijo de Azevedo, o Cleitinho. Bolsonaro confirmou sua preferência pelo senador do Republicanos durante sua passagem por Belo Horizonte, aproveitando para criticar Rodrigo Pacheco.
Amigo próximo de Bruno Engler, bem relacionado com Domingos Sávio e aliado de Nikolas Ferreira, o senador conquistou também tem a simpatia do ex-presidente, consolidando sua posição no cenário bolsonarista. A mudança de partido deve ser sacramentada em março do próximo ano.
Ataque a Sílvio Almeida
Durante a coletiva de imprensa em Belo Horizonte, o ex-presidente Jair Bolsonaro chamou o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, de “taradão da Esplanada”. Almeida, que foi alvo de múltiplas denúncias de assédio sexual apresentadas à organização Me Too Brasil, nega as acusações.
“Faz o M”
No comício de Bruno Engler, quem acabou roubando a cena, mesmo ausente, foi Pablo Marçal (PRTB). O candidato à Prefeitura de São Paulo conquistou o apoio de parte dos bolsonaristas, que, na plateia, exibiam bonés com o “M” de Marçal e faziam campanha para o coach.
Durante a coletiva, Bolsonaro admitiu que Marçal é o favorito de alguns em seu círculo político, distanciando-se ainda mais de seu real aliado na capital paulista, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).
“Sem meu galego”
Fontes próximas afirmaram à coluna que Michelle Bolsonaro estaria muito emocionada ao acompanhar o ex-presidente em Juiz de Fora. Esse sentimento ficou evidente durante toda a passagem pela cidade, onde a ex-primeira-dama foi pega chorando diversas vezes.
Em discurso em Belo Horizonte, Michelle revelou ter perdido o rumo ao pensar que poderia ficar sem seu “galego”, referindo-se ao atentado de seis anos atrás.
O Novo do PL
Quem também chamou a atenção foi o jovem candidato a vereador João Fernandes (Novo), um dos mais assediados pelos apoiadores do grupo que acompanhou o ex-presidente em Minas. No PL, Fernandes teve a filiação barrada por causa do “ciúme” de Nikolas Ferreira, que enxergava no jovem traços semelhantes aos seus.
Por isso, João ficou de fora dos palanques nas cerimônias, mesmo contando com o apoio de Cleitinho em Belo Horizonte. Sem lugar no palco, o candidato de 22 anos circulou entre os eleitores: distribuiu panfletos, tirou fotos e fez várias lives.
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A primeira parada de Jair Bolsonaro em Minas foi em Santa Luzia, para um almoço que simbolizou muito mais do que apenas o apoio à candidatura de Fábia (PL). A bolsonarista é apadrinhada pelo deputado federal Nikolas Ferreira, visto dentro do Partido Liberal como o herdeiro político natural de Bolsonaro.
Pesquisas internas da legenda indicam que o jovem mineiro desponta como a maior voz da direita nacional. Nikolas, aliás, tem sido o principal articulador eleitoral do PL, acumulando mais viagens e compromissos que o próprio ex-presidente.
Embora o deputado já tenha sinalizado que deve permanecer no Congresso Nacional em 2026, para Bolsonaro, afagar o pupilo é quase uma missão de gratidão. A verdade é que a influência de Ferreira se tornou crucial para o ex-presidente, pois ele atinge eleitores que o próprio Bolsonaro não consegue mais mobilizar. Sem Nikolas, o caminho para 2026 seria, sem dúvida, muito mais árduo.
O mesmo pode ser dito sobre o deputado federal Cabo Junio (PL), candidato à Prefeitura de Contagem. Sua campanha enfrenta dificuldades e a reeleição de Marília Campos (PT) parece quase garantida. À primeira vista, a ida de Bolsonaro à Região Metropolitana para apoiar uma candidatura que não decola pode ter sido despropositada.
Mas, se Cabo Junio não possui o mesmo carisma de Nikolas Ferreira, nos bastidores ele se destaca como artífice de estratégias de engajamento nas redes sociais. Foi ele quem ajudou a fundar o movimento Direita Minas, responsável por lançar os principais nomes do PL no estado.
Aparecer ao lado do único nome da direita em Contagem é ainda mais estratégico para Bolsonaro. A cidade, atualmente reduto petista, tem sido palco de comícios lotados quando contam com o presidente Lula, que já começa a desenhar os primeiros passos para 2026, incluindo a possível dobradinha entre Rodrigo Pacheco (PSD) e Marília Campos para o governo de Minas.
Por isso, estimular a consolidação de novas lideranças na região é uma jogada essencial para o ex-presidente. O fortalecimento de Cabo Junio reflete diretamente no próprio fortalecimento de Bolsonaro, pavimentando, assim, mais um trecho do caminho que ele ainda acha que pode trilhar para voltar ao Planalto.
Na capital mineira, o cenário segue a mesma lógica. Também fundador do Direita Minas, o deputado estadual Bruno Engler (PL) é a personificação do bolsonarismo em sua essência. Aos 25 anos, se tornou o deputado mais votado da história da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, e, ao lado de Nikolas Ferreira – que iniciou sua trajetória política como assessor de Engler – protagonizou um feito histórico nas eleições de 2022.
Visto como uma promessa, Engler é considerado o nome mais competitivo apadrinhado por Bolsonaro nas três capitais mais influentes: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
E foi em BH, onde Bolsonaro ganhou de Lula nas últimas eleições por uma diferença de 130 mil votos, que a narrativa presidencial se consolidou. Com discursos contra o Supremo, que acusavam ministros de censura, Bolsonaro seguiu a ladainha de que é perseguido político.
Colocar um aliado na prefeitura da capital seria um trunfo para Bolsonaro. O ex-presidente, inclusive, admitiu isso durante uma rara coletiva de imprensa. Ele respondeu às perguntas dos jornalistas mineiros durante 17 minutos. O gesto também foi estratégico. Apesar de evitar entrevistas, em Minas, Bolsonaro sabe que precisa da exposição da mídia tradicional.
Seis anos depois
A visita de Bolsonaro a Juiz de Fora não foi apenas carregada de simbolismo pelo marco de seis anos do atentado, mas também pelo cenário político local. A cidade se tornou um polo de candidaturas bolsonaristas: de um lado, Charles Evangelista (PL), oficialmente apoiado por Bolsonaro; do outro, Ione Pinheiro (Avante), que conquistou o apoio dos evangélicos.
Apesar de ambos enfrentarem a forte concorrência de Margarida Salomão (PT), favorita à reeleição, a presença do ex-presidente visa encerrar a divisão de votos entre seus aliados. Fontes do PL apontam que a ida de Bolsonaro é uma estratégia para fortalecer Evangelista, que ainda sonha com um segundo turno. A visita, assim como em Contagem, revela a intenção de plantar lideranças em pontos estratégicos do estado.
Aposta em Cleitinho
O escolhido do PL para 2026 em Minas já tem nome e sobrenome: Cleiton Gontijo de Azevedo, o Cleitinho. Bolsonaro confirmou sua preferência pelo senador do Republicanos durante sua passagem por Belo Horizonte, aproveitando para criticar Rodrigo Pacheco.
Amigo próximo de Bruno Engler, bem relacionado com Domingos Sávio e aliado de Nikolas Ferreira, o senador conquistou também tem a simpatia do ex-presidente, consolidando sua posição no cenário bolsonarista. A mudança de partido deve ser sacramentada em março do próximo ano.
Ataque a Sílvio Almeida
Durante a coletiva de imprensa em Belo Horizonte, o ex-presidente Jair Bolsonaro chamou o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, de “taradão da Esplanada”. Almeida, que foi alvo de múltiplas denúncias de assédio sexual apresentadas à organização Me Too Brasil, nega as acusações.
“Faz o M”
No comício de Bruno Engler, quem acabou roubando a cena, mesmo ausente, foi Pablo Marçal (PRTB). O candidato à Prefeitura de São Paulo conquistou o apoio de parte dos bolsonaristas, que, na plateia, exibiam bonés com o “M” de Marçal e faziam campanha para o coach.
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“Sem meu galego”
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Quem também chamou a atenção foi o jovem candidato a vereador João Fernandes (Novo), um dos mais assediados pelos apoiadores do grupo que acompanhou o ex-presidente em Minas. No PL, Fernandes teve a filiação barrada por causa do “ciúme” de Nikolas Ferreira, que enxergava no jovem traços semelhantes aos seus.
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