array(31) {
["id"]=>
int(112788)
["title"]=>
string(70) "O marajaísmo e não a corrupção está quebrando o Estado brasileiro"
["content"]=>
string(4252) "
Um dos maiores enganos brasileiros é achar que a corrupção é a maior causa da crise fiscal no país. Embora popular, a tese é ridiculamente incorreta pois matematicamente impossível: o orçamento público engessado impede isso. As contas públicas mostram, sem margem para dúvida, que o maior responsável pela falência do Estado é o gasto exorbitante com salários, penduricalhos, pensões e aposentadorias.
A estrutura do orçamento público, não só federal, é rígida. Os recursos são comprometidos com servidores e gastos fixos, sobrando cada vez menos para investimentos. E é a contratação de novos projetos que oferece as grandes oportunidades para desvios, especialmente se envolverem obras físicas. Não é por acaso que a maioria dos corruptores e delatores na Lava Jato é de empreiteiros; a corrupção é concentrada nos investimentos.
O desvio de verbas carimbadas pode ocorrer, mas é difícil. E quase todo o nosso orçamento público é carimbado. Em 2020, executivo e legislativo só poderão manobrar cerca de 7% dos recursos, em termos nacionais; nos estados e municípios o quadro não é diferente. Ainda que todo o bolo manipulável seja corrompido, o que não é realista, o desvio não quebraria o Estado considerando a taxa média de propina de 3% praticada no Petrolão. Seriam 3% sobre 7%, ou zero vírgula no total.
Muito maiores que as perdas com a corrupção são os custos do Estado com pessoal. Na última previsão do Tesouro Nacional, na semana passada, o déficit primário nacional (excluídos juros e encargos da dívida financeira) deve fechar 2019 entre R$ 70 e 80 bilhões. Só aposentadorias e pensões contribuirão para esse rombo com um déficit de mais e R$ 200 bilhões. Em Minas, salários e vantagens de servidores já consomem toda a receita com impostos; os estados de modo geral estão arrecadando e existindo apenas para pagar pessoal.
Há números e argumentos à farta para comprovar: o que está quebrando o Brasil é o ‘marajaísmo’, em suas várias versões. A expressão marajá surgiu na campanha presidencial de 1989, criada por Fernando Collor para denunciar o funcionário público ou de estatal com salários e vantagens exorbitantes. Mas, hoje, o conceito deve ser ampliado para abarcar outros tipos. Há por exemplo aqueles que não têm salários altos e mordomias mas, em compensação, não exercem função ou serviço. Ganham sem trabalhar, ou trabalhando muito pouco, em vagas que só existem para afilhados políticos. São os pequenos marajás ou marajazinhos. E existem às dezenas de milhares.
A cultura marajaísta está enraizada na sociedade. O brasileiro sonha com um cargo ou ‘boquinha’ na máquina pública, mamar nem que seja um pouquinho das tetas estatais. É o maior pedido de eleitores aos parlamentares e destes aos chefes dos executivos. Do ponto de vista moral, o marajaísmo é uma forma de corrupção. E uma forma muito mais disseminada, que tem todo amparo ou garantia legal; a maioria dos marajás tem estabilidade no emprego, são intocáveis pela lei atual. Romper com isso será doloroso. Até mais doloroso do que foi abrir a caixa do Petrolão e lavar a roupa suja da política.
"
["author"]=>
string(41) "Raquel Faria /osnovosinconfidentes.com.br"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(558603)
["filename"]=>
string(17) "navioquebrado.jpg"
["size"]=>
string(6) "118572"
["mime_type"]=>
string(10) "image/jpeg"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(9) "politica/"
}
["image_caption"]=>
string(38) "Foto: Juliana Miranda/site Curiosidade"
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(0) ""
["author_slug"]=>
string(40) "raquel-faria-osnovosinconfidentes-com-br"
["views"]=>
int(180)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(0)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(65) "o-marajaismo-e-nao-a-corrupcao-esta-quebrando-o-estado-brasileiro"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(431)
["name"]=>
string(9) "Política"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(8) "politica"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(431)
["name"]=>
string(9) "Política"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(8) "politica"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2019-11-18 09:57:22.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2019-11-18 15:12:33.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2019-11-18T09:50:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(26) "politica/navioquebrado.jpg"
}
Um dos maiores enganos brasileiros é achar que a corrupção é a maior causa da crise fiscal no país. Embora popular, a tese é ridiculamente incorreta pois matematicamente impossível: o orçamento público engessado impede isso. As contas públicas mostram, sem margem para dúvida, que o maior responsável pela falência do Estado é o gasto exorbitante com salários, penduricalhos, pensões e aposentadorias.
A estrutura do orçamento público, não só federal, é rígida. Os recursos são comprometidos com servidores e gastos fixos, sobrando cada vez menos para investimentos. E é a contratação de novos projetos que oferece as grandes oportunidades para desvios, especialmente se envolverem obras físicas. Não é por acaso que a maioria dos corruptores e delatores na Lava Jato é de empreiteiros; a corrupção é concentrada nos investimentos.
O desvio de verbas carimbadas pode ocorrer, mas é difícil. E quase todo o nosso orçamento público é carimbado. Em 2020, executivo e legislativo só poderão manobrar cerca de 7% dos recursos, em termos nacionais; nos estados e municípios o quadro não é diferente. Ainda que todo o bolo manipulável seja corrompido, o que não é realista, o desvio não quebraria o Estado considerando a taxa média de propina de 3% praticada no Petrolão. Seriam 3% sobre 7%, ou zero vírgula no total.
Muito maiores que as perdas com a corrupção são os custos do Estado com pessoal. Na última previsão do Tesouro Nacional, na semana passada, o déficit primário nacional (excluídos juros e encargos da dívida financeira) deve fechar 2019 entre R$ 70 e 80 bilhões. Só aposentadorias e pensões contribuirão para esse rombo com um déficit de mais e R$ 200 bilhões. Em Minas, salários e vantagens de servidores já consomem toda a receita com impostos; os estados de modo geral estão arrecadando e existindo apenas para pagar pessoal.
Há números e argumentos à farta para comprovar: o que está quebrando o Brasil é o ‘marajaísmo’, em suas várias versões. A expressão marajá surgiu na campanha presidencial de 1989, criada por Fernando Collor para denunciar o funcionário público ou de estatal com salários e vantagens exorbitantes. Mas, hoje, o conceito deve ser ampliado para abarcar outros tipos. Há por exemplo aqueles que não têm salários altos e mordomias mas, em compensação, não exercem função ou serviço. Ganham sem trabalhar, ou trabalhando muito pouco, em vagas que só existem para afilhados políticos. São os pequenos marajás ou marajazinhos. E existem às dezenas de milhares.
A cultura marajaísta está enraizada na sociedade. O brasileiro sonha com um cargo ou ‘boquinha’ na máquina pública, mamar nem que seja um pouquinho das tetas estatais. É o maior pedido de eleitores aos parlamentares e destes aos chefes dos executivos. Do ponto de vista moral, o marajaísmo é uma forma de corrupção. E uma forma muito mais disseminada, que tem todo amparo ou garantia legal; a maioria dos marajás tem estabilidade no emprego, são intocáveis pela lei atual. Romper com isso será doloroso. Até mais doloroso do que foi abrir a caixa do Petrolão e lavar a roupa suja da política.