Um ranking elaborado pela Inter-Parliamentary Union em 2019 colocou o Brasil no 133º lugar de 191 posições no que diz respeito à representação feminina na política. A colocação acende um alerta já que, no país, apenas 15% dos cargos são ocupados por mulheres. Das 513 vagas da Câmara Federal, apenas 77 foram preenchidas por deputadas, enquanto no Senado elas ocupam 12 das 81 cadeiras.

Apesar da tentativa de assegurar a ocupação desses espaços por mulheres, os resultados ainda não se refletem nas urnas. Em Pernambuco, 10 das 49 posições da Assembleia Legislativa do estado (Alepe) são ocupadas por mulheres, número que representa cerca de 20% dos políticos eleitos para a casa. A disparidade é ainda maior no Congresso, onde apenas uma das 25 vagas reservadas para deputados federais de Pernambuco foi ocupada por uma deputada, Marília Arraes (PT). Para o Senado, o estado não elegeu nenhuma das candidatas femininas que concorreram nas últimas eleições.

A cientista política Priscilla Lapa, explica que quando as condições ideais não são alcançadas, as leis agem como mecanismos para induzir ou inibir comportamentos. No Brasil, desde 1997 os partidos e coligações são obrigados a apresentar ao menos 30% de mulheres em suas candidaturas. O TSE determinou em 2018 que os partidos também devem reservar, pelo menos, 30% dos recursos do Fundo Eleitoral para financiar campanhas femininas.

As eleições municipais são outro exemplo, apenas 12 das 27 capitais brasileiras já foram comandadas por mulheres. Em Pernambuco, 26 das 185 cidades do estado elegeram prefeitas nas últimas eleições. Atualmente, nos seis maiores colégios eleitorais pernambucanos, 8 mulheres articulam suas candidaturas para o pleito deste ano, a atual prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB) é a única que busca a reeleição.

Raquel é uma das duas mulheres a conseguir o feito de assumir o comando de uma das maiores prefeituras pernambucanas. A outra a alcançar o cargo foi a atual vice-governadora do estado Luciana Santos (PCdoB), que comandou Olinda de 2001 até 2008. Em 2016, apenas 8 mulheres conseguiram chegar até as urnas para disputar as prefeituras de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Caruaru, Petrolina e Paulista. Em comparação, 35 homens concorreram à prefeitura naqueles municípios no mesmo ano.

A explicação da disparidade estaria relacionada ao status e recursos políticos que os cargos executivos conferem aos partidos, ampliando as possibilidades de alocação de pessoas. Sendo assim, eles tendem a ser ocupados por quem exerce protagonismo nos partidos, papel que geralmente não cabe às mulheres.

Priscilla explica que o baixo número de candidaturas femininas se deve, em primeiro lugar, a fatores culturais. “Como a presença feminina em lugares de poder não costuma acontecer de forma natural, a sociedade tem sido acostumada a pensar que lugar de mulher não é na política, um local de conflito e enfrentamento, atributos que só são associados às mulheres no âmbito doméstico, privado. A situação não tende a mudar enquanto as mulheres não ocuparem espaços de poder em suas siglas e direcionarem esforços para que as candidaturas femininas sejam efetivamente competitivas”, afirma.
 
Prefeitas eleitas em Pernambuco:
 
Arcoverde - Madalena Britto (PSB)
Brejão - Beta Cadengue (PSB)
Brejinho - Tania Maria (PSB)
Calumbi - Sandra da Farmácia (PT)
Capoeiras - Neide Reino (PSB)
Caruaru - Raquel Lyra (PSDB)
Cumaru - Mariana (PTC)
Frei Miguelinho - Adriana Assunção (PSB)
Gameleira - Verônica do Major (PSB)
Glória do Goitá - Adriana Paes (PR)
Ipojuca - Célia Sales (PTB)
Itaíba - Regina da Saúde (PTB)
Itambé - Dona Graça (PDT)
João Alfredo - Maria (PSD)
Jatobá - Goreti Varjão (SD)
Lagoa de Itaenga - Graça do Moinho (PSB)
Lagoa do Carro - Judite Botafogo (PSDB)
Mirandiba - Rose Cléa Máximo (PSD)
Panelas - Joelma Campos (PSB)
Passira - Rênya Carla (PP)
Pesqueira - Maria José (PRP)
Primavera - Dayse do Gás (PDT)
Rio Formoso - Isabel Hacker (PSB)
Santa Cruz - Eliane Soares (PR)
São Bento do Una - Débora Almeida (PSB)
Surubim - Ana Célia (PSB)
Terra Nova - Aline Freire (PR)