CPI DA COVID

A cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid citou o preço das vacinas compradas pelo Brasil como justificativa para investigar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Documentos do Ministério das Relações Exteriores mostram que o governo comprou a vacina indiana Covaxin por um preço 1.000% maior do que seis meses antes era anunciado pela própria fabricante.

A CPI aprovou, nesta terça-feira, 22, a decisão do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), de incluir 14 pessoas como investigadas, incluindo Queiroga. De acordo com o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), é preciso investigar por que o governo federal deixou de comprar doses no ano passado e resolveu adquirir vacinas neste ano com preços maiores. A lista de investigados foi anunciada por Renan na semana passada e já se tornou oficial. Após protestos de governistas, no entanto, a decisão foi colocada em votação e aprovada.


"A gente sabia que todos os laboratórios iam investir fortunas para fazer a pesquisa porque com certeza quem descobrisse a vacina primeiro ia ter um retorno enorme financeiro, tanto é que o Brasil já comprou vacina de R$ 50 que agora está R$ 83. Essa da Índia, o Brasil está comprando a mais de 15 dólares", disse Aziz nesta terça durante a sessão da CPI. "Não era só salvar vidas, era interesse também de pesquisar e investir porque ia ter retorno, coisa que está ocorrendo", declarou o senador, sendo acompanhado em seguida pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL): "Sem dúvida. Sobretudo para a Covaxin."

A compra da Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, representado no Brasil pela Precisa Medicamentos, entrou na mira da CPI. A ordem para a aquisição da vacina indiana partiu pessoalmente do presidente Jair Bolsonaro. A negociação durou cerca de três meses, um prazo bem mais curto que o de outros acordos, conforme mostrou a reportagem.

Além disso, os senadores questionam os valores pagos para a Pfizer após o governo federal ter ignorado as ofertas da empresa no ano passado. No caso da Pfizer, foram quase onze meses de negociação, período em qual o preço oferecido não se alterou (US$ 10 por dose). O Executivo, no entanto, negociou a compra de mais 100 milhões de doses a US$ 12 a unidade, preço 20% maior do que o negociado no primeiro contrato. "O contrato que o ministro Queiroga assinou é de US$ 12 a dose. Se tivéssemos comprado a vacina em dezembro do ano passado, o Brasil teria economizado US$ 1 bilhão só na Pfizer", comentou Aziz.