O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, rejeitou denúncia do Ministério Público Federal contra o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, e aceitou contra seis pessoas acusadas de envolvimento no episódio da invasão de celulares de autoridades, entre as quais o ministro da Justiça, Sergio Moro, e de procuradores da Lava-Jato.

De acordo com o magistrado, no caso do jornalista, a denúncia não foi aceita, "por hora", em razão da liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe Glenn de ser investigado em razão do sigilo da fonte. Viraram réus Walter Delgatti Neto, Gustavo Elias Santos, Thiago Eliezer Martins, Danilo Cristiano, Suelen Priscila e Luiz Henrique Molição.
 
A eles foram imputados diversos crimes, como invasão de dispositivo eletrônico e organização criminosa. Eles têm 10 dias para apresentar defesa e se manifestarem sobre a denúncia que foi aceita. 
 
Na decisão, Ricardo Leite afirma que a defesa de Glenn pediu a apresentação de defesa prévia. O pedido foi negado pelo magistrado, que não descarta aceitar a denúncia contra ele no futuro. "Caso haja o recebimento da denúncia, haverá a oportunidade de se exercer o contraditório e a ampla defesa em sede de resposta à acusação com possibilidade de absolvição sumária", escreve Leite.
 
Para o magistrado, em um diálogo com Luiz Molição, Glenn teria "instigado" que ele apagasse algumas mensagens, o que caracterizaria participação moral no crime. "Neste ponto, entendo que há clara tentativa de obstar o trabalho de apuração do ilícito, não sendo possível utilizar a prerrogativa de sigilo da fonte para criar uma excludente de ilicitude", afirmou.