ENTREVISTA

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse ser contra o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Exposta no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira (8), a posição vai na contramão do defendido por outros integrantes da família Bolsonaro, aliados políticos e seguidores.

Quando era presidente, Jair Bolsonaro, pai de Flávio, defendeu o impeachment de Moraes em entrevistas, discursos e publicações em redes sociais. Ele chegou a formalizar o pedido.

“Eu, sempre que puder, vou buscar o diálogo. Não acho que o caminho de fazer impeachment de ministro é o que vai resolver o problema do Brasil. Eu sempre acreditei, continuo acreditando, numa autorregulação do próprio Supremo”, afirmou Flávio, após ser questionado sobre um eventual processo de impeachment contra Moraes.

“Eu acho que essa é uma excelente oportunidade para que o Supremo tente retomar as rédeas da Corte, parar de toda hora ser sugado para dentro de uma discussão que não é institucional, relativas a apenas um ministro, para que as coisas voltem ao normal”, acrescentou o senador.

Mas ele não poupou críticas ao STF e a Moraes. Sem citar o ministro nominalmente, disse que uma pessoa teria “carta branca” para fazer o que bem entender na Corte.

“No atual cenário, há essa especulação por que parece que tem uma pessoa que tem carta branca para fazer o que quiser, independente do que está escrito na Constituição, na legislação, o que está errado", disse o parlamentar.

Em sintonia com o discurso de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), falou em perseguição política por parte do Supremo, em especial Moraes. “Não dá para a gente continuar usando o aparato estatal para promover uma destruição de reputação de uma pessoa honesta que se chama Jair Bolsonaro”, afirmou.

Flávio disse ainda que a população tem percebido a “perseguição” ao ex-presidente e que isso só tem aumentado a popularidade do ex-presidente, o que, segundo o senador, pode ser percebido nas ruas.

“A percepção da população é de que está havendo uma perseguição e a consequência óbvia disso é o que está acontecendo agora: onde Bolsonaro vai, ele é recebido como se fosse o Brasil retornando da Copa do Mundo de 2002”, ponderou.

O filho “01” de Jair Bolsonaro saiu em defesa do bilionário sul-africano Elon Musk, dono da rede social X, que tem feito uma série de publicações contra Alexandre de Moraes. Musk pede a renúncia ou impeachment de Moraes sob alegação que as exigências do magistrado para a plataforma “violam a legislação brasileira”.

“Um cidadão americano, uma empresa privada, do meu ponto de vista não cometeu crime nenhum, apenas falou, se posicionou, fez uma pergunta ao ministro que usa a rede social dele. O Elon Musk não tem foro por prerrogativa de função, está tudo errado. O ministro toma mais uma vez uma decisão monocrática, antes que qualquer ato fosse cometido, já incluindo ele no inquérito (das milícias digitais).”

Confira abaixo o passo a passo a escalada de Musk contra a Justiça brasileira e as consequências até o momento:

No sábado (6), Musk publicou em cima de uma postagem de Moraes no X a seguinte provocação: “Por que você está exigindo tanta censura no Brasil?”.

Também no sábado, Musk disse que o X reativará contas bloqueadas por ordem judicial, mesmo que isso custe o fechamento da empresa no Brasil.

No domingo, Musk postou uma foto de Moraes e disse que ele é o Darth Vader do Brasil, em referência ao vilão de Star Wars.

Ainda no domingo, o dono do X afirmou que Alexandre de Moraes deve “renunciar ou sofrer um impeachment”. 
O bilionário também disse que o magistrado “traiu descaradamente e repetidamente a Constituição e a população do Brasil”.

O empresário ainda afirmou que publicará “em breve” na rede social tudo que é exigido por Moraes, dizendo que essas solicitações “violam a lei brasileira”

Após os sucessivos ataques do bilionário, Moraes tomou decisões na noite do domingo, como a inclusão de Musk no inquérito das milícias digitais.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), ministros do STF e integrantes do governo Lula cobraram a regulação das redes sociais.

Mas Musk voltou a tacar Moraes na madugrada de terça-feira (9). Chamou o ministro de “ditador brutal” que tem na “coleira” o presidente Lula.
 

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