Para o experiente deputado, candidato mineiro pode derrotar atual presidente da Câmara Federal e chegar ao 2º cargo político mais poderoso no país
O deputado Mauro Lopes (MDB), um dos mais longevos mineiros em Brasília, reeleito ano passado para o seu sétimo mandato, vê possibilidades reais de vitória de Fabinho Ramalho na disputa da presidência da Câmara Federal. Ele disse ao site Os Novos Inconfidentes que o colega de bancada venceria o atual presidente Rodrigo Maia num confronto de segundo turno por ter um perfil mais agregador e popular. Ou seja: na avaliação de Lopes, o desafio para o presidenciável mineiro é ficar entre os dois mais votados, além de evitar que Maia seja reeleito de cara, na primeira votação.
TEM CHANCE
Maia é o franco favorito na disputa, por já ocupar o cargo e contar com o apoio formal de grande número de partidos (12 até o momento), incluindo a legenda dominante no Palácio do Planalto, o PSL. Juntas as bancadas da frente partidária pró Maia soma 263 deputados, seis a mais que os 257 necessários para se eleger. Portanto, em tese ele já tem os votos para ganhar no 1º turno. Mas, como o voto é secreto e pessoal e a infidelidade corre solta em eleições internas do legislativo, a vantagem do atual presidente ainda não dá a ele nenhuma garantia de vitória. No mais, há fatores favorecendo as chances de um 2º turno.
PULVERIZOU DEMAIS
O eleitorado da sucessão legislativa, ou seja, o conjunto dos deputados, nunca foi tão disperso e dividido, o que amplia as divergências e dificulta a articulação de consensos internos. Na legislatura que termina já há partidos em excesso, 25, número muito superior aos cargos na mesa diretora, em disputa junto com a presidência (10 no total, sendo dois vice-presidentes, quatro secretários efetivos e quatro suplentes). Em 2019 o número subirá a 30 siglas, ficando ainda mais difícil acomodar e acordar a maioria em torno de uma única candidatura. Indicativo da dispersão política e reflexo da pulverização partidária sem precedentes é a existência de quatro candidatos ao comando da casa: além de Maia e Fabinho, estão em campanha os deputados Arthur Lira (PP) e Marcelo Freixo (PSOL).
PODER X AMIZADE
Se houver segundo turno, os riscos de Maia crescem segundo a avaliação de seus próprios aliados – e não apenas de Mauro Lopes, que é eleitor de Fabinho. Por sua condição de presidente da casa e candidato governista, espera-se que ele tenha força para conquistar uma vitória mais retumbante, numa única votação. A mera realização de dois turnos já seria uma espécie de derrota política para o presidente-candidato, que se enfraqueceria com a união dos rivais no 2º turno. E pelo menos na opinião do veterano Lopes, Maia acaba perdendo a eleição no 2º turno se o seu adversário for Fabinho Ramalho. O candidato mineiro já ajudou a eleger dois presidentes na casa, Michel Temer e Arlindo Chinaglia; ele sabe como funciona a campanha interna. E é famoso por cultivar relações sociais com os colegas.