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Além da acirrada disputa para eleger o novo prefeito, Belo Horizonte escolhe hoje os seus 41 vereadores para os próximos quatro anos. Dos atuais ocupantes da Câmara, apenas Álvaro Damião (União Brasil) e Gabriel Azevedo (MDB), que concorrem ao Executivo municipal, não tentarão novo mandato parlamentar, de acordo com os registros de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Especialistas ouvidos pelo Estado de Minas apontam que, apesar do número elevado de candidaturas à reeleição, a Câmara deve passar por grande renovação.
O cientista político e professor de direito Vladimir Feijó destaca que esta é uma eleição atípica. “Embora a polarização – entre bolsonarismo e antibolsonarismo – continue forte, o principal fator nas eleições para a Câmara de Vereadores é a presença de novos partidos e das federações partidárias, que somam votos. Nem todo eleitor considera a fidelidade a um projeto partidário, mas os votos ainda são destinados aos partidos”, avalia. “Assim, não se pode garantir que candidatos eleitos por um partido conseguirão se reeleger após migrarem para outro. Alguns optaram por essa mudança acreditando que as chances de sucesso seriam maiores”, explica Feijó.
Vinte dos 41 vereadores trocaram de partido para a disputa eleitoral. Com isso, MDB e Republicanos tornaram-se as maiores bancadas da Casa, com cinco parlamentares cada. O PP foi o que mais perdeu representantes, passando de seis vereadores para apenas um. Por outro lado, o MDB foi o partido que mais cresceu. Antes, contava apenas com um vereador, que se desfiliou, mas agora ganhou cinco novos filiados, formando a maior bancada junto ao Republicanos, que também recebeu quatro novos membros, ampliando sua bancada de um para cinco vereadores.
Rodrigo Badaró, doutor em ciências políticas pela UFMG, diz que a consistência de cargos é mais comum em mandatos de deputados e senadores. Isso se deve ao fato de que esses parlamentares têm mais facilidade em demonstrar benefícios para a região que representam. “Esse ciclo se retroalimenta, e a tendência é que o deputado se reeleja em quatro anos, principalmente em tempos de discussões sobre emendas e orçamento. No Senado, essa lógica é ainda mais forte. No âmbito municipal, porém, os impactos não são tão claros.”
“Um vereador de um bairro ou região pode, sim, fazer entregas e reforçar sua influência local. No entanto, de maneira geral, isso não tem a mesma força que observamos no âmbito federal, especialmente entre os deputados. Além disso, um vereador bem-sucedido, que é muito bem-votado, rapidamente se projeta como candidato a um cargo mais relevante, não encerrando sua carreira como vereador. Se analisarmos os cinco vereadores mais votados de 2020, veremos que quatro deles nem sequer estão concorrendo, pois já ocupam cargos maiores, incluindo três que disputam a prefeitura: Gabriel, como líder de chapa, Álvaro Damião, como vice na chapa de Fuad Noman (PSD) e Bella Gonçalves (Psol), como vice na chapa de Rogério Correia (PT). Isso tudo contribui para uma renovação mais natural na Câmara Municipal.”
Badaró observa que a tendência é de que a Câmara seja renovada com candidatos jovens e ativos nas redes sociais. “É difícil prever o percentual exato, mas espera-se boa renovação. Vemos muitos candidatos jovens, o que é normal, já que a vereança é um bom ponto de partida para uma carreira política. Estou otimista de que teremos alguns vereadores jovens sendo eleitos para o primeiro mandato, resultando em uma renovação interessante na Câmara”, destaca.
Redes sociais
Os padrinhos políticos e as redes também são mencionados pelo cientista político Túlio Ribeiro, da UFMG como fatores de renovação. Entre os novatos na disputa, destacam-se Vile (PL), ex-assessor de Bruno Engler (PL), e Pablo Almeida (PL-MG), ex-chefe de gabinete de Nikolas Ferreira (PL). No campo da direita, o influenciador João Fernandes (Novo) tem ganhado visibilidade nas redes. No centro, o PSD aposta na liderança jovem de Helton Junior, do Bairro Lindeia. Já à esquerda, Mallu Almeida (PDT), apoiada por Duda Salabert (PDT), e Pedro Rousseff (PT), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), são destaques.
Alguns destes nomes foram citados pelo cientista, que também falou sobre os veteranos Pedro Patrus (PT) e Marcela Trópia (Novo).“Existem vários meios tradicionalmente eficazes para conquistar votos em um pleito municipal. Entre eles, destaca-se o apadrinhamento de candidatos por figuras políticas proeminentes, os chamados “padrinhos políticos”. Esses padrinhos podem ser familiares do candidato que já têm bases eleitorais ou membros do mesmo partido que demonstram apoio. Em BH, isso é evidente na candidatura de Pedro Patrus, filho do ex-prefeito Patrus Ananias, que utiliza as bases históricas de seu pai na construção de sua nova candidatura", afirmou.
“Além disso, muitos candidatos apostam na presença nas redes sociais como uma forma eficaz de angariar votos. Existe uma máxima da comunicação política que diz: ‘ninguém ganha eleição só nas redes, mas também ninguém ganha fora delas’. As redes sociais foram decisivas em campanhas históricas em BH, como as de Duda Salabert e Nikolas Ferreira em 2020. Neste ano, observa-se que as redes se tornaram um grande foco para candidatos sem histórico ou padrinho político, como Helton Junior e João Fernandes, assim como para a reeleição da vereadora Marcela Trópia que combina sua presença nas redes sociais com trabalho territorial no Bairro Jaraguá”, seguiu.
“Existe também o caso do candidato Pedro Rousseff (PT), que aposta fortemente tanto na estratégia do apadrinhamento, quanto na das redes sociais. Sobrinho-neto da ex-presidente Dilma Rousseff, Pedro destaca com frequência ser “o candidato do Lula e da Dilma em BH”, assim como mantém altas taxas de engajamento nas redes, por meio de vídeos e cortes virais”, concluiu.
A troca de cadeiras não é novidade na capital de Minas Gerais. Na última eleição, em 2020, a renovação da Câmara Municipal foi a maior dos últimos anos. Dos 41 vereadores, apenas 17 foram reeleitos, número que supera ao menos os das últimas três eleições municipais. Em 2016, 38 vereadores buscaram a reeleição, mas apenas 18 conseguiram manter seus cargos. Em 2012, 19 vereadores foram reeleitos, enquanto em 2008, 24 parlamentares se mantiveram na próxima legislatura, o maior número entre os pleitos analisados.
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O cientista político e professor de direito Vladimir Feijó destaca que esta é uma eleição atípica. “Embora a polarização – entre bolsonarismo e antibolsonarismo – continue forte, o principal fator nas eleições para a Câmara de Vereadores é a presença de novos partidos e das federações partidárias, que somam votos. Nem todo eleitor considera a fidelidade a um projeto partidário, mas os votos ainda são destinados aos partidos”, avalia. “Assim, não se pode garantir que candidatos eleitos por um partido conseguirão se reeleger após migrarem para outro. Alguns optaram por essa mudança acreditando que as chances de sucesso seriam maiores”, explica Feijó.
Vinte dos 41 vereadores trocaram de partido para a disputa eleitoral. Com isso, MDB e Republicanos tornaram-se as maiores bancadas da Casa, com cinco parlamentares cada. O PP foi o que mais perdeu representantes, passando de seis vereadores para apenas um. Por outro lado, o MDB foi o partido que mais cresceu. Antes, contava apenas com um vereador, que se desfiliou, mas agora ganhou cinco novos filiados, formando a maior bancada junto ao Republicanos, que também recebeu quatro novos membros, ampliando sua bancada de um para cinco vereadores.
Rodrigo Badaró, doutor em ciências políticas pela UFMG, diz que a consistência de cargos é mais comum em mandatos de deputados e senadores. Isso se deve ao fato de que esses parlamentares têm mais facilidade em demonstrar benefícios para a região que representam. “Esse ciclo se retroalimenta, e a tendência é que o deputado se reeleja em quatro anos, principalmente em tempos de discussões sobre emendas e orçamento. No Senado, essa lógica é ainda mais forte. No âmbito municipal, porém, os impactos não são tão claros.”
“Um vereador de um bairro ou região pode, sim, fazer entregas e reforçar sua influência local. No entanto, de maneira geral, isso não tem a mesma força que observamos no âmbito federal, especialmente entre os deputados. Além disso, um vereador bem-sucedido, que é muito bem-votado, rapidamente se projeta como candidato a um cargo mais relevante, não encerrando sua carreira como vereador. Se analisarmos os cinco vereadores mais votados de 2020, veremos que quatro deles nem sequer estão concorrendo, pois já ocupam cargos maiores, incluindo três que disputam a prefeitura: Gabriel, como líder de chapa, Álvaro Damião, como vice na chapa de Fuad Noman (PSD) e Bella Gonçalves (Psol), como vice na chapa de Rogério Correia (PT). Isso tudo contribui para uma renovação mais natural na Câmara Municipal.”
Badaró observa que a tendência é de que a Câmara seja renovada com candidatos jovens e ativos nas redes sociais. “É difícil prever o percentual exato, mas espera-se boa renovação. Vemos muitos candidatos jovens, o que é normal, já que a vereança é um bom ponto de partida para uma carreira política. Estou otimista de que teremos alguns vereadores jovens sendo eleitos para o primeiro mandato, resultando em uma renovação interessante na Câmara”, destaca.
Redes sociais
Os padrinhos políticos e as redes também são mencionados pelo cientista político Túlio Ribeiro, da UFMG como fatores de renovação. Entre os novatos na disputa, destacam-se Vile (PL), ex-assessor de Bruno Engler (PL), e Pablo Almeida (PL-MG), ex-chefe de gabinete de Nikolas Ferreira (PL). No campo da direita, o influenciador João Fernandes (Novo) tem ganhado visibilidade nas redes. No centro, o PSD aposta na liderança jovem de Helton Junior, do Bairro Lindeia. Já à esquerda, Mallu Almeida (PDT), apoiada por Duda Salabert (PDT), e Pedro Rousseff (PT), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), são destaques.
Alguns destes nomes foram citados pelo cientista, que também falou sobre os veteranos Pedro Patrus (PT) e Marcela Trópia (Novo).“Existem vários meios tradicionalmente eficazes para conquistar votos em um pleito municipal. Entre eles, destaca-se o apadrinhamento de candidatos por figuras políticas proeminentes, os chamados “padrinhos políticos”. Esses padrinhos podem ser familiares do candidato que já têm bases eleitorais ou membros do mesmo partido que demonstram apoio. Em BH, isso é evidente na candidatura de Pedro Patrus, filho do ex-prefeito Patrus Ananias, que utiliza as bases históricas de seu pai na construção de sua nova candidatura", afirmou.
“Além disso, muitos candidatos apostam na presença nas redes sociais como uma forma eficaz de angariar votos. Existe uma máxima da comunicação política que diz: ‘ninguém ganha eleição só nas redes, mas também ninguém ganha fora delas’. As redes sociais foram decisivas em campanhas históricas em BH, como as de Duda Salabert e Nikolas Ferreira em 2020. Neste ano, observa-se que as redes se tornaram um grande foco para candidatos sem histórico ou padrinho político, como Helton Junior e João Fernandes, assim como para a reeleição da vereadora Marcela Trópia que combina sua presença nas redes sociais com trabalho territorial no Bairro Jaraguá”, seguiu.
“Existe também o caso do candidato Pedro Rousseff (PT), que aposta fortemente tanto na estratégia do apadrinhamento, quanto na das redes sociais. Sobrinho-neto da ex-presidente Dilma Rousseff, Pedro destaca com frequência ser “o candidato do Lula e da Dilma em BH”, assim como mantém altas taxas de engajamento nas redes, por meio de vídeos e cortes virais”, concluiu.
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