BRASIL-EUA

O governo dos Estados Unidos suspendeu, nesta sexta-feira (15/8), os vistos da esposa e da filha de 10 anos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A família do titular foi avisada da decisão pelo Consulado Geral dos EUA em São Paulo, por e-mail.

Padilha não foi alvo da decisão por não ter visto – o último expirou em 2024. Segundo o comunicado, o cancelamento ocorreu porque “surgiram informações” indicando que a esposa e a filha do ministro não são mais elegíveis para o documento, que autoriza a entrada no território norte-americano. As informações foram divulgadas pelo portal G1.

A medida dos Estados Unidos foi anunciada na quarta-feira (13/8) pelo Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores, e mira autoridades responsáveis pela criação do programa Mais Médicos, em 2013. Na nota, foram citados os servidores Mozart Sales e Alberto Kleiman, que eram diretores do Ministério da Saúde na época.

Padilha, por sua vez, também era ministro da Saúde, nomeado pela então presidente Dilma Rousseff.

Para o governo dos EUA, os alvos da sanção teriam ajudado a “enriquecer” o governo de Cuba. Na época da sua criação, o Mais Médicos trouxe profissionais do país caribenho para suprir a falta de médicos em regiões remotas.

“Nossas ações mandam uma mensagem inconfundível de que os Estados Unidos promovem a responsabilização daqueles que possibilitaram o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”, disse o órgão.

Com a revogação de vistos, os alvos da medida não podem viajar aos Estados Unidos – se já estiverem em território americano, os documentos serão revogados assim que deixarem o país. Na quinta-feira, Padilha saiu em defesa dos servidores citados pelo Departamento de Estado, e disse ter “orgulho” de seu trabalho na criação do Mais Médicos.

Defesa de Padilha

Após o anúncio da sanção contra a família de Padilha, a titular da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, saiu em defesa do ministro.

“Punir uma criança, a família do ministro Padilha, como fez o governo Trump provocado por Bolsonaro, é muita covardia. É assim que agem a extrema-direita e seus cúmplices. Mas o Brasil se orgulha do ministro que fez o Mais Médicos e de toda sua equipe. Salvaram vidas, ao contrário do que Bolsonaro fez na pandemia”, escreveu Gleisi em suas redes sociais. 

Pouco antes de a informação vir à tona, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também defendeu o programa. “É desinformação ou provocação premeditada? Mais um ataque infundado do presidente dos Estados Unidos contra o Brasil — desta vez, mirando o programa Mais Médicos”, disse Rui.

Ele destacou que, atualmente, mais de  90% dos profissionais inscritos no programa são brasileiros. “O discurso norte-americano, além de falso, é mal-intencionado”, frisou.

Em julho, os Estados Unidos também suspenderam o visto de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo Alexandre de Moraes e o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, e do Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet.

As medidas são atribuídas à articulação feita pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP)  junto a autoridades americanas, assim como a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Trump.