A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) recebeu uma série de e-mails com ameaças de morte e ataques racistas. A parlamentar denunciou o caso à Polícia Federal (PF), ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados.
 
De acordo com a parlamentar, os ataques mais recentes começaram no dia 14 de outubro deste ano. Em um discurso no plenário da Câmara nesta terça-feira, 5, Carol relatou que as mensagens têm como objetivo "silenciá-la". As ameaças e tentativas de intimidação começaram ainda quando a atual deputada se candidatou e venceu como vereadora em Curitiba (PR), em 2020.

"Elas são uma forma brutal de tortura psicológica, um esforço calculado, para me manter em estado de alerta e de medo constante", afirmou. Procurada pelo Estadão, a PF disse que "não se manifesta sobre eventuais investigações em curso".

Ela disse ainda que "convive diariamente com o medo" e pediu apoio aos colegas para "enfrentar o racismo e proteger a democracia da intolerância racial".

"Eu convivo diariamente com o medo, mas sigo resistindo. Esta luta não é só minha, é de todas nós que acreditamos em um Brasil sem racismo, sem violência e sem medo. Mas esta realidade vai mudar. Nós estamos aqui, nós não vamos morrer. Quem vai morrer é o racismo do mesmo jeito como ele nasceu: podre", disse.

A deputada já recebeu 43 e-mails com ameaças e ataques racistas. "Vou derramar gasolina no seu corpo e colocar fogo" e "macaca bandida" estão entre os conteúdos recebidos pela parlamentar.

"Essa violência não me atinge sozinha; ela abala a paz dos que estão ao meu lado, daqueles que me amam, meus amigos e familiares, que vivem diariamente com o coração apertado, temendo pelo que pode me acontecer. Essa violência política é cruel, insuportável - e me adoece. A violência que enfrento é também uma violência contra a democracia, contra o direito de cada brasileira e brasileiro a um Brasil onde todos possam se expressar livremente, sem medo. Quando uma representante eleita é ameaçada pela cor de sua pele, pelo seu gênero, pela coragem de defender o que é justo, todos nós perdemos", escreveu.

A deputada cobra a discussão e a aprovação do projeto de lei que institui a Política Nacional de Proteção a Parlamentares em Situação de Risco, Vulnerabilidade e Vítimas de Violência política de Gênero e Raça. "Propus para garantir um protocolo de proteção a parlamentares como eu, especialmente mulheres pretas que sofrem com violência política de gênero e raça constantemente", explicou.

Ataques e ameaças constantes

Não é a primeira vez que a deputada é alvo de ataques racistas e ameaças de morte. Desde 2020, quando foi candidata e venceu como vereadora em Curitiba, Carol vem sendo intimidade pelas redes sociais e e-mails.

Terceira pessoa mais votada na capital paranaense à época, Carol foi a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Curitiba. "Nada no mundo vai me impedir de te matar", dizia uma das mensagens compartilhada pela então vereadora nas redes sociais.

"A violência racial não é nenhuma novidade para mim. A ameaça contra minha vida e contra pessoas que estão comigo foi o que me abalou demais. Foi muito assustador. Sabia que seria um mandato histórico, mas não imaginava esta proporção", afirmou à época.

 

Estadão Conteúdo