O presidente Jair Bolsonaro deixou o Palácio do Alvorada, na manhã desta sexta-feira (10/4), e seguiu para o Hospital das Forças Armadas (HFA), no Cruzeiro. O comboio que levava o chefe do Executivo tentou despistar a imprensa pegando um caminho alternativo. 

A visita ao hospital não estava prevista na agenda oficial. Na noite de quinta-feira (9/4), Bolsonaro fez uma live no Facebook. Ele começou a transmissão demonstrando sinais de coriza na região nasal e tossiu três vezes durante sua fala.

Após sair do HFA, o presidente seguiu até o Sudoeste. Ele visitou o filho Jair Renan, o caçula, que faz aniversário neste feriado. No local, ele foi recebido sob apoio e protesto de moradores e panelaços nos prédios.

Ainda não há informações oficiais sobre o motivo da visita ao HFA. Questionado, ele não quis dizer o que foi fazer no hospital. Por volta das 10h30, o presidente parou em uma drogaria do Sudoeste, onde tirou fotos com apoiadores. "Ninguém vai tolher meu direito de ir e vir", afirmou. Ao ser indagado sobre o que comprou na farmácia, ele não quis dizer.

A recomendação do Ministério da Saúde é permanecer em casa e evitar aglomerações, como forma de não facilitar a transmissão do novo coronavírus.

Outros passeios

Na quinta-feira, Bolsonaro saiu do Palácio do Planalto e foi a uma padaria da Asa Norte de Brasília, onde comeu um pão doce e bebeu refrigerante.

Segundo decreto do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o comércio pode vender alimentos, mas não é permitido comer no local. Nas imagens, é possível ver que o presidente da República abraçou funcionários do local, cumprimentou pessoas com abraços e apertos de mão, além de posar para fotos. Também há sons de vaias e de algumas panelas em vídeos registrados.

No dia 29 de março, Bolsonaro já havia quebrado o isolamento ao percorrer comércios em Taguatinga e Ceilândia, regiões administrativas do Distrito Federal. O passeio havia ocorrido um dia após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reforçar o pedido para que as pessoas mantenham o distanciamento social.

Bolsonaro tem reiterado seu posicionamento contrário ao isolamento social como método para conter a epidemia de coronavírus. Ele considera que esse método prejudica a economia, responsabiliza os governadores que determinaram o fechamento de lojas e defende a reabertura do comércio.

Ida para Águas Lindas

Na quinta-feira, o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) publicou que Bolsonaro e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), ensaiam uma reaproximação, e devem visitar juntos um hospital de campanha montado em Águas Lindas (GO), região conhecida como Entorno do Distrito Federal.Segundo fonte do governo, o compromisso está previsto para o feriado e deve contar com a presença do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Aliado de Bolsonaro desde a campanha presidencial, Caiado, que é médico, rompeu com o presidente no fim do mês passado e anunciou que não seguiria as recomendações do mandatário sobre o afrouxamento das regras de saúde pública durante a crise do novo coronavírus.


O presidente defende flexibilizações das orientações de isolamento, enquanto Caiado foi um dos governadores que decretou o fechamento do comércio e escolas como forma de combate à doença.