O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou neste sábado (13), em entrevista, que o presidente Jair Bolsonaro tem que avaliar se o filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) tem condições de assumir a embaixada do Brasil em Washington.

"O que o presidente tem que avaliar é se o Eduardo tem as condições para assumir uma embaixada com um peso importante. O Brasil tem relações comerciais importantes e acho que a gente deve continuar com esse foco. Só tem que tomar cuidado para que o foco ideológico da relação Brasil com o Trump não prevaleça em relação à questão comercial", disse Maia. 

Maia afirmou que Bolsonaro também precisa analisar se o filho tem os mesmos requisitos que um diplomata para assumir o posto nos Estados Unidos. 

"O Brasil tem um corpo diplomático de muita qualidade e que sempre foi respeitado no mundo inteiro. Um corpo diplomático com um foco muito objetivo na defesa dos interesses do país no exterior", disse o presidente da Câmara. 

Maia evitou críticas mais duras à eventual indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), mas afirmou ser "um tema polêmico indicar um filho para qualquer cargo dentro do governo". "Mas ele [o presidente] tem agenda dele de relação com os EUA."

Para Maia, a decisão de "nomear um parente" é muito pessoal e "gera muito desgaste no Brasil de hoje". 

"Cabe ao presidente avaliar se essa sinalização é boa para a sociedade. A sociedade hoje cobra muito da gente alguns modelos de comportamento e acho que esse talvez seja um dos mais duros", disse. 

O presidente Jair Bolsonaro anunciou na quinta-feira (11) que decidiu indicar seu filho Eduardo como embaixador do Brasil nos Estados Unidos, mas que a decisão de aceitar ou não o cargo cabia ao deputado. 

A fala do mandatário ocorreu um dia depois do aniversário de 35 anos do parlamentar, idade mínima requerida para o posto.

A divulgação ocorreu fora dos padrões diplomáticos –a praxe é que o nome de um novo embaixador só seja conhecido depois de consultas formais ao país que receberá o novo embaixador, um trâmite conhecido por agrément.

A possibilidade gerou fortes reações, que vão desde a inexperiência de Eduardo para ocupar a principal função da diplomacia brasileira no exterior a críticas de que o caso configuraria nepotismo.

Tanto Bolsonaro quanto Eduardo dizem que não há nepotismo na indicação. Eles argumentam que o envio do filho do presidente da República para Washington colocaria as relações dos dois países em um outro patamar e ajudaria a estreitar os laços entre Brasil e Estados Unidos.

Recuperando-se no Palácio da Alvorada da extração de um dente, Jair Bolsonaro voltou a abordar o assunto neste sábado (13) nas redes sociais, horas depois de Eduardo tê-lo visitado.

Bolsonaro reproduziu trecho da entrevista que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu ao lado dele na Casa Branca em março deste ano.

"Eu vejo aqui na plateia o filho do presidente, que tem sido fantástico", disse Trump na ocasião. Na sequência, o americano pediu que o deputado se levantasse e dirigiu-se diretamente a ele.

"O trabalho que você fez durante tempos difíceis foi simplesmente fantástico e eu sei que seu pai é grato por isso, posso te garantir. Muito obrigado. Fantástico trabalho", afirmou Trump no trecho da entrevista que foi compartilhado por Bolsonaro.

Acima do vídeo, Bolsonaro faz duas perguntas: "De 2003 para cá, você sabe quem foram nossos embaixadores em Washington? Nesse período, como foram nossas relações com os Estados Unidos?".