São Paulo — O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aconselhou Tarcísio de Freitas (Republicanos) a ficar distante da campanha de Ricardo Nunes (MDB) por avaliar que o prefeito pode sair derrotado das eleições deste ano. O governador, no entanto, decidiu se empenhar ainda mais na campanha do aliado diante do risco de perder a cidade para Pablo Marçal (PRTB) ou Guilherme Boulos (PSol).

A declaração foi feita em conversa com jornalistas, na manhã desta terça-feira (3/9), em mais uma agenda conjunta do governador com o prefeito, em uma visita à central de monitoramento por câmeras da Prefeitura, no calçadão do centro velho da cidade. Tarcísio deve receber o ex-presidente na sexta-feira (6) e hospedá-lo no Palácio dos Bandeirantes — Bolsonaro vai liderar no dia 7 um protesto contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes.

O governador afirmou que vai conversar com Bolsonaro para que ele reforce o apoio ao prefeito e grave uma participação na campanha eleitoral de Nunes.

“Eu vou conversar com o presidente só para ajustar essa questão, mas é uma pessoa super importante, uma pessoa que eu tenho toda gratidão, uma pessoa que também abençoou essa candidatura do Ricardo, que é a candidatura que dá resultado e a melhor propaganda para a direita é o resultado”, disse.

O conselho de Bolsonaro a manter-se afastado de Nunes, apesar do apoio formal à campanha, é resultado de uma avaliação de bolsonaristas que Marçal pode ultrapassar o prefeito, que afundaria na disputa e não iria para o segundo turno. Tarcísio, contudo, vem dizendo a todos que não pode admitir a possibilidade de Nunes não vencer e que vai trabalhar o máximo possível pela vitória do aliado.

“É no resultado que a gente cresce. E tem outra: as pesquisas já estão mostrando isso claramente. O Ricardo vai para o segundo turno e é a pessoa que no segundo turno tem a melhor condição de vencer a esquerda aqui em São Paulo. Então, é a aposta correta”, disse Tarcísio.

Integrantes da campanha de Nunes, que fazem monitoramento diário de intenções de voto, disseram ter observado que a sequência de crescimento de Marçal se interrompeu, e atribuíram o resultado a um maior conhecimento do candidato e aumento de sua rejeição, associada à postura considerada agressiva do rival.

Tarcísio, na entrevista desta terça, avaliou que os ataques de Marçal a Nunes, apoiado pelos partidos de direita, pode deixar fraturas neste campo político e que é necessário que a pauta seja preenchida por discussões sobre a cidade.

“É muito ruim quando se deixa fratura. As fraturas são ruins. Eu acho que o que a população quer é proposta. Tem coisa que o pessoal vai ao delírio na rede social. É bacana, é divertido. Ok, mas vamos falar de São Paulo. Falar de São Paulo é importante. A gente tem que falar do futuro dessa cidade, porque as pessoas têm problemas”, disse.