array(31) {
["id"]=>
int(165223)
["title"]=>
string(80) "Bolsonaro diz ser "Paraguai" frente a Trump, mas quer voltar ao Planalto"
["content"]=>
string(12629) "INELEGÍVEL
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Jair Bolsonaro (PL), 69, afirmou nesta quarta-feira (6) considerar a eleição de Donald Trump à Casa Branca um "passo importantíssimo" para seu "sonho" de disputar a eleição de 2026 e voltar ao Palácio do Planalto.
"É igual a uma caminhada de mil passos, você tem que dar o primeiro, tem que dar o décimo. E o Trump é um passo importantíssimo", disse à Folha o ex-presidente, para quem o republicano representará um recado de que sua inelegibilidade seria uma armação para tirá-lo da disputa.
Bolsonaro foi condenado no ano passado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação sob a acusação de difundir mentiras sobre o processo
eleitoral em reunião com embaixadores e utilizar eleitoralmente o evento de comemoração do Bicentenário da Independência.
Ele é ainda alvo de outras investigações, entre elas, a que apura tratativas para golpe de Estado.
PERGUNTA - Qual a sua avaliação sobre a vitória de Trump??
JAIR BOLSONARO - Sempre tive um bom relacionamento [com Trump], ele tinha uma preocupação de que o Brasil não virasse uma Venezuela. Começamos a nos entender melhor sobre aço, etanol e outras questões. Falava com ele que um comércio norte-sul seria muito bom. Eu pedi e ele botou as Forças Armadas nossas como um grande aliado extra da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], onde passamos a ter tecnologia e material mais barato, mais rápido.
E ele tinha interesse de fazer o Brasil como irradiador de democracia na América do Sul. A intenção maior dele era essa aí.
P - E como acha que essa vitória dele irá refletir por aqui??
JB - Vai refletir no mundo. É um país que é a maior democracia do mundo, projeta poder, que fez valer a sua força, não tivemos conflito no mundo enquanto o Trump estava lá. E ele gosta de mim.
Acredito que só o fato da eleição dele, o que ele tem falado, de liberdade, Elon Musk [empresário e dono do X] está do lado dele, é um sinal para todo mundo de que ele quer uma democracia para o mundo. Aqui no Brasil talvez fique um recado da própria eleição que queremos, cumprimento das leis, Estado democrático de Direito não da boca para fora, mas na prática.
Bolsonaro sobre 2026: 'Falam em vários nomes, mas só eu tenho chance'
P - Que comparação o sr. faz entre a sua situação e a dele??
JB - Quase tudo o que acontece lá acontece aqui. Lá teve o Capitólio, que teve mortes. Tentaram de todas as maneiras colocar na conta dele.
Lógico, ele é uma pessoa de uma diferença enorme em relação a mim, foi presidente de um país muito rico, fantástico, tem boas amizades com todo mundo, o cara é bilionário. Enfrentou a perseguição do Judiciário. Eu aqui me esquivo.
Mas não deixa de ser uma sinalização para cá de "faça as coisas direito". Você conhece quem está do seu lado quando perde o poder. Alguns chefes de Estado ficaram na amizade. Um foi ele. Fui o último chefe de Estado a reconhecer a vitória do [Joe] Biden, ele não esquece isso. E eu sei o meu lugar perto dele. Eu estou para ele como o Paraguai está para o Brasil.
P - O resultado fortalece o desejo de o sr. voltar a ser presidente??
JB - Ser presidente é uma merda. Eu não sei como é que cheguei à Presidência. Aconteceu. Dei o melhor de mim. Estava preparado? Não estava. Apesar de 28 anos de Parlamento, quando você vê aquela cadeira lá, cai para trás.
Agora a minha pretensão [é a] de voltar. Eu tenho um sonho. Qual é o sonho? De ajudar o Brasil.
P - Esse seu sonho fica mais forte??
JB - Passa por ele. É igual uma caminhada de mil passos, você tem que dar o primeiro, tem que dar o décimo. E o Trump é um passo importantíssimo.
Eleger uma boa bancada. Hoje teria 20% da Câmara e 15% do Senado. É muito pouco. Acredito que vem uma bancada enorme em 2026 [no Senado].
8 coisas que você talvez não saiba sobre Donald Trump
P - Se essa bancada se confirmar, há alguma intenção de revanche com o Judiciário??
JB - O simples fato de estar forte, não precisa ameaçar. O Parlamento, no meu entender, tem que ser o Poder de última palavra, o poder vem de lá, que tem o voto. Depois, o Executivo. Quem não tem o poder de se intrometer em nada é o Judiciário, o Judiciário é para resolver conflitos.
O ser humano gosta de mandar e apareceu a brecha... Para o Lula está muito bom. Comigo tinha no mínimo uma intervenção do Supremo por semana.
P - O sr. disse que pretende ir à posse do Trump, mas por ora não pode [está com o passaporte retido devido às investigações da trama golpista de 2022]. Como pretende fazer??
JB - Vou peticionar ao Alexandre [de Moraes, ministro do STF]. Ele decide. O Eduardo [Bolsonaro] tem amizade enorme com ele [Trump]. Tanto é que, de 85 convidados [Trump recebeu convidados em Mar-a-Lago, na Flórida, para acompanhar a apuração], ele foi e botou mais dois para dentro, o Gilson [Machado, ex-ministro de Bolsonaro] e o filho do Gilson. Ele me tem como uma pessoa que ele gosta, é como você se apaixonar por alguém de graça, né? Essa paixão veio da forma como eu tratava ele, sabendo o meu lugar.
P - E se o Moraes negar??
JB - Se o Trump me convidar, vou peticionar ao TSE, ao STF. Agora, com todo o respeito, o homem mais forte do mundo... Você acha que ele vai convidar o Lula? Talvez protocolarmente. Quem vai convidar do Brasil? Talvez só eu. Ele vai falar não para o cara mais poderoso do mundo? Eu sou ex. O cara vai arranjar uma encrenca por causa do ex? Acha que vou para os Estados Unidos e vou ficar lá?
Há dois anos querendo me incriminar como golpista, vai à merda, porra. O cara está há dois anos com a mulher, tô desconfiando que está me traindo e tô há dois anos dormindo com ela. E tô investigando, me traiu, não me traiu... Resolve essa parada logo, tenha altivez. Manda soltar esses coitados que estão presos a 17 anos de cadeia.
'Brasil não é prioridade para EUA e relação não deve mudar com Trump', diz analista
P - O próximo passo então é a anistia??
JB - Anistia para o 8 de janeiro. A minha [anistia] tem um prazo certo para tomar certas decisões. Acredito que o Trump gostaria que eu fosse elegível. Ele que vai ter que dizer isso aí, mesmo que tivesse conversado com ele, não falaria. [Mas] tenho certeza de que ele gostaria que eu viesse [a ser] candidato. Está na mídia, não sei se é verdade ou não, eu não falo sobre esse assunto, é o [Michel] Temer [MDB] de vice [texto de um blog tratou desse assunto recentemente].
P - Seria um bom nome para o sr.??
JB - Não sei, não falo sobre esse assunto. Não descarto conversar com ninguém, até com você. Não sei... Ele é garantista, é um ex-presidente. O impeachment [de Dilma Rousseff em 2016] abriu uma brecha para eu me candidatar. Não existe impeachment sem vice.
P - O sr. reconhece algum erro, como não ter reconhecido a vitória do Lula??
JB - Eu jamais iria passar faixa para uma pessoa como o Lula. Mas o que faria diferente? Os ministros do Palácio [Casa Civil e articulação política, entre outros] teriam que ser políticos, não os que eu coloquei [militares]. Na relação com a imprensa, eu fui muito impetuoso muitas vezes.
"
["author"]=>
string(30) "Camila Mattoso e Ranier Bragon"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(620966)
["filename"]=>
string(36) "trump-cumprimenta-bolsonaro- (1).jpg"
["size"]=>
string(5) "74113"
["mime_type"]=>
string(10) "image/jpeg"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(3) "bb/"
}
["image_caption"]=>
string(95) "Trump cumprimenta Bolsonaro, em cerimônia em 2020 /crédito: Alan Santos/Palácio do Planalto"
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(183) "Mesmo Inelegível, Jair Bolsonaro diz que vitória de Donald Trump é 'passo importantíssimo' para ser presidente de novo e cita Michel Temer como vice
"
["author_slug"]=>
string(30) "camila-mattoso-e-ranier-bragon"
["views"]=>
int(36)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(0)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(69) "bolsonaro-diz-ser-paraguai-frente-a-trump-mas-quer-voltar-ao-planalto"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(431)
["name"]=>
string(9) "Política"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(8) "politica"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(431)
["name"]=>
string(9) "Política"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(8) "politica"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2024-11-07 21:37:41.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2024-11-07 21:42:13.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2024-11-07T21:30:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(39) "bb/trump-cumprimenta-bolsonaro- (1).jpg"
}
INELEGÍVEL
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Jair Bolsonaro (PL), 69, afirmou nesta quarta-feira (6) considerar a eleição de Donald Trump à Casa Branca um "passo importantíssimo" para seu "sonho" de disputar a eleição de 2026 e voltar ao Palácio do Planalto.
"É igual a uma caminhada de mil passos, você tem que dar o primeiro, tem que dar o décimo. E o Trump é um passo importantíssimo", disse à Folha o ex-presidente, para quem o republicano representará um recado de que sua inelegibilidade seria uma armação para tirá-lo da disputa.
Bolsonaro foi condenado no ano passado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação sob a acusação de difundir mentiras sobre o processo
eleitoral em reunião com embaixadores e utilizar eleitoralmente o evento de comemoração do Bicentenário da Independência.
Ele é ainda alvo de outras investigações, entre elas, a que apura tratativas para golpe de Estado.
PERGUNTA - Qual a sua avaliação sobre a vitória de Trump??
JAIR BOLSONARO - Sempre tive um bom relacionamento [com Trump], ele tinha uma preocupação de que o Brasil não virasse uma Venezuela. Começamos a nos entender melhor sobre aço, etanol e outras questões. Falava com ele que um comércio norte-sul seria muito bom. Eu pedi e ele botou as Forças Armadas nossas como um grande aliado extra da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], onde passamos a ter tecnologia e material mais barato, mais rápido.
E ele tinha interesse de fazer o Brasil como irradiador de democracia na América do Sul. A intenção maior dele era essa aí.
P - E como acha que essa vitória dele irá refletir por aqui??
JB - Vai refletir no mundo. É um país que é a maior democracia do mundo, projeta poder, que fez valer a sua força, não tivemos conflito no mundo enquanto o Trump estava lá. E ele gosta de mim.
Acredito que só o fato da eleição dele, o que ele tem falado, de liberdade, Elon Musk [empresário e dono do X] está do lado dele, é um sinal para todo mundo de que ele quer uma democracia para o mundo. Aqui no Brasil talvez fique um recado da própria eleição que queremos, cumprimento das leis, Estado democrático de Direito não da boca para fora, mas na prática.
Bolsonaro sobre 2026: 'Falam em vários nomes, mas só eu tenho chance'
P - Que comparação o sr. faz entre a sua situação e a dele??
JB - Quase tudo o que acontece lá acontece aqui. Lá teve o Capitólio, que teve mortes. Tentaram de todas as maneiras colocar na conta dele.
Lógico, ele é uma pessoa de uma diferença enorme em relação a mim, foi presidente de um país muito rico, fantástico, tem boas amizades com todo mundo, o cara é bilionário. Enfrentou a perseguição do Judiciário. Eu aqui me esquivo.
Mas não deixa de ser uma sinalização para cá de "faça as coisas direito". Você conhece quem está do seu lado quando perde o poder. Alguns chefes de Estado ficaram na amizade. Um foi ele. Fui o último chefe de Estado a reconhecer a vitória do [Joe] Biden, ele não esquece isso. E eu sei o meu lugar perto dele. Eu estou para ele como o Paraguai está para o Brasil.
P - O resultado fortalece o desejo de o sr. voltar a ser presidente??
JB - Ser presidente é uma merda. Eu não sei como é que cheguei à Presidência. Aconteceu. Dei o melhor de mim. Estava preparado? Não estava. Apesar de 28 anos de Parlamento, quando você vê aquela cadeira lá, cai para trás.
Agora a minha pretensão [é a] de voltar. Eu tenho um sonho. Qual é o sonho? De ajudar o Brasil.
P - Esse seu sonho fica mais forte??
JB - Passa por ele. É igual uma caminhada de mil passos, você tem que dar o primeiro, tem que dar o décimo. E o Trump é um passo importantíssimo.
Eleger uma boa bancada. Hoje teria 20% da Câmara e 15% do Senado. É muito pouco. Acredito que vem uma bancada enorme em 2026 [no Senado].
8 coisas que você talvez não saiba sobre Donald Trump
P - Se essa bancada se confirmar, há alguma intenção de revanche com o Judiciário??
JB - O simples fato de estar forte, não precisa ameaçar. O Parlamento, no meu entender, tem que ser o Poder de última palavra, o poder vem de lá, que tem o voto. Depois, o Executivo. Quem não tem o poder de se intrometer em nada é o Judiciário, o Judiciário é para resolver conflitos.
O ser humano gosta de mandar e apareceu a brecha... Para o Lula está muito bom. Comigo tinha no mínimo uma intervenção do Supremo por semana.
P - O sr. disse que pretende ir à posse do Trump, mas por ora não pode [está com o passaporte retido devido às investigações da trama golpista de 2022]. Como pretende fazer??
JB - Vou peticionar ao Alexandre [de Moraes, ministro do STF]. Ele decide. O Eduardo [Bolsonaro] tem amizade enorme com ele [Trump]. Tanto é que, de 85 convidados [Trump recebeu convidados em Mar-a-Lago, na Flórida, para acompanhar a apuração], ele foi e botou mais dois para dentro, o Gilson [Machado, ex-ministro de Bolsonaro] e o filho do Gilson. Ele me tem como uma pessoa que ele gosta, é como você se apaixonar por alguém de graça, né? Essa paixão veio da forma como eu tratava ele, sabendo o meu lugar.
P - E se o Moraes negar??
JB - Se o Trump me convidar, vou peticionar ao TSE, ao STF. Agora, com todo o respeito, o homem mais forte do mundo... Você acha que ele vai convidar o Lula? Talvez protocolarmente. Quem vai convidar do Brasil? Talvez só eu. Ele vai falar não para o cara mais poderoso do mundo? Eu sou ex. O cara vai arranjar uma encrenca por causa do ex? Acha que vou para os Estados Unidos e vou ficar lá?
Há dois anos querendo me incriminar como golpista, vai à merda, porra. O cara está há dois anos com a mulher, tô desconfiando que está me traindo e tô há dois anos dormindo com ela. E tô investigando, me traiu, não me traiu... Resolve essa parada logo, tenha altivez. Manda soltar esses coitados que estão presos a 17 anos de cadeia.
'Brasil não é prioridade para EUA e relação não deve mudar com Trump', diz analista
P - O próximo passo então é a anistia??
JB - Anistia para o 8 de janeiro. A minha [anistia] tem um prazo certo para tomar certas decisões. Acredito que o Trump gostaria que eu fosse elegível. Ele que vai ter que dizer isso aí, mesmo que tivesse conversado com ele, não falaria. [Mas] tenho certeza de que ele gostaria que eu viesse [a ser] candidato. Está na mídia, não sei se é verdade ou não, eu não falo sobre esse assunto, é o [Michel] Temer [MDB] de vice [texto de um blog tratou desse assunto recentemente].
P - Seria um bom nome para o sr.??
JB - Não sei, não falo sobre esse assunto. Não descarto conversar com ninguém, até com você. Não sei... Ele é garantista, é um ex-presidente. O impeachment [de Dilma Rousseff em 2016] abriu uma brecha para eu me candidatar. Não existe impeachment sem vice.
P - O sr. reconhece algum erro, como não ter reconhecido a vitória do Lula??
JB - Eu jamais iria passar faixa para uma pessoa como o Lula. Mas o que faria diferente? Os ministros do Palácio [Casa Civil e articulação política, entre outros] teriam que ser políticos, não os que eu coloquei [militares]. Na relação com a imprensa, eu fui muito impetuoso muitas vezes.