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string(3567) "O contraste entre as visões da classe empresarial e da massa trabalhadora sobre a economia chegou ao paroxismo neste 1º ano de governo Bolsonaro. A nova pesquisa CNI-Ibope revela um fosso de opiniões a separar a cúpula e a base nas empresas brasileiras (ou pelo menos nas indústrias). E esse fosso está crescendo.
Hoje, segundo a pesquisa, 29% da população avalia o governo como bom ou ótimo; entre os industriais o índice é de 60%, o dobro. A diferença de opinião é ainda mais gritante na rejeição ao presidente, de 38% na média da população e de apenas 7% na classe industrial. Bolsonaro tem 5,5 vezes mais críticos no andar de baixo do que no andar de cima.
A economia explica a disparidade. Segundo análise da CNI em seu portal, “os empresários já percebem a retomada do crescimento, enquanto a população ainda vê o país com alto desemprego e renda baixa”. Ou seja, donos e dirigentes estão vendo o que os empregados não conseguem enxergar.
De fato, do ponto de vista dos empresários, a economia melhorou muito. Os balanços corporativos de fim de ano comprovam. Os grandes grupos quase todos fecharam no azul. Os bancos nunca lucraram tanto. Mesmo estatais registram ganhos 70% maiores que no ano passado. Até a Vale vai distribuir gordos dividendos (mais de R$ 7 bilhões), apesar das pesadas perdas financeiras com a tragédia de Brumadinho. A bolsa valorizou 31%, uma euforia.
Mas, fora do topo, os resultados são medíocres. Quando Bolsonaro assumiu, o desemprego era de 11,6% e a renda média R$ 2,254 mil. Em outubro, ultimo dado no IBGE, o desemprego continuou nos 11,6% e o salário médio foi a R$ 2,317 mil, só R$ 67 maior. Para os trabalhadores não houve recuperação. E para os mais pobres a economia ficou pior: de janeiro a setembro quem ganha até R$ 1,6 mil perdeu 1,6% da renda.
Em 2020, a retomada econômica vai finalmente chegar ao povão? Parece difícil. Segundo a CNI os avanços no emprego e renda serão modestos. A entidade estima que o desemprego cairá para 11,3% ano que vem, apenas 0,3 pontos percentuais a menos. Quase nada. E a desocupação elevada deve manter os salários estagnados.
Este ano a economia cresceu para empresários e estagnou para o povão. No próximo ano não será diferente. O que nos leva a supor que o fosso de opiniões entre a elite e a sociedade vai continuar. Se não aumentar.
Talvez empresários entendam melhor o que está ocorrendo na economia do que o cidadão comum. Mas, não pode ser o contrário? Não estariam os empresários iludidos enquanto o povão já caiu na real ou nunca saiu dela?
A CNI-Ibope ouviu 2 mil pessoas em 127 municípios, entre 5 e 8 de dezembro. Já a sondagem empresarial fez 1.914 entrevistas entre 2 e 10. Em ambas a margem de erro é de 2% e a de confiança 95%.
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Hoje, segundo a pesquisa, 29% da população avalia o governo como bom ou ótimo; entre os industriais o índice é de 60%, o dobro. A diferença de opinião é ainda mais gritante na rejeição ao presidente, de 38% na média da população e de apenas 7% na classe industrial. Bolsonaro tem 5,5 vezes mais críticos no andar de baixo do que no andar de cima.
A economia explica a disparidade. Segundo análise da CNI em seu portal, “os empresários já percebem a retomada do crescimento, enquanto a população ainda vê o país com alto desemprego e renda baixa”. Ou seja, donos e dirigentes estão vendo o que os empregados não conseguem enxergar.
De fato, do ponto de vista dos empresários, a economia melhorou muito. Os balanços corporativos de fim de ano comprovam. Os grandes grupos quase todos fecharam no azul. Os bancos nunca lucraram tanto. Mesmo estatais registram ganhos 70% maiores que no ano passado. Até a Vale vai distribuir gordos dividendos (mais de R$ 7 bilhões), apesar das pesadas perdas financeiras com a tragédia de Brumadinho. A bolsa valorizou 31%, uma euforia.
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Este ano a economia cresceu para empresários e estagnou para o povão. No próximo ano não será diferente. O que nos leva a supor que o fosso de opiniões entre a elite e a sociedade vai continuar. Se não aumentar.
Talvez empresários entendam melhor o que está ocorrendo na economia do que o cidadão comum. Mas, não pode ser o contrário? Não estariam os empresários iludidos enquanto o povão já caiu na real ou nunca saiu dela?
A CNI-Ibope ouviu 2 mil pessoas em 127 municípios, entre 5 e 8 de dezembro. Já a sondagem empresarial fez 1.914 entrevistas entre 2 e 10. Em ambas a margem de erro é de 2% e a de confiança 95%.