O protagonismo excessivo da prole foi apontado em pesquisa como uma das vulnerabilidades do governo, mas parece que o presidente não liga muito para isso
Trump abriu a reunião com Bolsonaro dizendo que “nunca Brasil e EUA estiveram tão próximos”. Sabe quem estava bastante próximo, participando da reunião, além dos intérpretes dos presidentes? Não, não era o chanceler Ernesto Araújo. E sim o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente.
O deputado, aliás, apareceu bastante na visita. E nem tão bem: na véspera da chegada a Washington, disse que os imigrantes brasileiros ilegais eram “uma vergonha nossa”. Tentou consertar a declaração depois, acenando com uma confusa responsabilidade do Brasil “com seus nacionais”, que não devem ficar entrando “em qualquer lugar que não seja de maneira legal”.
Enquanto isso, em Brasília, Carlos Bolsonaro mantinha funcionando uma agenda do pai, mesmo que este tivesse um substituto, o vice-presidente Hamilton Mourão. O vereador carioca não estava na Câmara do Rio, onde é vereador e sim circulando pelo Planalto, participando de reuniões e se encontrando com deputados.
Um filho deputado funcionando como chanceler. O vereador, como vice-presidente ou líder do governo na Câmara. O protagonismo excessivo dos filhos de Bolsonaro foi apontado em pesquisa como uma das vulnerabilidades do governo. No levantamento CNT/MDA, feito no final de fevereiro, 56,8% dos entrevistados apontaram que os filhos do presidente Jair Bolsonaro estavam interferindo nas decisões do pai no Palácio do Planalto. Com um detalhe: 75% achavam que parentes não deveriam fazer isso.
Ficou evidente nesta viagem que o presidente não se preocupa com a questão. E aqui, ou nos Estados Unidos, a prole Bolsonaro continua mandando.