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São Paulo -
Depois de ganhar popularidade como dirigente do Atlético-MG, que ajudou a conduzir ao título mais importante de sua história, a Libertadores de 2013, Alexandre Kalil entrou para a política combatendo o que chamou de “velha política”. Outsider na campanha de quatro anos atrás, ele derrotou João Leite (PSDB) na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, beneficiado pelo desgaste do partido tucano à sombra dos escândalos de corrupção envolvendo seu antigo cacique local, Aécio Neves. Agora, concorrendo à reeleição, o empresário desponta como maior favorito entre todos os candidatos de capitais a faturar o pleito no primeiro turno.
Segundo a mais recente pesquisa Ibope, Kalil tem 59% da preferência dos eleitores belo-horizontinos, enquanto seus três principais concorrentes, João Vitor Xavier (Cidadania), Áurea Carolina (PSOL) e Bruno Engler (PRTB), somam juntos apenas 12%. Sua administração é aprovada por 64% dos entrevistados no levantamento. Pela ampla vantagem nas primeiras pesquisas, o prefeito, que se posiciona como candidato de centro e, em 2019, trocou o PHS —fundido com o Podemos— pelo PSD, a convite de Gilberto Kassab, se tornou a principal vidraça da campanha.
Após ter adotado o lema “chega de político” em 2016, o ex-cartola de futebol hoje administra o placar com o regulamento debaixo do braço e usufrui da tática de jogar sem a bola, típica de políticos que disputam reeleição, para desviar dos ataques de seus adversários. Na última campanha, teve apenas 23 segundos de propaganda eleitoral. Já neste pleito, ostenta o segundo maior tempo de TV (2 minutos e 46 segundos), dedicado a exaltar os feitos de sua gestão a partir do slogan “nesta cidade ninguém faz o que ele fez” e, eventualmente, a desmentir ou rebater críticas. “Tem gente que quer me xingar, me esculhambar, mas não põe a cara nem dá o nome”, cutucou Kalil, que ainda tem evitado participar dos debates na televisão.
Em que pese a vantagem nas pesquisas, coordenadores de sua campanha se preocupam com o crescimento dos ataques e, sobretudo, da disseminação de notícias falsas nas redes sociais. O temor é de que na reta final da campanha, tal qual na última eleição presidencial, robôs sejam utilizados para amplificar ondas de boatos por meio dos aplicativos de celular. Candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, o deputado estadual Bruno Engler tem recorrido às redes sociais para subir o tom contra o prefeito. Em fevereiro, a Justiça ordenou que o parlamentar removesse de seus perfis um vídeo ofensivo ao youtuber Felipe Neto, “sem indicação de qualquer veracidade”.
A campanha de Engler afirma se basear em fatos para atacar Kalil. O grande alvo do candidato bolsonarista, que se refere ao prefeito como ditador, são as medidas de isolamento social decretadas em razão da pandemia e a manutenção do fechamento parcial do comércio em Belo Horizonte, uma das metrópoles com menor incidência do novo coronavírus. Dono de construtoras, Kalil passou a ser visto como inimigo por comerciantes e empresários que protestaram a favor da reabertura econômica da cidade. “Se uma família perder uma pessoa querida em BH porque eu pensei em mim ou em reeleição, não vou conseguir dormir nunca mais. Prefiro morrer com um tiro que de remorso por ter sido covarde”, disse o prefeito em entrevista ao EL PAÍS, em maio.
Assim como a capital mineira, Curitiba também adotou medidas restritivas mais rígidas depois do prefeito Rafael Greca (DEM) sugerir, no início da pandemia, que o comportamento responsável da população seria suficiente para conter o vírus, mas voltar atrás ao ver o número de casos subir na cidade. De acordo com o Ibope, Greca, que chegou a ficar internado com covid-19 e recebeu alta no fim de setembro, lidera a corrida eleitoral com 47% das preferências de voto, contra 6% dos concorrentes Delegado Francischini (PSL) e Goura (PDT). As chances de levar a reeleição em primeiro turno aumentaram após a retirada da candidatura do deputado federal Ney Leprevost (PSD), secretário do governador Ratinho Junior, que anunciou apoio a Rafael Greca. Ao contrário de Kalil, o prefeito curitibano tem longa estrada na política. Já foi vereador, deputado estadual e federal, além de ter exercido outro mandato à frente da Prefeitura nos anos 90.
Candidatos à reeleição em vantagem
Um estudo da consultoria de relações públicas Concordia, baseado em números do Ibope, mostra que este será o ano de maior disputa eleitoral nas capitais, com previsão de no máximo seis disputas decididas em primeiro turno (além de Belo Horizonte e Curitiba, o levantamento também aponta favoritismo em Campo Grande, Florianópolis, Natal e Salvador), comparado às oito de 2016, nove de 2012 e 15 de 2008. O levantamento também aponta que não houve aumento significativo de candidaturas de outsiders, em que apenas cinco dos 26 concorrentes lançados nas principais cidades têm chance de vencer, e que a taxa de tentativa de reeleição (77%) voltou a subir em relação ao último pleito.
Enquanto Bruno Covas (PSDB-SP) e Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) enfrentam cenário mais complicado para emplacar novos mandatos nas maiores capitais do país, nomes menos badalados ampliam suas margens em busca da reeleição. Em Florianópolis, Gean Loureiro tem 44% das intenções de voto, quase 30 pontos de vantagem para a segunda colocada Angela Amin (PP), segundo pesquisa Ibope. Em março, o prefeito viralizou ao gravar um vídeo explicando a importância das medidas restritivas para achatar a curva de infecções por coronavírus. Na última quarta-feira, ele saiu do hospital depois de cinco dias internado por causa da doença.
A preferência por possíveis reeleitos também é verificada em Aracaju, Palmas e Natal, onde o atual mandatário Álvaro Dias (PSDB) lidera as pesquisas com mais de 30% das intenções. Em Salvador, o vice Bruno Reis (DEM), apoiado pelo prefeito ACM Neto, apresenta a maior vantagem entre os apadrinhados para sucessão: 42% contra 10% do Pastor Sargento Isidório (Avante) e 6% de Major Denice (PT) e Olívia Santana (PC do B). Com intuito de liquidar a fatura já no primeiro turno, o herdeiro da família Magalhães tem se esforçado desde o início da campanha para colar sua imagem à do candidato. Porém, na semana passada, a Justiça baiana determinou a diminuição das aparições do prefeito na propaganda eleitoral de Reis, limitadas a 25% do tempo de TV.
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Segundo a mais recente pesquisa Ibope, Kalil tem 59% da preferência dos eleitores belo-horizontinos, enquanto seus três principais concorrentes, João Vitor Xavier (Cidadania), Áurea Carolina (PSOL) e Bruno Engler (PRTB), somam juntos apenas 12%. Sua administração é aprovada por 64% dos entrevistados no levantamento. Pela ampla vantagem nas primeiras pesquisas, o prefeito, que se posiciona como candidato de centro e, em 2019, trocou o PHS —fundido com o Podemos— pelo PSD, a convite de Gilberto Kassab, se tornou a principal vidraça da campanha.
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A campanha de Engler afirma se basear em fatos para atacar Kalil. O grande alvo do candidato bolsonarista, que se refere ao prefeito como ditador, são as medidas de isolamento social decretadas em razão da pandemia e a manutenção do fechamento parcial do comércio em Belo Horizonte, uma das metrópoles com menor incidência do novo coronavírus. Dono de construtoras, Kalil passou a ser visto como inimigo por comerciantes e empresários que protestaram a favor da reabertura econômica da cidade. “Se uma família perder uma pessoa querida em BH porque eu pensei em mim ou em reeleição, não vou conseguir dormir nunca mais. Prefiro morrer com um tiro que de remorso por ter sido covarde”, disse o prefeito em entrevista ao EL PAÍS, em maio.
Assim como a capital mineira, Curitiba também adotou medidas restritivas mais rígidas depois do prefeito Rafael Greca (DEM) sugerir, no início da pandemia, que o comportamento responsável da população seria suficiente para conter o vírus, mas voltar atrás ao ver o número de casos subir na cidade. De acordo com o Ibope, Greca, que chegou a ficar internado com covid-19 e recebeu alta no fim de setembro, lidera a corrida eleitoral com 47% das preferências de voto, contra 6% dos concorrentes Delegado Francischini (PSL) e Goura (PDT). As chances de levar a reeleição em primeiro turno aumentaram após a retirada da candidatura do deputado federal Ney Leprevost (PSD), secretário do governador Ratinho Junior, que anunciou apoio a Rafael Greca. Ao contrário de Kalil, o prefeito curitibano tem longa estrada na política. Já foi vereador, deputado estadual e federal, além de ter exercido outro mandato à frente da Prefeitura nos anos 90.
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