Eu conheci a minha pior versão nesse desafio." "Teve muita treta na floresta." "Cheguei a pensar que iríamos realmente morrer na floresta congelados, esmagados ou eletrocutados." Não, não é um filme de terror. São apenas declarações de alguns dos participantes do novo reality do Multishow, Se Sobreviver, Case, que estreia nesta segunda-feira (27), às 22h30.
 
Na atração, exibida de segunda a sexta, quatro casais ficam pelados no meio da Mata Atlântica e com poucos suprimentos. Diariamente, eles são expostos a desafios que testam desde os medos e as habilidades de cada um até mesmo a fidelidade do parceiro ou parceira. Em 20 episódios, o público poderá conhecer mais dos casais e acompanhar as mudanças de postura deles conforme for chegando o frio, a chuva, a fome, a sede e a falta de humor. A ideia, ao final do desafio, não é conceder uma premiação a eles, mas fazê-los refletir sobre quão forte são seus relacionamentos, para que saibam se estão prontos para subir ao altar.
 
"O programa vai trazer uma narrativa novelesca ao mostrar a relação entre os casais e os conflitos que inevitavelmente surgem quando a união é colocada à prova. Eles vivem situações como passar a noite com outra pessoa e têm que tomar decisões difíceis em conjunto com o parceiro, mesmo nos momentos mais extremos", explica Tatiana Costa, diretora do Multishow. Sobre passar a noite com outra pessoa, um exemplo é o chamado "escambo". Um dos membros do casal terá de trocar suprimentos com outros casais em outros locais da mata. E eles eventualmente terão de dormir no abrigo vizinho.
 
RESISTÊNCIA NA MATA
Talvez quem mais tenha surtado na floresta tenha sido a hipnoterapeuta Sayuri Irie, 30, de Santo André (ABC). De acordo com ela, a relação de um ano e oito meses com o também hipnoterapeuta Wender Guidine, 38, até então a distância, foi colocada à prova na mata. "Pensava que seríamos parceiros superconectados, que não brigaríamos, que resolveríamos tudo de forma suave, sem estresse. Mas não foi bem assim, teve muita treta na floresta", adianta ela, que conta que era um sonho de criança participar de um programa que testasse seus limites.
 
Ela afirma ainda que o frio e a fome a deixaram fora de si. "Sempre tive muita vergonha do meu corpo e de ficar nua, então pensava que essa parte seria bem constrangedora. Com o tempo, você se acostuma e abstrai. Não imaginava, porém, que ficar sem comer, dormir e passar frio pudesse alterar tanto o meu estado emocional a ponto de ficar extremamente irritada e fora de mim. Conheci a minha pior versão."
 
Guidine diz que aceitou o desafio por imaginar que passaria uma lua de mel na floresta e seria uma grande oportunidade de elevar a hipnose a outro nível e testar todo o controle mental. "O público vai ver um casal comum com nota zero de habilidade manual para tentar sobreviver. O momento mais marcante, sem dúvida, foi o dia do temporal com raios e trovões estourando perto de nós e derrubando até árvores. Nesse dia, pensei que fôssemos realmente morrer na floresta congelados, esmagados ou eletrocutados."
 
Antes de aceitar o desafio, o casal diz que jamais haviam brigado. "Porém, durante esse desafio houve uma transformação enorme na nossa relação. Tanto ela como eu tivemos um autoconhecimento de novas versões de nós mesmos que nem sabíamos que existiam", afirma o hipnoterapeuta.
 
PELADOS E CHEIOS DE INSETOS 
Outro casal do Se Sobreviver, Case é formado pela terapeuta holística Paula Caldas, 33, e pelo fotógrafo Renato Costa, 37, ambos de São Paulo. Em um relacionamento de oito meses, eles aceitaram o desafio por se sentirem prontos para oficializarem a relação.Para eles, o maior perrengue foi encarar os insetos. "As barreiras psicológicas foram o aspecto mais difícil. A sua sanidade mental vai sendo destruída aos poucos. Faria tudo novamente, mas sozinho. Sem a presença de namorada, esposa, amigos ou familiares. Faria com pessoas que não conheço", diz Cost, que cita como o dia mais complicado quando tiveram de enfrentar uma chuva torrencial que tirou deles a capacidade de produzir fogo na floresta.
 
"Na adversidade destas condições, só há um caminho: ou ficávamos juntos, ou separávamos de vez. Porque as emoções são levadas ao extremo em todos os minutos. Espero que as pessoas vejam que, dentro de uma relação, tem de tudo: amor, ódio, ego, vaidade, amizade e carinho", completa. Apesar dos perrengues, o casal afirma que tudo valeu a pena. "Olhando para trás, nós reconhecemos a importância dessa experiência. Ela revelou quem realmente somos. Tiramos as máscaras do ego e da vaidade presentes no dia a dia dos casais."
 
Para Caldas, o que mais a atraiu para participar do programa foi o desafio inusitado de ter de ficar nua no meio da floresta em condições extremas. "Não tinha feito nada parecido. As barreiras psicológicas impostas foram complexas. Mas, sim, eu faria de novo."
 
Além de Sayuri Irie e Wender Guidine e Paula Caldas e Renato Costa, a atração tem mais dois casais. A técnica em enfermagem Layra, 23, e a enfermeira Viviana, 36, de Bauru, no interior paulista. Elas namoram a quase três anos e são vegana e vegetariana, respectivamente. Já a estudante carioca de odontologia Vitória, 25, e o modelo paulistano Stefano, 29, vivem um relacionamento aberto e a distância há um ano e nove meses.