CRESCIMENTO

As exportações mineiras de café e carne bovina mantiveram um ritmo de crescimento entre janeiro e outubro deste ano, driblando os prejuízos esperados pelo "tarifaço" do governo dos Estados Unidos sobre produtos agrícolas brasileiros. A medida restritiva durou pouco mais de três meses e não impediu o avanço do setor, segundo avaliação do governo de Minas.

A retirada da tarifa extra de 40% sobre as exportações brasileiras foi oficializada por decreto assinado pelo presidente americano, Donald Trump, na última quinta-feira (20/11). As cobranças adicionais estavam em vigor desde o dia 6 de agosto.

De acordo com o balanço do governo estadual, no acumulado de janeiro a outubro de 2025 — mesmo sob a vigência da sobretaxa em parte do período —, as exportações mineiras dos dois produtos atingiram US$ 16,4 bilhões, com aproximadamente 14 milhões de toneladas embarcadas.

“O resultado representa crescimento de 13% na receita e redução de 6,5% no volume, indicando valorização dos preços das commodities”, informou a gestão estadual em nota.

Para contornar o cenário adverso, o Executivo mineiro ressalta que a imposição americana acabou estimulando a busca por alternativas. “O cenário resultante da sobretaxa abriu espaço para a ampliação de parcerias comerciais de Minas Gerais na Ásia e na União Europeia, especialmente com China e Índia”, destacou o governo.

O Estado informou que adotou iniciativas para mitigar os danos às empresas e produtores durante a vigência das tarifas. Entre as medidas, destaca-se a devolução de valores retidos do ICMS de exportação.

A ação beneficiou contribuintes habilitados à transferência ou utilização de créditos acumulados decorrentes de vendas diretas para os EUA, focando nas mercadorias que foram alvo da sobretaxa.

“A Secretaria de Estado da Fazenda (SEF-MG) reforça seu compromisso de vigilância permanente e de apoio à economia mineira, mantendo-se à disposição para orientar os contribuintes conforme a legislação vigente”, comunicou a pasta.

Setor produtivo comemora

A Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (FAEMG) celebrou a revogação da medida. Em nota divulgada nesta segunda-feira (24/11), a entidade classificou o fim do tarifaço como “uma excelente notícia que promete injetar otimismo no mercado”.

"É uma ótima notícia para Minas Gerais. Nós exportamos muito café para os Estados Unidos. A retirada dos 10% e, agora, dos 40% vai nos dar uma condição de competitividade ainda maior", comemorou Antônio de Salvo, presidente da Faemg.

Segundo Salvo, a decisão traz tranquilidade imediata, especialmente para os cafeicultores: "Dá uma garantia para o produtor mineiro comercializar a safra tranquilo, sem atropelos. Não precisa ter pressa de vender, será possível negociar melhor".

O dirigente também enfatizou a importância da medida para a carne bovina. Os Estados Unidos são o segundo maior comprador do produto brasileiro, atrás apenas da China.

Lista de produtos livres da sobretaxa

Com o fim do decreto americano, os seguintes produtos agrícolas voltam a ser exportados sem a tarifa extra:

Carne bovina (todas as categorias);

Café (verde, torrado e derivados);

Frutas: frescas, congeladas e processadas (incluindo laranja, abacaxi, banana, manga e açaí);

Cacau e derivados;

Especiarias: pimenta, gengibre, canela, cúrcuma, entre outras;

Raízes e tubérculos (mandioca em todas as formas);

Sucos e polpas de frutas;

Fertilizantes (ureia, nitratos, potássicos, fosfatados).