Discretamente Zema vem fazendo mudanças na comunicação do seu governo. O setor é estratégico para a administração em período de crises e cresceu exponencialmente em importância com a pandemia do coronavírus. Longe de reinventar a roda, a equipe zemista está se inspirando em experiências passadas e adaptando o modelo de gestão do governo Aécio, aliás, muito bem sucedido na visão do mercado. O mentor intelectual é o mesmo: o publicitário Paulo Vasconcelos.

O rearranjo da comunicação, além de uma contingência da crise, é um desdobramento natural das mudanças recentes na secretaria de Governo, ao qual o setor é subordinado. Há um mês, o deputado Bilac Pinto, do DEM, foi substituído na chefia da pasta pelo ‘técnico’ Igor Eto, braço direito de Zema e membro do Novo. Com a troca, o governador e seu partido ganharam mais controle sobre a articulação política do governo, que é a principal tarefa da secretaria. Agora, aprofundando as mudanças, os novistas mexem na comunicação.

No novo arranjo do setor, Paulo Vasconcelos irá assessorar uma espécie de conselho integrado pelo secretário Eto e os servidores que dirigem as áreas de comunicação em secretarias e estatais. Esse modelo de gestão colegiada foi implantado em Minas pela irmã de Aécio, jornalista Andréa Neves. À época, era aplaudido pelas agências de publicidade e veículos de comunicação por tornar a propaganda oficial mais organizada e integrada; todos os esforços de mídia eram planejados e as mensagens coesas.

Vasconcelos é o publicitário mineiro mais renomado nos dias atuais. Comandou o marketing das campanhas a presidente de Aécio Neves e Henrique Meirelles. É um peso pesado no setor, uma aquisição de alto valor agregado para Zema. E ele vai contar no governo com o suporte operacional do também publicitário Roberto Bastianetto, atual subsecretário de Comunicação, cujo trabalho tem apoio maciço do mercado. Os dois devem bater boas bolas juntos.

Está nas mãos da dupla publicitária a missão de movimentar a propaganda do governo em tempos de coronavírus, não só para ajudar Zema a gerir a crise como, também, aliviar seus efeitos no mercado de comunicação. A publicidade governamental pode ser um gasto questionável e supérfluo em situações normais, mas ganhou justificação moral na paralisia econômica da pandemia. Veículos e agências estão à míngua. A retomada da propaganda oficial parece ser no momento a única tábua de salvação para o setor e seus empregos.

Zema continua sem um projeto para o Estado, depois que o seu plano de vender estatais e antecipar royalties do nióbio foi por água abaixo com a pandemia. Mas, pelo menos, o governador está dando um rumo para a sua política e comunicação. Já é um começo.