VIAGEM CANCELADA

O cancelamento de um voo da Azul com destino a Recife causou transtorno na manhã desta quinta-feira (23/1) no Aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Conforme relato de passageiros, a empresa aérea não informou os clientes sobre o cancelamento do voo, prejudicando aqueles que seguiram em conexão para Fernando de Noronha, uma vez que a ilha cobra uma Taxa de Preservação Ambiental.

“A gente chegou aqui 6h40 mais ou menos, não foi informado pela Azul que esse voo tinha sido cancelado, todo mundo veio para o aeroporto, chegamos na fila do check-in, não foi possível fazer na máquina, avisaram para a minha amiga, que estava na fila de prioridade, que estava cancelado. Viemos para a fila, ninguém explicou o motivo do porque cancelou”, contou a bióloga Juliana Resende.

O voo em questão tinha previsão de saída para 8h45. Para a viagem, Juliana estava acompanhada de outras 11 pessoas, dentre elas família e amigos. Eles tinham um voo de conexão para Fernando de Noronha por volta de 12h. Com o remanejamento, o grupo vai embarcar para Recife às 18h20 e conseguirá chegar à ilha apenas amanhã pela manhã. Segundo a Azul, o cancelamento ocorreu devido a problemas técnicos.

Em nota, a empresa confirmou o cancelamento e afirmou que os clientes impactados estão sendo assistidos, conforme a Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “A Azul lamenta eventuais transtorno e ressalta que medidas como essas são necessárias para conferir a segurança de suas operações, valor primordial para a companhia”, informou.

Os passageiros, que foram acomodados em um hotel até o horário do próximo voo, lamentam o ocorrido e relatam se sentiram lesados com a situação. Isso porque, além das taxas que já haviam sido pagas, como reserva de hotel e taxas da ilha, a empresa não concedeu um fretamento para o grupo de Recife para Fernando de Noronha. Eles irão separados em três voos regulares da empresa.

“Eu sou bióloga, é o sonho da minha vida [conhecer Fernando de Noronha], minha vida inteira eu quero isso. Nunca imaginei poder ir, porque é muito inacessível, em termos financeiros, inclusive. Por acaso, estava procurando, vi que a Azul fazia, e já tem seis meses mais ou menos, vi que estava possível o valor da passagem dentro daquilo que cabia nas minhas economias e fiz a reserva seis meses atrás. E no dia que você vai realizar um sonho, acontece isso”, lamenta Juliana.

“Consegui também uma pousada com preço melhor, mas lá tudo é muito caro, a alimentação é muito cara, a gente paga só de estadia em Noronha para entrar, paguei dois mil reais para três pessoas, fora a taxa de parque, tudo muito caro também. É um sonho mesmo, que eu nunca achei que eu fosse realizar pela dificuldade mesmo, porque a gente tem que se programar financeiramente para poder dar conta de fazer essas viagens. Aí, na hora da viagem, depois de planejar, sonhar, você chega aqui na expectativa de já pegar o voo, fazer uma coisa tranquila e não conseguir nem sair daqui, é difícil”, completa a bióloga.

O que fazer se o seu voo for cancelado?

A advogada especialista em Direito do Turismo e colunista do Estado de Minas, Luciana Atheniense, explica o que o cliente deve fazer caso a empresa aérea cancele um voo. Segundo a especialista, independente do motivo, a empresa deve avisar o cancelamento de um voo em até 72 horas antes do horário.

“A empresa tem informar os passageiros com 72 horas de antecedência sobre o cancelamento do voo, independente do motivo ser operacional, de tripulação, o que for. Tem que dar assistência material, informação, alimentação e hospedagem, caso seja necessário, pernoite. E a maior obrigação é remarcar em voo próprio ou de terceiro na primeira oportunidade”, explica a advogada.

Em relação ao caso de Juliana, a empresa não avisou com antecedência nem cumpriu a regra de remarcar o voo de imediato, pois havia outros voos de outras empresas aéreas e acabaram impondo aos consumidores a permanência no aeroporto por um longo período, sem assistência imediata. Ainda de acordo com a colunista, em casos como este, o passageiro deve documentar a situação o mais rápido possível.

“O consumidor deve pedir um documento da empresa para informar o motivo do cancelamento. Entrar no site do aeroporto para ver se tem alguma outra empresa que está decolando para o mesmo destino contratado. E também verificar se a própria empresa que cancelou está vendendo outros voos para o mesmo destino. Quer dizer, se mostrar isso, que ela continua vendendo para o mesmo destino, mostra que ela não está cumprindo aquele artigo 28 da Resolução 400, que seria endossar ou remarcar na primeira oportunidade”, conclui Atheniense.

Fusão entre Azul e Gol

A Azul e a Abra, dona da Gol, assinaram no último dia 15 o memorando que pode levar à fusão das companhias aéreas depois de aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Anac.

A expectativa é que o processo junto aos órgãos reguladores leve um ano, o que permitirá o início da operação conjunta em 2026. Apesar de existir pouca sobreposição de destinos, a combinação das duas aéreas cria um competidor com mais de 60% de participação no mercado no Brasil.

O negócio, no entanto, depende do cumprimento de diversas condicionantes. A principal é a conclusão do processo de recuperação judicial da Gol nos EUA, o chamado Chapter 11. A renegociação com os credores é fundamental para a redução do nível de endividamento da companhia.