Da RFI - "Um passo a mais, na falta de um grande salto", diz a manchete do jornal Libération sobre o final da COP 24, encontro internacional sobre o meio ambiente, organizado pela ONU, que aconteceu em Katowice, na Polônia. Mas o Brasil, Estados Unidos, Arábia Saudita e Rússia foram criticados pela falta de empenho.
"Depois de 13 dias e longas noites de intensas negociações, os 197 países da convenção da ONU para o clima conseguiram um acordo para as regras de aplicação do Acordo de Paris", explica o Libé. Com mais de cem páginas, o texto é resultado de três anos de um trabalho extremamente técnico realizado por especialistas no mundo todo.
"Depois do anúncio do casamento em Paris, há três anos, foi preciso negociar em detalhes os termos do contrato", declarou ao jornal Lola Vallejo, da consultoria Iddri, de Paris. "Foi uma COP tecnicamente difícil", diz. A amplitude das negociações das regras de aplicação "não esconde a falta de determinação dos Estados para aumentar esforços em prol da redução de emissões. É preciso que os países acordem e se comprometam em uma dinâmica doméstica e coletiva ao mesmo tempo", acrescenta a especialista.
Brasil é "bad boy" da COP 24
Libération lembra que o Brasil foi o "criador de problemas" dos últimos momentos da COP 24. Apesar de horas de discussões e um apelo, no sábado, de António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, ao presidente Michel Temer, o Brasil não fez concessões, conta Libération.
A comitiva brasileira conseguiu conseguir empurrar para a COP25, no Chile, várias decisões sobre aplicações do Acordo de Paris. Para o jornal econômico Les Echos, o Brasil foi o "bad boy" do evento, ao bloquear discussões sobre o mercado de carbono, sobre qual o país tem tido vantagens por muitos anos.
"Quatro países nos fazem de reféns", denunciou, na semana passada, o ex-presidente das Maldivas, Mohamed Nasheed, durante as negociações políticas do encontro, sem dar nome aos bois. O primeiro suspeito, imediatamente, são os Estados Unidos, conta Libération, pois desde o anúncio da saída do país do Acordo de Paris, aumentaram as obstruções americanas nas negociações.
"As impressões digitais dos Estados Unidos são visíveis em todo o acordo concluído no sábado", declarou Meena Raman, da ONG Rede do Terceiro Mundo (Third World Network), citada por Libération. "O maior poluidor do mundo diz aos países em desenvolvimento que eles têm a mesma responsabilidade que todos e ao mesmo tempo bloqueiam as transferências de tecnologia e apoios financeiros que esses países tanto precisam", diz a ambientalista.