Brasília - Nem mesmo o jornal O Globo, que apoio o golpe que colocou Michel Temer no poder, conseguiu disfarçar o desmonte da habitação popular do governo do peemedebista.
Lançado em março de 2009, o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, já gastou R$ 388,8 bilhões com imóveis para famílias que precisavam de crédito mais barato em busca da casa própria. Nos últimos anos, porém, a faixa 1 do programa, destinada à população de baixa renda, foi praticamente abandonada: entre janeiro e outubro do ano passado, apenas 0,5% dos recursos foram destinados a empreendimentos para esse grupo. Além do corte de verbas que impediu novas contratações, uma série de problemas prejudica a vida de famílias mais vulneráveis que já receberam seus imóveis: obras com problemas graves de execução, falta de serviços públicos, de infraestrutura urbana no entorno, violência e aumento no custo de vida são as principais reclamações dos beneficiários.
De todos os R$ 388,8 bilhões já investidos no programa, 21,4% (R$ 83,4 bilhões) foram para a faixa 1, que atende a famílias com renda mensal de até R$ 1,8 mil. Esse perfil permite que o imóvel seja quase todo subsidiado com recursos públicos, enquanto os beneficiários contribuem com prestações de até 15% da renda familiar por dez anos.
Quem conseguiu a casa própria principalmente nessa faixa, no entanto, vive uma miríade de problemas. E quem ainda não foi beneficiado pode, ao menos por ora, esquecer o sonho. Dados obtidos pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que, entre janeiro e outubro de 2017, dos R$ 56,7 bilhões movimentados no Minha Casa Minha Vida, apenas R$ 279 milhões — ou 0,5% do montante — foram para as pessoas de baixa renda.
As informações são de reportagem de Igor Mello em O Globo.