As sanções americanas afetaram muito o petróleo e outras áreas industriais deste país de 80 milhões de pessoas, mas alimentos, filmes, música e roupas ocidentais ainda estão amplamente disponíveis. E, 40 anos após a Revolução Islâmica e a tomada da Embaixada dos Estados Unidos, apesar dos cartazes e comícios declarando "Morte à América", os iranianos - particularmente os jovens - são adeptos dos produtos americanos.
"O estilo de vida americano é muito atraente", diz Ahmad Rezaee, de 21 anos, que bebeu duas garrafas de Coca enquanto conversava com um amigo. "(Coca-cola) retrata esse estilo de vida para nós."
As tensões aumentaram após a decisão do governo Trump no ano passado de se retirar do acordo nuclear assinado entre o Irã e as potências em 2015 e restaurar as sanções ao país. Nas últimas semanas, o Irã começou a violar abertamente os limites estabelecidos pelo acordo, dizendo que não pode aceitar os termos a menos que outros signatários ofereçam ajuda econômica.
Apesar disso, beber uma Coca ou uma Pepsi depois de comer kebab no Irã já virou um hábito, embora os refrigerantes não sejam tão doces quanto os seus equivalentes vendidos nos EUA. Ambas as marcas são engarrafadas por empresas locais, Khoshgovar Mashhad para a Coca-Cola; e Sasan e Neysun Shargh para Pepsi, que são afiliadas à Imam Reza Foundation, um conglomerado econômico ligado à teocracia xiita do país.
De acordo com um relatório de 2016 da empresa de pesquisa Euromonitor International, a Coca-Cola detinha 28% do mercado no Irã, enquanto a Pepsi tinha cerca de 20%.
Perguntada sobre as vendas naquele país, a Coca-Cola disse que vendeu concentrado para o Irã por mais de 20 anos de acordo com as políticas de sanções dos EUA. "As autorizações são de natureza muito restritiva", disse a Coca-Cola. "A empresa não possui qualquer participação acionária na engarrafadora do Irã e não possui ativos tangíveis no Irã."
A Pepsi não respondeu aos questionamentos da reportagem. A Kraft Heinz disse que "como muitas empresas ocidentais, alguns (de seus) produtos são disponibilizados por meio de um distribuidor local iraniano". A McIlhenny, fabricante da Tabasco, disse que "proíbe expressamente seus distribuidores de revenderem produtos da marca Tabasco no Irã."
"Infelizmente, como é o caso de todos os fabricantes, a McIlhenny tem uma capacidade limitada de impedir que redes de distribuição terceirizadas desviem secretamente nossos produtos para o Irã e muitas vezes precisamos contar com agências dos EUA e autoridades legais para identificar empresas de fachada e indivíduos envolvidos em evasão de sanções", disse o CEO da companhia, Harold Osborn, em comunicado.
No V Café, perto da Universidade de Teerã, os clientes bebiam Coca-Cola e temperavam sua comida com condimentos americanos enquanto vídeos de destinos de viagem de todo o mundo eram exibidos em uma tela gigante. Rezaee e Sima Najafzadeh, estudante de 21 anos, bebiam Coca-Cola, dizendo que gostavam do sabor e que gostariam de ter mais acesso a iPhones, McDonald's e outros produtos americanos. "Nós amamos os americanos", disse Sima.
Essa admiração também vale para filmes americanos. Rezaee reconheceu ter encontrado uma cópia pirata de Vingadores: Ultimato na internet já que a película não foi exibida nos cinemas do país.
Quem não têm uma boa conexão com a internet pode encontrar filmes lançados recentemente como John Wick 3: Parabellum por menos R$ 2 na movimentada rua Enghelab, em Teerã, onde os vendedores ambulantes também oferecem retratos de um jovem Al Pacino. Música pop e rock ocidental ecoam do ocasional de carros que passam pelo local.
Os canais de televisão estatais iranianos até transmitem filmes americanos mais antigos, dublados em farsi. O filme de Alta Frequência (2000), estrelado por Dennis Quaid, foi exibido recente.
No "Grand Bazaar" de Teerã, coração pulsante da capital, uma toalha de praia mostrando Mickey Mouse com uma prancha de surfe no sul da Califórnia estava pendurada em uma viga. Pilhas de jeans também estavam em oferta, mas marcas americanas como a Levi Strauss desapareceram nos últimos meses depois da desvalorização da moeda iraniana.
Essa situação do mercado, no entanto, foi boa para o Par Group, um fabricante local de jeans que produz cerca de 3 milhões de metros quadrados de jeans por mês a partir de materiais nacionais e estrangeiros. Vendedores nas lojas do no Bazaar reconheceram as raízes do produto na cultura cowboy americana, mas dizem que o jeans continua sendo popular nas ruas de Teerã.
"Em todo o mundo as pessoas usam jeans e os iranianos são muitos ligados na moda", diz Amin Moradi, um dos vendedores que trabalha neste grande complexo.
No gigantesco shopping center Irã Mall, em Teerã, uma loja chamada TOMSon vende o que parece ser o calçado Toms da marca homônima californiana. A empresa não respondeu aos pedidos de comentário sobre uma possível representação comercial no Irã.
De todas as importações americanas, no entanto, a mais improvável deve ser o Reator de Pesquisa de Teerã, um presente nuclear dos EUA que chegou ao país em 1967 como parte do programa "Atoms for Peace", criado nos anos 1950 pelo presidente americano Dwight D. Eisenhower, e que existe até os dias de hoje.
Produtos americanos fazem sucesso no Irã apesar de tensão diplomática
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"O estilo de vida americano é muito atraente", diz Ahmad Rezaee, de 21 anos, que bebeu duas garrafas de Coca enquanto conversava com um amigo. "(Coca-cola) retrata esse estilo de vida para nós."
As tensões aumentaram após a decisão do governo Trump no ano passado de se retirar do acordo nuclear assinado entre o Irã e as potências em 2015 e restaurar as sanções ao país. Nas últimas semanas, o Irã começou a violar abertamente os limites estabelecidos pelo acordo, dizendo que não pode aceitar os termos a menos que outros signatários ofereçam ajuda econômica.
Apesar disso, beber uma Coca ou uma Pepsi depois de comer kebab no Irã já virou um hábito, embora os refrigerantes não sejam tão doces quanto os seus equivalentes vendidos nos EUA. Ambas as marcas são engarrafadas por empresas locais, Khoshgovar Mashhad para a Coca-Cola; e Sasan e Neysun Shargh para Pepsi, que são afiliadas à Imam Reza Foundation, um conglomerado econômico ligado à teocracia xiita do país.
De acordo com um relatório de 2016 da empresa de pesquisa Euromonitor International, a Coca-Cola detinha 28% do mercado no Irã, enquanto a Pepsi tinha cerca de 20%.
Perguntada sobre as vendas naquele país, a Coca-Cola disse que vendeu concentrado para o Irã por mais de 20 anos de acordo com as políticas de sanções dos EUA. "As autorizações são de natureza muito restritiva", disse a Coca-Cola. "A empresa não possui qualquer participação acionária na engarrafadora do Irã e não possui ativos tangíveis no Irã."
A Pepsi não respondeu aos questionamentos da reportagem. A Kraft Heinz disse que "como muitas empresas ocidentais, alguns (de seus) produtos são disponibilizados por meio de um distribuidor local iraniano". A McIlhenny, fabricante da Tabasco, disse que "proíbe expressamente seus distribuidores de revenderem produtos da marca Tabasco no Irã."
"Infelizmente, como é o caso de todos os fabricantes, a McIlhenny tem uma capacidade limitada de impedir que redes de distribuição terceirizadas desviem secretamente nossos produtos para o Irã e muitas vezes precisamos contar com agências dos EUA e autoridades legais para identificar empresas de fachada e indivíduos envolvidos em evasão de sanções", disse o CEO da companhia, Harold Osborn, em comunicado.
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Os canais de televisão estatais iranianos até transmitem filmes americanos mais antigos, dublados em farsi. O filme de Alta Frequência (2000), estrelado por Dennis Quaid, foi exibido recente.
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"Em todo o mundo as pessoas usam jeans e os iranianos são muitos ligados na moda", diz Amin Moradi, um dos vendedores que trabalha neste grande complexo.
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