De acordo com os números oficiais, a pandemia provocou mais de 3,45 milhões de vítimas fatais em todo o mundo. Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
O mundo está "em guerra" contra a Covid-19, afirmou nesta segunda-feira (24) o secretário-geral da ONU, António Guterres, que fez um apelo para que a comunidade internacional adote uma lógica bélica para lutar contra a pandemia, que provocou mais de 300.000 mortes na Índia.

"Nós estamos em guerra contra um vírus. Precisamos da lógica e da urgência de uma economia de guerra para aumentar a capacidade de nossas armas", declarou Guterres em Genebra, no início da principal reunião anual dos países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A reunião começou poucas horas depois do anúncio de que a Índia superou a marca de 300.000 mortes por Covid-19, o terceiro país a atingir este número, depois dos Estados Unidos e do Brasil, enquanto a onda de contágios deixa o sistema hospitalar em colapso.

Muitos especialistas acreditam que o número real é muito mais elevado, pois a doença se propagou das grandes cidades para as áreas rurais, onde vive a maior parte da população de 1,35 bilhão de pessoas e onde há menos serviços de saúde.

De acordo com os números oficiais, a pandemia - cuja origem ainda é objeto de debate - provocou mais de 3,45 milhões de vítimas fatais em todo o mundo. Mas de acordo com a OMS, o balanço pode ser de "seis a oito milhões" de óbitos diretos e indiretos.

"A pandemia de Covid-19 gerou um tsunami de sofrimento. Mais de 3,4 milhões de vidas foram perdidas, quase 500 milhões de empregos foram destruídos e as empresas e bilhões de dólares saíram dos balanços das empresas", afirmou o secretário-geral da ONU.

- Centros de vacinação no Japão -
A apenas dois meses dos Jogos Olímpicos de Tóquio (23 de julho a 8 de agosto), o Japão inaugurou nesta segunda-feira os dois primeiros grandes centros de vacinação contra o coronavírus, com o objetivo de acelerar a campanha de imunização, cuja lentidão é muito criticada.

Apenas 2% dos quase 125 milhões de habitantes do Japão receberam até o momento as duas doses da vacina, contra 40% da população dos Estados Unidos.

A lentidão é explicada em parte pelas normas médicas rígidas e trâmites burocráticos, quando parte do país se encontra em estado de emergência para enfrentar a quarta onda de Covid-19.

"Os Jogos Olímpicos poderiam acontecer com mais tranquilidade se isto tivesse sido feito antes e 80 ou 90% da população estivesse vacinada antes do início do evento", declarou Munemitsu Watanabe, 71 anos, depois receber a primeira dose em Tóquio.

Na reunião de Genebra, o diretor-geral da OMS fez um apelo por um esforço global para garantir que 10% da população de cada país tenha sido vacinado contra a Covid-19 até setembro.

Tedros Adhanom Ghebreyesus informou que ao menos 115.000 profissionais da saúde morreram vítimas de Covid-19 desde o início da pandemia.

"Muitos foram infectados e, embora os registros sejam escassos, calculamos que pelo menos 115.000 profissionais da saúde e de cuidados pagaram o preço definitivo a serviço de outros", declarou no início da assembleia anual da organização.

- Passaporte sanitário -
A União Europeia (UE), cujas fronteiras externas estão fechadas desde março de 2020 para viagens "não essenciais", pretende estabelecer em 9 de junho - segundo a França - a lista de países de fora do bloco cujos cidadãos totalmente vacinados poderão entrar livremente no bloco.

Além desta "lista verde", serão estabelecidas listas mais restritivas - "laranja" e "vermelha". Esta última inclui atualmente Brasil, Argentina e Índia.

No Chile, o presidente Sebastián Piñera anunciou a implementação de um passe de mobilidade destinado aos que receberam duas doses de uma vacina contra a Covid-19.

O passe, que será digital, permitirá que os beneficiários possam se deslocar com liberdade dentro e fora de localidades em quarentena.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro liderou no domingo uma manifestação de milhares de motociclistas pelas ruas do Rio de Janeiro em apoio ao seu governo, gerando aglomerações em meio à pandemia.

Israel estuda acabar com a maioria das restrições vinculadas ao coronavírus no início de junho, informou o ministério da Saúde.

Mas as restrições impostas aos viajantes que chegam a Israel serão mantidas e o ministério cogita inclusive reforçá-las para evitar a entrada de variantes de Covid-19.

Israel iniciou uma grande campanha de vacinação no fim de dezembro. Mais de cinco milhões dos 9,3 milhões de israelenses (55% da população) receberam as duas doses da vacina.