Um jihadista sírio foi condenado na Alemanha nesta sexta-feira (21) à prisão perpétua por ter assassinado com uma arma branca um turista alemão e ferido gravemente seu companheiro, em um ataque homofóbico ocorrido em Dresden.

Em um caso descrito pela mídia alemã como o primeiro atentado islamita fatal contra pessoas homossexuais no país, o Supremo Tribunal Regional de Dresden condenou o agressor de 21 anos, identificado apenas como Abdullah A., pelo homicídio.

O tribunal estabeleceu uma "particular gravidade de culpa", o que significa que é muito improvável que ele seja libertado antecipadamente.

Ele também foi considerado culpado de outras acusações, como tentativa de homicídio e lesões corporais graves, após agredir o casal com uma faca cuja lâmina media 21 centímetros, em 4 de outubro de 2020.

Segundo relatos, as vítimas estavam de mãos dadas na rua quando Abdullah A. os atacou pelas costas. Um deles, Thomas L., de 55 anos, morreu posteriormente no hospital por causa dos ferimentos. O outro, Oliver L., de 53, sobreviveu, apesar dos ferimentos graves.

O juiz que presidia o tribunal, Hans Schlueter-Staats, destacou que Abdullah A. foi motivado por uma "ideologia islâmica radical" e via suas vítimas como "infiéis". "Ele queria punir os dois com a morte", acrescentou.

As autoridades judiciais receberam várias críticas por não terem identificado publicamente as vítimas como um casal gay durante semanas.

O assassino, nascido em Aleppo, na Síria, não se dirigiu ao tribunal durante todo o julgamento. Sua equipe de defesa, embora reconhecesse sua culpa, pediu uma pena mais leve, alegando que ele tinha apenas 20 anos quando cometeu os crimes.

Ele foi preso graças a exames de DNA, em 20 de outubro, quando carregava um facão em sua mochila, pouco mais de duas semanas após atacar os dois homens em frente ao Palácio da Cultura de Dresden.

Os investigadores afirmaram que ele comprou dois conjuntos de facas dias antes do ataque, com o objetivo de matar "infiéis".

Schlueter-Staats justificou a dura sentença observando que Abdullah A. não havia demonstrado o menor remorso. "Ele queria matar de novo depois desse ato", disse o juiz.

Após chegar à Alemanha ainda menor de idade durante o grande fluxo de refugiados de 2015, o sírio vivia sob o status de "tolerado", concedido a pessoas cujos pedidos de asilo foram rejeitados, mas que também não podem ser deportadas.

Segundo a promotoria, o jovem começou a se radicalizar em 2016. Em 2018, foi preso e julgado como menor por levantar fundos para organizações terroristas estrangeiras, o que lhe rendeu uma pena de dois anos e nove meses de prisão. Quando ele agrediu o casal, estava em liberdade condicional.