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O calendário é incerto. O último decreto adia até 13 de abril o debate sobre a reabertura. Mas ninguém dúvida que o adiamento será mais longo. Maio é o horizonte para as primeiras frestas de luz. Walter Ricciardi, membro do comitê executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e principal consultor do Ministério da Saúde, acredita que a normalidade só chegará com uma vacina. “Mas não podemos ficar todos trancados indefinidamente até que o ano termine. Precisamos encontrar um modelo que permita mover setores como a agricultura. Caso contrário, o que comeremos? Alguns circuitos produtivos devem poder ser postos em andamento. E atenção, esta não é a fase de tomar cerveja com os amigos, não é o momento para shows e danceterias. Só teremos uma proximidade como a de antes da crise com a vacina ou com uma terapia forte que nos dê a certeza da cura. Estamos falando de reabrir fábricas com um cuidadoso distanciamento.” Ninguém sabe quando essa fase chegará. Os números são melhores hoje, principalmente os de internações na UTI e óbitos. As estimativas feitas pelo Instituto Einaudi de Economia e Finanças, baseadas nesses números diários divulgados pela Defesa Civil, e levando em conta que poderiam ser pouco precisos (menores que a realidade), apontam três datas para esse momento: 5, 9 e 16 de maio. Depende das regiões. Nas previsões mais otimistas, Ligúria, Basilicata e Úmbria, por exemplo, poderia ser em 7 de abril. Em regiões como a Lombardia, no entanto, será preciso esperar até 22 de abril, e na Toscana não chegaria antes de 5 de maio.
O plano de médio prazo é ativar uma onda massiva de testes para determinar quem já superou a doença e tem anticorpos durante alguns meses para retomar a vida normal. Aqueles que sofreram um contágio poderão fazer isso antes. Esse é o caminho já escolhido pelas regiões de Vêneto (que comprou 700.000 testes sorológicos) e Toscana (1 milhão de testes). Mas a maioria desses sistemas tem uma taxa de erro de 7%, como aponta o próprio Ricciardi. “As pessoas precisam estar cientes de que podem se contagiar facilmente transportando o vírus nas mãos ou na roupa. Não dá para baixar a guarda. Podem voltar a trabalhar, mas deverão ficar muito atentas”, alerta. A convivência com o vírus da Covid-19 será auxiliada também por aplicativos de monitoramento e localização de doentes, como os que já estão disponíveis em países como a Coreia do Sul. O Governo italiano já recebeu dezenas de propostas de empresas de tecnologia, segundo fontes do Executivo.
Além do problema sanitário, a Itália trabalha duro em cenários econômicos. O país tem uma dívida pública de 135% do PIB e já mobilizou 450 bilhões de euros (2,6 trilhões de reais) para esta crise. Lorenzo Codogno, economista e ex-secretário do Tesouro italiano, prevê uma contração “muito violenta” da economia, de 10% a 11% do PIB, que não começaria a se recuperar antes do terceiro trimestre. “A recuperação pode ser mais rápida do que em outras crises. Vai depender da indústria, haverá muitos gargalos. Será preciso ajustar bastante os orçamentos familiares e empresariais. Haverá uma grande perda de poder aquisitivo”, assinala. A reconstrução econômica terá duas fases. A imediata será frear a crise financeira, apontam fontes do Executivo. “O risco é gerar uma situação como em 2008 e 2011, quando os mercados caíram, a prime rate subiu e os países mais fracos, como Itália e Espanha, entraram em um círculo vicioso do qual é difícil sair”. Codogno acredita que “sem eurobonds, sem capacidade fiscal centralizada, a única forma será ativar uma linha de crédito de precaução do Mecanismo Europeu de Estabilidade e abrir caminho para uma intervenção ilimitada do Banco Central Europeu”.
“Só assim é possível frear a crise financeira”, ressalta Codogno. “A segunda fase será a reconstrução da economia. E deverá haver recursos europeus disponíveis. Pode ser através de coronabonds, dentro do Mecanismo Europeu de Estabilidade ou do Banco Europeu de Investimentos, com programas de ajudas a empresas... A velocidade é crucial. Na reunião do Eurogrupo de terça-feira devem ser definidas todas as opções e até o final da próxima semana deve haver soluções.”
É um calendário longo −em muitos aspectos, alcançará o terceiro trimestre−, que ainda exigirá sacrifícios dos cidadãos sem poder oferecer um horizonte claro de recompensas.
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O calendário é incerto. O último decreto adia até 13 de abril o debate sobre a reabertura. Mas ninguém dúvida que o adiamento será mais longo. Maio é o horizonte para as primeiras frestas de luz. Walter Ricciardi, membro do comitê executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e principal consultor do Ministério da Saúde, acredita que a normalidade só chegará com uma vacina. “Mas não podemos ficar todos trancados indefinidamente até que o ano termine. Precisamos encontrar um modelo que permita mover setores como a agricultura. Caso contrário, o que comeremos? Alguns circuitos produtivos devem poder ser postos em andamento. E atenção, esta não é a fase de tomar cerveja com os amigos, não é o momento para shows e danceterias. Só teremos uma proximidade como a de antes da crise com a vacina ou com uma terapia forte que nos dê a certeza da cura. Estamos falando de reabrir fábricas com um cuidadoso distanciamento.” Ninguém sabe quando essa fase chegará. Os números são melhores hoje, principalmente os de internações na UTI e óbitos. As estimativas feitas pelo Instituto Einaudi de Economia e Finanças, baseadas nesses números diários divulgados pela Defesa Civil, e levando em conta que poderiam ser pouco precisos (menores que a realidade), apontam três datas para esse momento: 5, 9 e 16 de maio. Depende das regiões. Nas previsões mais otimistas, Ligúria, Basilicata e Úmbria, por exemplo, poderia ser em 7 de abril. Em regiões como a Lombardia, no entanto, será preciso esperar até 22 de abril, e na Toscana não chegaria antes de 5 de maio.
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Além do problema sanitário, a Itália trabalha duro em cenários econômicos. O país tem uma dívida pública de 135% do PIB e já mobilizou 450 bilhões de euros (2,6 trilhões de reais) para esta crise. Lorenzo Codogno, economista e ex-secretário do Tesouro italiano, prevê uma contração “muito violenta” da economia, de 10% a 11% do PIB, que não começaria a se recuperar antes do terceiro trimestre. “A recuperação pode ser mais rápida do que em outras crises. Vai depender da indústria, haverá muitos gargalos. Será preciso ajustar bastante os orçamentos familiares e empresariais. Haverá uma grande perda de poder aquisitivo”, assinala. A reconstrução econômica terá duas fases. A imediata será frear a crise financeira, apontam fontes do Executivo. “O risco é gerar uma situação como em 2008 e 2011, quando os mercados caíram, a prime rate subiu e os países mais fracos, como Itália e Espanha, entraram em um círculo vicioso do qual é difícil sair”. Codogno acredita que “sem eurobonds, sem capacidade fiscal centralizada, a única forma será ativar uma linha de crédito de precaução do Mecanismo Europeu de Estabilidade e abrir caminho para uma intervenção ilimitada do Banco Central Europeu”.
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É um calendário longo −em muitos aspectos, alcançará o terceiro trimestre−, que ainda exigirá sacrifícios dos cidadãos sem poder oferecer um horizonte claro de recompensas.