ELEIÇÕES 2026

O presidente do MDB em Belo Horizonte e ex-presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB), será candidato ao governo de Minas Gerais nas eleições de 2026. A decisão foi construída em articulação com lideranças estaduais do partido e tem o aval do presidente nacional da legenda, deputado federal Baleia Rossi (SP). Conforme apuração de O TEMPO, a direção nacional deve vir a Belo Horizonte nesta terça-feira (4/11) para, junto do presidente estadual, Newton Cardoso Junior, anunciar a decisão.

Gabriel chega ao cenário eleitoral para enfrentar o vice-governador Mateus Simões (PSD), que já se coloca como pré-candidato há um bom tempo e deixou o Partido Novo recentemente com esse objetivo. Por enquanto, outro nome que também já se colocou para a disputa em Minas é o ex-prefeito Alexandre Kalil (PDT), que enfrenta na Justiça um processo de inelegibilidade. Outros nomes que ainda estão indefinidos são os do senador Cleitinho (Republicanos) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Há uma expectativa no meio político de que Cleitinho lance a pré-candidatura ainda neste ano, mas o parlamentar mineiro ainda não confirmou. Nikolas também ainda não se manifestou oficialmente.

A decisão do MDB de ter Gabriel Azevedo como pré-candidato limita ainda mais as possibilidades do senador Rodrigo Pacheco (PSD) em Minas. O senador tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para concorrer em Minas, porém, ainda não se decidiu oficialmente. Com a filiação de Mateus Simões ao PSD, o MDB e o PSB seriam duas possíveis opções para Pacheco se filiar, caso queira concorrer.

A opção por uma candidatura própria do MDB teria sido resultado de uma necessidade da legenda em fazer frente ao crescimento nacional do PSD, de Gilberto Kassab, além de contribuir para a eleição de deputados federais do partido. A avaliação na direção do partido é que Minas Gerais “sofreria” com um vácuo de “candidatos de centro” e que o lançamento de um nome do MDB no estado seria capaz de ocupar esse espaço. Neste contexto, Gabriel teria surgido como o nome com o perfil considerado “mais adequado” para a disputa. 

Com a entrada de Gabriel nesse cenário eleitoral de 2026, o MDB mineiro tenta se firmar como força independente, afastando-se da imagem de sigla “sem candidato” e de mero coadjuvante em uma possível chapa encabeçada por Pacheco (PSD). O partido possui uma das maiores fatias do fundo eleitoral e terminou as eleições de 2024 em terceiro lugar no ranking de prefeitos eleitos, com 82 prefeituras.

A candidatura de Gabriel adiciona um nome de centro ao tabuleiro eleitoral e tende a fragmentar o eleitorado da capital mineira, base política tanto de Gabriel, de Simões e também de Kalil, que governou a cidade por dois mandatos.

De aliados a possíveis rivais

Gabriel Azevedo e Mateus Simões foram colegas na Câmara Municipal de Belo Horizonte e iniciaram a carreira política juntos, ainda no PSDB. Apesar de seguirem caminhos diferentes, mantêm relação de amizade. Agora, podem se enfrentar diretamente na disputa pelo governo estadual. “Se, há sete anos, fôssemos prever o que viria pela frente, ninguém acertaria. Todavia, entre muitas improbabilidades, a amizade restaria”, afirmou Gabriel recentemente nas redes sociais.

Relação com Kalil

A trajetória do presidente do MDB em BH também se cruza com a de Alexandre Kalil. O hoje pré-candidato do MDB foi assessor do ex-prefeito quando este presidia o Atlético Mineiro, entre 2009 e 2014, e coordenou sua primeira campanha à Prefeitura de BH em 2016. O rompimento veio ainda no primeiro mandato de Kalil, quando Gabriel se tornou um dos principais críticos da gestão. Ele chegou a presidir a CPI da BHTrans, uma das maiores derrotas políticas de Kalil antes da disputa pelo governo de Minas, em 2022, contra a reeleição de Romeu Zema (Novo).

Conversas com Cleitinho

O nome de Gabriel chegou a ser cogitado para compor a chapa do senador Cleitinho (Republicanos). Nas redes sociais, o ex-vereador publicou encontros com o parlamentar e com o deputado federal Euclydes Pettersen, presidente estadual do Republicanos. “Aproveito para agradecer ao senador Cleitinho, que sempre manteve uma relação respeitosa comigo e com quem o diálogo nunca faltou. Não concordamos em tudo — e justamente por isso conversamos”, afirmou Gabriel na ocasião.

Mudança de planos

Após as eleições municipais de 2024, Gabriel Azevedo havia declarado que pretendia disputar novamente a Prefeitura de Belo Horizonte. Pressões internas do MDB, contudo, o levaram a considerar a candidatura a deputado federal. Com o avanço das discussões sobre a sucessão estadual e a indefinição de Rodrigo Pacheco, a legenda decidiu apostar em um nome próprio — e Gabriel Azevedo foi o escolhido para liderar a chapa e reposicionar o MDB no cenário político mineiro.

Trajetória

O ex-vereador iniciou sua trajetória política na Câmara da capital, onde foi eleito em 2016 e reeleito em 2020. Tornou-se uma figura conhecida pelo estilo combativo, que lhe garantiu protagonismo, mas também atritos com colegas e adversários — incluindo o então prefeito Fuad Noman (PSD), que morreu em março deste ano. O comportamento rendeu a Gabriel processos, críticas públicas e até a abertura de dois processos de cassação, que não foram para frente.

Sem filiação partidária durante boa parte do mandato como vereador na capital, aproximou-se do MDB em 2024 e concorreu à Prefeitura de Belo Horizonte pela legenda. Começou a campanha distante dos primeiros colocados, mas terminou em quarto lugar, com cerca de 10% dos votos.