O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, reafirmou hoje que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) indicará um de seus filhos, o deputado federal Eduardo (PSL-SP), para o posto de embaixador do país nos EUA. Segundo o chanceler, existe "uma convicção" do acerto na escolha.

"Nós continuamos com a convicção, eu e o presidente Bolsonaro, que o nome é o melhor para a embaixada em Washington e acreditamos que o Eduardo provará isso na sabatina do Senado. Já está conversando com os senadores, provando que tem todas as condições de exercer o cargo. E o exercício dele trará frutos novos para o Brasil", disse o ministro.

Segundo Araújo, Eduardo teria "uma atuação diferenciada" de qualquer outro embaixador brasileiro no país norte-americano.

"Seria uma pessoa que tem acesso à Casa Branca. Uma pessoa que tem condições de concretizar as ações que queremos com os Estado Unidos. Vai ser uma decisão do Senado a aprovação ou não. Esperamos que os senadores realmente percebam as vantagens que a presença do Eduardo em Washington pode trazer para o Brasil, para as exportações, para os nossos investimentos", completou o chanceler.

Araújo participou nesta manhã na capital sul-mato-grossense do encerramento da 8ª Reunião do Grupo de Trabalho do Corredor Bioceânico, espécie de rota que será aberta entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile para potencializar a logística e a integração dos quatro países, além de fomentar os setores da cultura e do turismo.

Também presente no evento, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou que quem vai ter que definir se é ou não nepotismo a indicação de Eduardo Bolsonaro pelo presidente é o relator do caso na Comissão.

"Recebi o parecer mostrando que a indicação do Eduardo Bolsonaro não é nepotismo, pois não caracteriza um cargo de natureza essencialmente administrativa e política. Parecer tem para todos os gostos e tipos", disse Trad, referindo-se aos relatórios elaborados por consultorias ao Senado Federal. Os documentos dizem que, se os senadores entenderem que o cargo é técnico, estaria configurado nepotismo vedado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), e Eduardo não poderia ser indicado pelo pai, Jair Bolsonaro.

Se, por outro lado, o cargo for considerado de natureza política, não haveria impedimento de nepotismo. Os pareceres são solicitados sempre que há dúvidas em votações, mas não precisam ser seguidos.

Pela polêmica criada, a expectativa é grande, mas Trad disse que o rito segue exatamente o trâmite previsto. "Quando o projeto chegar na Comissão, vai tramitar normal. Não está atrasado e nem adiantado. A tramitação dele está seguindo o curso normal. O do embaixador da Malásia, por exemplo, é o mesmo (ritual)", disse o senador sul-mato-grossense.

Para ele, parece improvável que Bolsonaro indicará outro nome para o cargo. "Não tem mais caminho para se voltar atrás agora tem que ir para frente. Nós já conseguimos aumentar o número de membros da comissão que era 18 foi para 19. A comissão está completa e só esperar a mensagem chegar para darmos início a todo o processo", disse.