A comunidade internacional deve contemplar a adoção de sanções contra Israel para interromper a guerra em Gaza, afirmou no domingo (25) o chefe da diplomacia da Espanha, no momento em que representantes de nações europeias e do Oriente Médio, além do Brasil, iniciaram em Madri uma reunião para pedir o fim da ofensiva israelense.

O chefe da diplomacia brasileira, Mauro Vieira, participou do encontro. Na semana passada, o Brasil foi convidado para copresidir um grupo de trabalho da ONU que discutirá a criação de um Estado palestino.

Estavam presentes representantes de países europeus, incluindo França, Reino Unido, Alemanha e Itália, ao lado de enviados de Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Turquia, Marrocos, da Liga Árabe e da Organização de Cooperação Islâmica. Também participam lideranças de Noruega, Islândia, Irlanda, Eslovênia e Espanha.

Em nota, o Itamaraty disse que Vieira "defendeu o reconhecimento internacional do Estado da Palestina e sua admissão como membro pleno da ONU como passos indispensáveis para iniciar a implementação da solução de dois Estados". O ministro também criticou a falta de ação da comunidade internacional diante da crise humanitária em Gaza. O Brasil reconhece a Palestina como Estado soberano desde 2010.

Este é o segundo posicionamento do governo brasileiro neste fim de semana criticando as ações de Israel. No sábado (24), o presidente Lula condenou o ataque aéreo israelense que resultou na morte de 9 dos 10 filhos da médica palestina Alaa Al-Najjar.

"Já não se trata de direito de defesa, combater o terrorismo ou buscar a libertação dos reféns em poder do Hamas. O que vemos em Gaza hoje é vingança", disse o presidente em nota divulgada pelo Palácio do Planalto.

Na reunião em Madri, vários aliados tradicionais de Israel levantaram suas vozes para aumentar a pressão, depois que o Exército israelense intensificou as operações na Faixa de Gaza contra o grupo terrorista Hamas.

Israel retomou as operações militares no território palestino em 18 de março, após romper uma trégua de dois meses. E, desde 2 de março, aplicava um bloqueio total que provocou escassez de água, comida, combustíveis e medicamentos, o que gerou o temor de um cenário de fome no território palestino.

Durante a semana passada, no entanto, o país permitiu a entrada de caminhões com ajuda humanitária, informaram várias ONGs, mas a ajuda não tem chegado de fato à população que dela necessita.

A reunião em Madri tem como objetivo deter a guerra "desumana e sem sentido" de Israel em Gaza, disse o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, antes da abertura do encontro, que tem a participação de representantes de 20 nações e organismos internacionais.

A ajuda humanitária deve entrar em Gaza "massivamente, sem condições e sem limites, e não controlada por Israel", acrescentou, antes de descrever o território como uma "ferida aberta" da humanidade. "É preciso considerar tudo para interromper esta guerra", disse Albares, mencionando a possibilidade de imposição de sanções.

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, conversou por videoconferência com seus colegas árabes neste domingo e insistirá na "necessidade de pressão coordenada" para um cessar-fogo, ajuda e libertação dos reféns do Hamas, informou seu gabinete. Barrot também se reunirá com sua contraparte da Autoridade Palestina, Varsen Aghabekian Shahin, durante uma viagem à Armênia na próxima semana.

A guerra em Gaza começou devido ao ataque do Hamas em Israel em outubro de 2023, que matou mais de 1.200 pessoas, de acordo com uma contagem baseada em dados oficiais.Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 57 ainda estão cativas em Gaza. Dessas, 34 estão supostamente mortas, de acordo com o exército israelense.

Quase 54 mil palestinos, a maioria civis, morreram em Gaza como resultado da operação militar israelense, de acordo com dados que a ONU considera confiáveis do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.