Aos 36 anos, com um histórico de problemas nas costas e após passar por cirurgia no joelho em 2016, o atleta sabe até onde pode ir em segurança
Com a vitória nas quartas de final do Torneio de Roterdã, na Holanda, nesta sexta-feira (16), sobre o holandês Robin Haase, por 2 sets a 1 (4/6, 6/1 e 6/1), o suíço Roger Federer garantiu seu retorno à liderança do ranking mundial. Na próxima segunda (19), quando a lista for divulgada oficialmente, ele se tornará, aos 36 anos, o mais velho tenista, homem ou mulher, a estar no topo da lista -a marca anterior era da americana Serena Williams, que esteve na liderança pela última vez aos 35 anos.
"Ser o número 1 aos 36 anos, quase 37, é um sonho que se torna realidade", afirmou o tenista, que fará 37 anos em 8 de agosto. "Não consigo acreditar."
Entre os homens, o recorde anterior era de Andre Agassi. O americano tinha 33 anos da última vez que chegou ao topo, em 2003. O suíço também baterá marca de Nadal, que no ano passado havia se tornado o jogador a viver o maior intervalo entre a primeira vez que liderou o ranking e a mais recente.
Federer debutou na posição em fevereiro de 2004. Desde então foram três períodos de reinado e 302 semanas no total (a última em novembro de 2012), recorde que agora ele ampliará -entre os jogadores em atividade, Novak Djokovic é quem mais se aproxima, com 223 semanas.
A volta de Roger Federer à liderança do ranking acontece 13 meses depois de seu retorno triunfal às quadras, no Aberto da Austrália de 2017. Ele havia ficado seis meses sem participar de torneios oficiais para se recuperar de uma lesão no joelho.
No fim desse período de inatividade, o tenista chegou a figurar em 17ª no ranking mundial, sua pior posição desde que chegou pela primeira vez ao topo.
"Chegar ao número 1 é um dos maiores feitos que um atleta pode conseguir, se não for o maior. Ás vezes, no início, você joga tão bem que acaba chegando lá. Mais tarde, você luta e consegue recuperar a posição de alguém que merecia estar lá. Quando você está mais velho, parece que você tem que fazer o dobro do esforço, por isso, acho que esse [primeiro lugar] é o que tem maior significado na minha carreira", disse.
Ele e o espanhol Rafael Nadal -primeiro do mundo, que será ultrapassado na próxima segunda- dominaram a última temporada do circuito mundial. Os antigos rivais venceram dois Grand Slams cada.
O ano também foi marcado pelas lesões que ainda atrapalham o sérvio Novak Djokovic e o britânico Andy Murray, ambos ex-número 1 do ranking mundial de tênis.
Apesar de ter conquistado um título a mais do que o espanhol (7 contra 6), o suíço disputou menos partidas (57 ante 78) e acabou o ano 1.040 pontos atrás dele no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
Em entrevistas, Federer minimizou o duelo com o espanhol pelo número um. Dizia que esse não era o seu principal objetivo, e atitudes dele no ano passado confirmaram o discurso: abriu mão de jogar torneios no saibro e raramente emendou competições, por exemplo.
Aos 36 anos, com um histórico de problemas nas costas e após passar por cirurgia no joelho em 2016, o atleta sabe até onde pode ir em segurança. Como um predador astuto e paciente, Federer não avançou em falso. Até que a chance ideal apareceu.
Depois de ter vencido o Aberto da Austrália em Melbourne novamente e ainda longe do Masters 1.000 de Indian Wells -o próximo grande torneio do calendário, que começa em 8 de março-, ele optou por mudar sua programação inicial e pediu um convite para o torneio holandês.
Dessa vez, retornar ao topo era o objetivo declarado, e para isso bastaria ganhar três partidas em uma chave sem desafios aparentes. Como previsto, os triunfos vieram com tranquilidade, e o suíço fez história outra vez.
Federer enfrenta na semifinal o italiano Andreas Seppi, que ganhou do russo Daniil Medvedev, por 2 sets a 1. Na outra semifinal, o belga David Goffin encara o búlgaro Grigor Dimitrov. Com informações da Folhapress.