Artes visuais

No âmbito das comemorações de seus 90 anos, o Minas Tênis Clube (MTC) entrega à população de Belo Horizonte um novo espaço cultural: a Casa Rosada Gasmig Minas. A construção histórica, projetada pelo arquiteto Luiz Signorelli em 1929 e localizada no número 2.425 da Rua da Bahia, representa a primeira fase da ocupação daquela região da capital. A inauguração será na quinta-feira (20/11), com a abertura da exposição “Habitar o/in/visível – Coabitar a cidade”.

Com curadoria de Marconi Drummond e Maurício Meirelles, a mostra investiga tudo o que se passou e o que se passa no território onde foi construída Belo Horizonte. O conjunto vai de registros do que existia no local há milhares de anos, com indícios da existência de povos caçadores e coletores, até obras que evidenciam como as pessoas se apropriam e vivenciam BH atualmente.

Tombada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte em 2002, a Casa Rosada foi cedida pela Fundação Municipal de Cultura ao MTC há dois anos. Wanderleia Magalhães, gerente de cultura do Minas Tênis Clube, diz que o projeto de Drummond e Meirelles foi escolhido porque fala do passado e da história da cidade sem deixar de atentar para aspectos da contemporaneidade.

“Não é exposição estática, que se atém só ao passado. Ela faz uma conjunção de tempos”, destaca.

Drummond explica que a cidade está no centro, é o objeto nuclear da mostra. O acervo que a compõe resulta da colaboração entre diversas instituições, como Arquivo Público Mineiro, Arquivo Público de Belo Horizonte, museus, coleções particulares e bibliotecas, além do Minas Tênis Clube e da Gasmig. “A mostra articula toda a estrutura cultural e social da cidade”, diz.

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Exposição 'Habitar o/in/visível – Coabitar a cidade', na Casa Rosada, exibe obras e objetos que guardam a memória de Belo HorizonteLeandro Couri/EM/D.A Press

“Habitar o/in/visível – Coabitar a cidade” é composta por sete núcleos: “Origens”, “Ancestralidade”, “O arraial”, “A nova capital”, “Uma rua no tempo”, “Construtores”, “Operários e arquitetos” e “Habitar, coabitar”.

Em cada um deles, obras e objetos que guardam a memória de Belo Horizonte e de seu território convivem com criações atuais dos artistas Jorge dos Anjos, Preto Matheus, Márcio Sampaio, Laura Belém e Adel Souki, entre outros.

Em “Origens”, por exemplo, estão expostos minerais que remontam a milhares de anos e peças em cerâmica assinadas por Máximo Soalheiro. Em “Ancestralidade”, o visitante confere fotos da época da construção da capital e obras de Jorge dos Anjos e Preto Matheus, entre outros, que evidenciam a contribuição dos negros para a história da capital mineira.

Marconi Drummond pontua que algumas criações foram comissionadas junto a Isabela Prado, Daniel Escobar e Nídia Negromonte, entre outros.

“Brinco que é uma exposição histórica sem ser, porque é uma história atravessada pela contemporaneidade. Nos interessa pensar, repensar e até tensionar a história que conhecemos como a oficial, mas que ganha outra dimensão quando chamamos outros atores, outras vozes para falar da cidade”, diz.

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Marconi Drummond e Maurício Meireles assinam a curadoria da exposição de longa duração que ficará em cartaz na Casa Rosada Gasmig MinasLeandro Couri/EM/D.A Press

Maurício Meirelles chama a atenção para a diversidade dos dispositivos que compõem “Habitar o/in/visível – Coabitar a cidade”.

“Temos cartografia, fotografia, pinturas, objetos, um programa multimídia muito forte, arquivos sonoros, esculturas, obras interativas, enfim, um conjunto muito variado. Chamamos vários artistas para conversar conosco, para articular”, ressalta.

Os curadores destacam que o próprio imóvel é entendido como item da exposição, na medida em que se procurou preservar aspectos de seu passado – os pisos e recortes nas paredes que permitem ver a pintura original transportam o visitante para a década de 1930.

 

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Exposição “Habitar o/in/visível – Coabitar a cidade” propõe o diálogo de artistas visuais contemporâneos com a história de BHLeandro Couri/EM/D.A Press

Pátio e café
 
Além do interior do prédio, com seus dois andares de cômodos ocupados pela mostra, a Casa Rosada tem um pátio externo, ao fundo, que servirá para atividades artísticas e culturais, segundo Meirelles e Drummond.

O projeto arquitetônico se completa com um café, que vinha funcionando há mais tempo e, de acordo com os curadores, já foi apropriado pela população. Eles destacam, ainda, os dispositivos de acessibilidade integrados à construção.

Restauração

Em 2015, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (CDPCM-BH) aprovou a construção de edificação, de autoria do arquiteto Gustavo Penna, ao lado da Casa Rosada. Uma das condições era a restauração integral do imóvel histórico e a transferência em cessão, para que ele fosse destinado ao uso cultural.

O casarão passou por restauração entre 2018 e 2020, com projeto aprovado pelo CDPCM-BH em 2017. A cessão para gestão do Minas Tênis Clube é válida por 20 anos. Assim como o Centro Cultural Unimed-BH Minas, a Casa Rosada está integrada ao Circuito Liberdade.

CASA ROSADA GASMIG MINAS

Rua da Bahia, 2.425, Lourdes. Exposição “Habitar o/in/visível – Coabitar a cidade”, com curadoria de Marconi Drummond e Maurício Meirelles. Visitação gratuita a partir de quinta-feira (20/11). O espaço vai funcionar de terça a sábado, das 12h às 19h; domingos e feriados, das 12h às 18h.