Faltando exatamente um mês para o início da Copa do Mundo, a Anistia Internacional voltou a cobrar a Fifa e o Catar para mudanças na legislação trabalhista do país do Oriente Médio e para o pagamento de indenizações após abusos contra operários que atuaram na construção dos estádios e nas obras de infraestrutura do país. 

"Ainda que o Catar tenha feito avanços importantes em matéria de direitos trabalhistas nos últimos cinco anos, é evidente que ainda falta um bom caminho a ser percorrido. Milhares de trabalhadores seguem presos no conhecido ciclo de exploração e abusos devido a lacunas legais e à inadequada aplicação da lei", afirmou Steve Cockburn, diretor de Justiça Econômica e Social da Anistia Internacional.

Uma das preocupações da entidade é com o pagamento de indenizações aos trabalhadores que já sofreram a exploração ao longo dos últimos 12 anos - o Catar foi escolhido como país-sede da Copa em 2010. A Fifa já indicou que poderia criar um fundo para estas indenizações, mas nenhuma ação concreta já foi feita.

"Às portas da Copa do Mundo, a tarefa de proteger a população trabalhadora imigrante da exploração está só a meio caminho, enquanto a de indenizar a quem sofrer abusos está apenas começando", disse Cockburn.

Nesta quarta, estes questionamentos foram apresentados no documento chamado "Negócios não finalizados: o que o Catar precisa fazer para cumprir as promessas sobre os direitos dos trabalhadores imigrantes".

Nas últimas semanas, as ONGs, como a própria Anistia, aumentaram as cobranças junto à Fifa por medidas de compensação aos trabalhadores imigrantes, que ajudaram na construção dos estádios da Copa e nas obras de infraestrutura do Catar. Em maio, a Anistia cobrou uma indenização de pelo menos US$ 440 milhões (cerca de R$ 2,15 bilhões no câmbio daquele mês). Outras entidades, como a Human Rights Watch, também fizeram coro com o pedido de indenização, sem apresentar um valor específico.

Antes do pedido de valores, as ONGs pediram maior clareza nas informações e números sobre as obras da Copa. Elas cobraram a Fifa e o Catar para divulgarem o número exato de trabalhadores mortos ao longo das obras e também a causa destes óbitos.

A Fifa reiterou diversas vezes nos últimos anos que a Copa do Mundo estava servindo como "catalisador" da modernização das leis e da sociedade do Catar. O país, por sua vez, respondeu à Anistia Internacional para apontar "melhorias significativas" nas condições de trabalho, incluindo acomodações mais adequadas, regras de saúde e segurança, plano de saúde, entre outros.