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No Brasil, as portas se escancararam para treinadores estrangeiros após a passagem curta, porém vitoriosa, de Jorge Jesus pelo Flamengo. Antes dos técnicos portugueses e argentinos chegarem em grande volume no País, os treinadores mais experientes já se viram ameaçados por uma nova geração de profissionais, que surgiu principalmente entre 2015 e 2016. Roger Machado, Fábio Carille, Jair Ventura, Fernando Diniz e Mauricio Barbieri são alguns desses profissionais que conseguiram encontrar espaço em um mercado muito fechado e de alta rotatividade.
Abel Ferreira é um estudioso do futebol. O treinador do Palmeiras repete inúmeras vezes nas coletivas de imprensa que preza pelos conceitos táticos associados à formação humana. Sejam originais ou aplicados a um novo contexto, seus lemas, como "todos somos um", "cabeça fria e coração quente" e o mais recente "contra tudo e contra todos", mexem com os jogadores alviverdes e com os torcedores.
Treinadores brasileiros, no entanto, não estão se mostrando satisfeitos com Abel Ferreira. Suas entrevistas e frases são levadas aos adversários que se incomodam de alguma maneira e tentam rebatê-las nos quatro cantos do Brasil. Foi o caso de Cuca, do Atlético-MG, no fim de semana, e de Rogério Ceni, do São Paulo. Outros técnicos também já tiveram trocas de farpas com Abel, entre eles Jorginho, do Atlético-GO, Mano Menezes, do Internacional, e Alberto Valentim, atualmente sem clube.
CUCA
Após a vitória do Palmeiras sobre o Atlético-MG nos pênaltis pelas quartas de final da Libertadores, Abel Ferreira analisou o duelo e ponderou situações em que o adversário poderia ter se saído melhor por estar com mais jogadores em campo. O Palmeiras teve duas expulsões naquele jogo, de Danilo e Scarpa.
"O Cuca é um treinador experiente, com vários títulos na carreira. Quando ele assistir ao jogo, vai entender que ele tinha muitos jogadores por fora do nosso bloco, e você tem de colocar gente por dentro para atacar a nossa linha. Ele tinha os pontas por fora, os dois laterais abertos, os zagueiros por trás, mas poucos jogadores por dentro do nosso bloco. Por isso, foi mais fácil de controlar", explicou Abel.
Questionado sobre o tema no domingo, Cuca disse não ter ouvido a coletiva de Abel, mas alfinetou o treinador, seus lemas e outros detalhes do jogo que culminou com a terceira desclassificação seguida de Cuca para Abel na Libertadores. Em 2020, com o Santos, o treinador perdeu a final. No ano seguinte, caiu com o Atlético-MG nas semifinais, e, em 2022, nas quartas de final.
"É mais fácil para o Abel pôr o Dudu e o Rony para correr e marcar. Quando você tem característica de outros jogadores, você não consegue fazer isso. Meu time não conseguiria fazer isso, porque não é reativo, ele é proativo, coisa que o Palmeiras geralmente não faz. Eles têm bola longa, marcação individualizada e jogam no teu erro após a roubada de bola. Não tem jogo saindo, jogando. Quando você está vencendo, tudo que você faz é perfeito, bonito e maravilhoso", iniciou Cuca.
"Se você sai para o vestiário para ouvir música na hora dos pênaltis e ganha, vira moda. E se perde? Se você cai seis vezes no mesmo canto e ganha? É legal, lembra o Muralha o que aconteceu? E quando você tem dois jogadores expulsos? Não passa nada, porque 'a cabeça é fria'. Mas não foram cabeça fria, poderiam ter quebrado algum jogador. Se a derrota vem para eles nesse jogo, vocês estavam cobrando as duas expulsões, as seis quedas do goleiro no mesmo canto, o treinador que não ficou para os pênaltis... Quando se ganha, tudo é perfeito. Parabéns para o Abel, para o Palmeiras, boa sorte. Pronto, falei".
CENI
O Palmeiras foi eliminado pelo São Paulo nas quartas de final da Copa do Brasil em um jogo marcado por erro de arbitragem, admitido pela CBF, que culminou em uma decisão por pênaltis, que terminou com vitória tricolor. Após o jogo, Abel Ferreira disse que para ser campeão qualquer time precisa de várias condições, incluindo um pouco de sorte. O português afirmou que ele mesmo teve a sorte ao seu lado em outras decisões.
"Futebol é isto. Fomos melhores, mas no final passou o nosso adversário. Fizemos 2 a 0 e tivemos oportunidade de fazer o 3 a 0. Futebol é isso, em um lance, você pode eliminar o nosso adversário e no lance seguinte, em uma jogada bem trabalhada, pênalti. Também tem o fator sorte e acho que hoje nosso adversário foi muito feliz", disse Abel.
Minutos mais tarde, em coletiva, Rogério Ceni foi questionado se seu time teve sorte. O treinador são-paulino recordou outras vitórias que teve sobre o português para rebatê-lo.
"No futebol, quando se perde você é quem tem sorte, quando ganha é porque o outro foi incompetente na luta. Parece que é a segunda vez que tenho sorte contra ele. Com o Flamengo eu tive sorte e nós fomos campeões da Supercopa, e hoje também a sorte veio", rebateu o comandante do São Paulo. "Não tenho dificuldade em assumir superioridade, mas às vezes é bom também reconhecer (o mérito do rival). Tivemos 20 minutos completamente ruins, semelhantes à final do Paulista, mas o Palmeiras também ficou bem perdido no campo após perder o pênalti. Vamos tentar valorizar trabalho dos outros."
Abel Ferreira voltou a falar indiretamente sobre o tema em outra oportunidade, dizendo que os jogadores são os responsáveis por construir o resultado e que não se deve personalizar uma disputa.
JORGINHO
O técnico do Atlético-GO criticou Abel Ferreira em coletiva de imprensa após a derrota por 4 a 2 sofrida pelo time goiano diante do Palmeiras, no Allianz Parque, pelo Brasileirão. O campeão mundial de 1994 disse que a comissão técnica do Palmeiras não tinha respeito pela arbitragem.
"Não é à toa que não só ele, mas toda a comissão técnica vem sendo expulsa constantemente, porque falta esse tipo de respeito. Você bater palma para o árbitro é sacanear o cara. É uma coisa que me revolta como treinador, como brasileiro, ele vir no nosso País e estar desrespeitando nosso País, desrespeitando nossos árbitros, dizendo que (o árbitro Roman Abatti Abel) é cego, xingando de tudo quanto é nome e nada acontece", disse.
MANO MENEZES
Logo que iniciou seu trabalho no Internacional, Mano Menezes também falou sobre o modo como Abel lida com a arbitragem durante os jogos. O próprio técnico do Palmeiras já admitiu algumas vezes que precisa melhorar nesse aspecto e se controlar mais à beira do campo.
"Quanto ao meu comportamento (com a arbitragem), achei que estava meio exagerado. Aí, fiquei olhando o Abel Ferreira, do Palmeiras, e virei um juvenil em termos de reclamação. Mas, como a tolerância é maior com quem vem de fora, a coisa andou mais normalmente", disse Mano em entrevista à Rádio Grenal.
Mano Menezes também relembrou no domingo a explicação de Abel Ferreira sobre a classificação diante do Atlético-MG na Libertadores. O técnico do Inter usou a argumentação do português para apontar em que aspectos seu time precisa melhorar.
"Vamos ter oportunidade de trabalhar melhor as construções das jogadas, as posturas diferentes da equipe quando o adversário está com linhas baixas. Vocês ouviram uma aula aí semana passada de que 'tem de colocar gente dentro do bloco, não pode só jogar por fora do bloco'", ironizou o técnico colorado.
ALBERTO VALENTIM
Alberto Valentim não gostou da forma como Abel Ferreira comemorou o título da Recopa sul-americana, conquistada pelo Palmeiras sobre o Athletico-PR no início do ano. O comandante alviverde chutou um copo de água e revoltou a delegação paranaense. Abel pegou dois jogos de suspensão pelo ato.
"Vocês vira o que Abel Ferreira fez? Desnecessário, chutou uma água no nosso banco, bateu na mesa do delegado. Não entendi que tipo de comemoração é essa. Tem de perguntar para ele essa idiotice que ele fez", afirmou Valentim, que atualmente está sem clube.
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No Brasil, as portas se escancararam para treinadores estrangeiros após a passagem curta, porém vitoriosa, de Jorge Jesus pelo Flamengo. Antes dos técnicos portugueses e argentinos chegarem em grande volume no País, os treinadores mais experientes já se viram ameaçados por uma nova geração de profissionais, que surgiu principalmente entre 2015 e 2016. Roger Machado, Fábio Carille, Jair Ventura, Fernando Diniz e Mauricio Barbieri são alguns desses profissionais que conseguiram encontrar espaço em um mercado muito fechado e de alta rotatividade.
Abel Ferreira é um estudioso do futebol. O treinador do Palmeiras repete inúmeras vezes nas coletivas de imprensa que preza pelos conceitos táticos associados à formação humana. Sejam originais ou aplicados a um novo contexto, seus lemas, como "todos somos um", "cabeça fria e coração quente" e o mais recente "contra tudo e contra todos", mexem com os jogadores alviverdes e com os torcedores.
Treinadores brasileiros, no entanto, não estão se mostrando satisfeitos com Abel Ferreira. Suas entrevistas e frases são levadas aos adversários que se incomodam de alguma maneira e tentam rebatê-las nos quatro cantos do Brasil. Foi o caso de Cuca, do Atlético-MG, no fim de semana, e de Rogério Ceni, do São Paulo. Outros técnicos também já tiveram trocas de farpas com Abel, entre eles Jorginho, do Atlético-GO, Mano Menezes, do Internacional, e Alberto Valentim, atualmente sem clube.
CUCA
Após a vitória do Palmeiras sobre o Atlético-MG nos pênaltis pelas quartas de final da Libertadores, Abel Ferreira analisou o duelo e ponderou situações em que o adversário poderia ter se saído melhor por estar com mais jogadores em campo. O Palmeiras teve duas expulsões naquele jogo, de Danilo e Scarpa.
"O Cuca é um treinador experiente, com vários títulos na carreira. Quando ele assistir ao jogo, vai entender que ele tinha muitos jogadores por fora do nosso bloco, e você tem de colocar gente por dentro para atacar a nossa linha. Ele tinha os pontas por fora, os dois laterais abertos, os zagueiros por trás, mas poucos jogadores por dentro do nosso bloco. Por isso, foi mais fácil de controlar", explicou Abel.
Questionado sobre o tema no domingo, Cuca disse não ter ouvido a coletiva de Abel, mas alfinetou o treinador, seus lemas e outros detalhes do jogo que culminou com a terceira desclassificação seguida de Cuca para Abel na Libertadores. Em 2020, com o Santos, o treinador perdeu a final. No ano seguinte, caiu com o Atlético-MG nas semifinais, e, em 2022, nas quartas de final.
"É mais fácil para o Abel pôr o Dudu e o Rony para correr e marcar. Quando você tem característica de outros jogadores, você não consegue fazer isso. Meu time não conseguiria fazer isso, porque não é reativo, ele é proativo, coisa que o Palmeiras geralmente não faz. Eles têm bola longa, marcação individualizada e jogam no teu erro após a roubada de bola. Não tem jogo saindo, jogando. Quando você está vencendo, tudo que você faz é perfeito, bonito e maravilhoso", iniciou Cuca.
"Se você sai para o vestiário para ouvir música na hora dos pênaltis e ganha, vira moda. E se perde? Se você cai seis vezes no mesmo canto e ganha? É legal, lembra o Muralha o que aconteceu? E quando você tem dois jogadores expulsos? Não passa nada, porque 'a cabeça é fria'. Mas não foram cabeça fria, poderiam ter quebrado algum jogador. Se a derrota vem para eles nesse jogo, vocês estavam cobrando as duas expulsões, as seis quedas do goleiro no mesmo canto, o treinador que não ficou para os pênaltis... Quando se ganha, tudo é perfeito. Parabéns para o Abel, para o Palmeiras, boa sorte. Pronto, falei".
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O Palmeiras foi eliminado pelo São Paulo nas quartas de final da Copa do Brasil em um jogo marcado por erro de arbitragem, admitido pela CBF, que culminou em uma decisão por pênaltis, que terminou com vitória tricolor. Após o jogo, Abel Ferreira disse que para ser campeão qualquer time precisa de várias condições, incluindo um pouco de sorte. O português afirmou que ele mesmo teve a sorte ao seu lado em outras decisões.
"Futebol é isto. Fomos melhores, mas no final passou o nosso adversário. Fizemos 2 a 0 e tivemos oportunidade de fazer o 3 a 0. Futebol é isso, em um lance, você pode eliminar o nosso adversário e no lance seguinte, em uma jogada bem trabalhada, pênalti. Também tem o fator sorte e acho que hoje nosso adversário foi muito feliz", disse Abel.
Minutos mais tarde, em coletiva, Rogério Ceni foi questionado se seu time teve sorte. O treinador são-paulino recordou outras vitórias que teve sobre o português para rebatê-lo.
"No futebol, quando se perde você é quem tem sorte, quando ganha é porque o outro foi incompetente na luta. Parece que é a segunda vez que tenho sorte contra ele. Com o Flamengo eu tive sorte e nós fomos campeões da Supercopa, e hoje também a sorte veio", rebateu o comandante do São Paulo. "Não tenho dificuldade em assumir superioridade, mas às vezes é bom também reconhecer (o mérito do rival). Tivemos 20 minutos completamente ruins, semelhantes à final do Paulista, mas o Palmeiras também ficou bem perdido no campo após perder o pênalti. Vamos tentar valorizar trabalho dos outros."
Abel Ferreira voltou a falar indiretamente sobre o tema em outra oportunidade, dizendo que os jogadores são os responsáveis por construir o resultado e que não se deve personalizar uma disputa.
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O técnico do Atlético-GO criticou Abel Ferreira em coletiva de imprensa após a derrota por 4 a 2 sofrida pelo time goiano diante do Palmeiras, no Allianz Parque, pelo Brasileirão. O campeão mundial de 1994 disse que a comissão técnica do Palmeiras não tinha respeito pela arbitragem.
"Não é à toa que não só ele, mas toda a comissão técnica vem sendo expulsa constantemente, porque falta esse tipo de respeito. Você bater palma para o árbitro é sacanear o cara. É uma coisa que me revolta como treinador, como brasileiro, ele vir no nosso País e estar desrespeitando nosso País, desrespeitando nossos árbitros, dizendo que (o árbitro Roman Abatti Abel) é cego, xingando de tudo quanto é nome e nada acontece", disse.
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Mano Menezes também relembrou no domingo a explicação de Abel Ferreira sobre a classificação diante do Atlético-MG na Libertadores. O técnico do Inter usou a argumentação do português para apontar em que aspectos seu time precisa melhorar.
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Alberto Valentim não gostou da forma como Abel Ferreira comemorou o título da Recopa sul-americana, conquistada pelo Palmeiras sobre o Athletico-PR no início do ano. O comandante alviverde chutou um copo de água e revoltou a delegação paranaense. Abel pegou dois jogos de suspensão pelo ato.
"Vocês vira o que Abel Ferreira fez? Desnecessário, chutou uma água no nosso banco, bateu na mesa do delegado. Não entendi que tipo de comemoração é essa. Tem de perguntar para ele essa idiotice que ele fez", afirmou Valentim, que atualmente está sem clube.