Brasil247 - O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães falou à TV 247 sobre a crítica situação do Brasil com o governo atual e avaliou como principal problema o grande número e desempregados no país que já ultrapassa os 13 milhões de pessoas. Samuel Pinheiro também comentou sobre a reforma da Previdência e as mobilizações do 15 de maio que levaram mais de dois milhões de estudantes, professores e pais de alunos às ruas.
Ele fez uma análise geral na economia brasileira e lembrou o alto índice de desemprego no país. "No momento são 13 milhões de desempregados, esses desempregados são principalmente jovens, a taxa de desemprego dos jovens é 27%, igual a da Alemanha antes da guerra. A maior incidência de desemprego é entre as pessoas negras e pardas e entre as mulheres, portanto, entre os mais pobres. Esse desemprego, que não nasceu do nada, atinge principalmente essas pessoas mais pobres. A economia está totalmente estagnada, todas as previsões de crescimento são péssimas. Os editoriais dos jornais já não sabem mais que adjetivos atribuir ao governo, inépcia, incapacidade, desvairismo, cesarismo e assim por diante. E as pesquisas de opinião também são péssimas, a incerteza entre os investidores é enorme, então nada vai mudar".
Para o embaixador, todo esse cenário é decorrente do programa econômico do ministro da Economia, Paulo Guedes, que, segundo Samuel, é o inimigo do povo brasileiro. "Isto é causado por um programa recessivo, um programa econômico recessivo que é hoje em dia, foi capitaneado antes com o senhor Meirelles, e que passou a ser agora pelo senhor Paulo Guedes. O senhor Paulo Guedes é o inimigo do povo brasileiro. O senhor presidente da República, cujo nome prefiro não citar, e outros dos seus chamados acólitos, familiares, ministro do Exterior, profeta da Virgínia, isso tudo faz parte de um picadeiro circense, onde acontecem coisas que todo mundo de um lado ri, mas de outro lado fica ofendido".
Outra crítica feita ao ministro Guedes foi a política de privatização que está sendo implantada por ele. "O senhor Paulo Guedes, agora nos Estados Unidos, disse o seguinte: que o governo brasileiro ia vender tudo, inclusive o Palácio do Planalto. Isso é de uma desfaçatez extraordinária e não houve um protesto, nem no parlamento e nem nos partidos. É uma desfaçatez nunca atingida na política brasileira e é contra o povo, claro que não é contra os donos de bancos nem contra os donos das empresas, claro que não é. Isso é uma coisa gravíssima porque se de um lado os jornais estão contra o presidente, por outro lado apoiam o programa econômico do senhor Paulo Guedes, o que é um desastre para o povo brasileiro porque só vai piorar a situação, nada indica que vai melhorar porque é um programa que aprofunda a crise".
Para solucionar o desemprego que assola o país, o embaixador apontou como caminho a expansão da economia, ou seja, ampliar a perspectiva de lucro das empresas no Brasil. "A primeira coisa é acabar com a chamada PEC 95 que estabelece a limitação de gastos, ela vai limitando gastos e vai reduzindo os investimentos do Estado, isso cria uma maior insegurança geral. De outro lado aumentando os investimentos do Estado nessas áreas que têm efeito sobre os mais pobres mas também tem o efeito de mostrar para as empresas que vai haver uma política de expansão da economia. Como é que a expansão da economia se verifica? Quando as empresas veem a perspectiva de lucro, quando a perspectiva é retracionista, negativa, ela naturalmente resulta nisso".
Samuel Pinheiro Guimarães também comentou sobre os cortes de mais de 30% nas universidades públicas no país ordenados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, e sobre o poder de mobilização dos estudantes. "Há duas coisas que não minha opinião são importantes, a questão do trabalho é muito importante mas o que mobilizou as pessoas não foi o trabalho, foram os cortes na Educação porque os estudantes são uma força política dinâmica porque são jovens, têm uma expectativa de futuro, então estão preocupados com seu futuro, sabem que o corte nos programas de Educação os prejudica diretamente no mercado de trabalho futuro, então eles são um ponto muito importante. Essas manifestações causaram grande abalo no governo".
Sobre a reforma da Previdência, o embaixador afirmou que as únicas interessadas no avanço da propostas são as empresas, que visam ter mais lucro sem a obrigatoriedade de contribuir para o sistema previdenciário. "Previdência é uma coisa que interessa às empresas porque elas deixam de pagar a contribuição previdenciária imediatamente. A Previdência desconstitucionaliza certas regras. A contribuição hoje é dos empregados, do Estado e dos empregadores, os empregadores pagam 20%, creio que os empregados pagam de 8% a 10% e o Estado paga alguma coisa. O que eu estou querendo dizer é o seguinte: nenhum empresário está preocupado com o equilíbrio fiscal do Estado, está preocupado com o equilíbrio fiscal da sua empresa, em pagar menos impostos e ter mais lucros. Então nessa reforma eu entendo que desconstitucionaliza a questão da contribuição das empresas, e a ideia é acabar com a contribuição das empresas para justamente criar o sistema de capitalização. Isso faz parte do programa do Guedes que é vigorosamente uma loucura, uma loucura econômica, totalmente errada do ponto de vista teórico, totalmente errado do ponto de vista prático e totalmente errado do ponto de vista político".
Samuel Pinheiro Guimarães: Paulo Guedes é o inimigo do povo brasileiro
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O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães critica de forma contundente a declaração feita pelo ministro da Economia nos EUA, onde anunciou a venda de "tudo, inclusive do Palácio do Planalto"; "Isso é de uma desfaçatez extraordinária e não houve um protesto, nem no parlamento e nem nos partidos. É uma desfaçatez nunca atingida na política brasileira e é contra o povo, claro que não é contra os donos de bancos nem contra os donos das empresas"; assista