O densímetro é item obrigatório em toda bomba de etanol
Foto: Alexandre Carvalho/A2img/FotosPúblicas


A opinião é geral e parte de fabricantes de componentes, montadoras, engenheiros e mecânicos: um dos maiores vilões no desgaste de peças e componentes dos veículos automotores é o combustível adulterado. Essa nefasta prática assola países como o Brasil, em grande parte em função de uma fiscalização ineficiente e de leis brandas. 

Muitas vezes alheio às consequências do problema, o motorista brasileiro nem sempre associa os combustíveis adulterados a problemas sérios no funcionamento do carro, que podem ir desde um aumento no consumo de combustível até danos irreparáveis no motor.

As mais comuns. As adulterações feitas no etanol e na gasolina vendidos nos postos de combustíveis podem ser as mais insuspeitas possíveis. É comum, por exemplo, em testes de laboratório, a descoberta da presença de solventes misturados ao combustível ou de sais minerais, decorrentes do excesso de sujeira no líquido. 

 

As fraudes mais comuns, entretanto, são feitas a partir da mistura inadequada do combustível. A gasolina vendida no Brasil pode ter em sua mistura, de acordo com lei federal, até 27% de álcool anidro – que é o álcool puro, não hidratado.

Desconfie do preço. Algumas precauções simples, no entanto, podem evitar que se adquiram combustíveis adulterados. De uma maneira geral, postos que não têm uma bandeira conhecida ou praticam preços muito abaixo da média são suspeitos. Desconfie sempre de um posto que ofereça preços muito abaixo da concorrência em uma mesma região e peça sempre a nota fiscal do abastecimento.

O próprio consumidor pode fazer a sua parte e se precaver. O correto é abastecer sempre no mesmo posto ou em locais que divulgam a qualidade do combustível e ficar atento ao consumo do seu carro. Se estiver muito acima do normal, pode ser combustível “batizado”.

Ao lado da bomba

Densímetro. Infelizmente, é muito difícil identificar adulterações no momento do abastecimento. Contudo, a professora Maristhela Marin, do departamento de engenharia química do Centro Universitário FEI, explica que, para o etanol, uma forma de verificar adulterações é observando o valor indicado no densímetro, que fica fixado ao lado das bombas nos postos e traz uma explicação de como funciona no próprio equipamento.

“As adulterações são normalmente feitas a partir da adição de água no etanol, fazendo com que sua densidade fique mais alta do que o limite permitido”, orienta a professora.

As fraudes na gasolina são mais difíceis de detectar

O professor e doutor Luís Fernando Novazzi, também de engenharia química da FEI, alerta que as adulterações da gasolina são mais difíceis de serem detectadas. “Em geral, são adicionados solventes orgânicos nesse combustível, que somente poderiam ser analisados por cromatografia, um ensaio relativamente complexo e que não está disponível em qualquer laboratório. Por isso, o ideal é verificar se o produto foi aprovado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão que avalia e monitora a qualidade dos combustíveis no Brasil”, comenta Novazzi.

Neste caso, como a possível adulteração só é percebida depois do abastecimento, Novazzi sugere que os motoristas desconfiem da qualidade do produto quando notarem funcionamento irregular do motor ou um consumo mais elevado de combustível.

Golpe da “bomba baixa”

Caso desconfie que a quantidade de combustível abastecida no tanque do carro é menor do que a registrada na bomba, peça ao posto para testar o equipamento na sua frente. No teste, o representante do posto deve utilizar medida padrão de 20 L aferida e lacrada pelo Inmetro. 

Conforme a nova portaria do Inmetro n° 294, que entrou em vigor em janeiro deste ano, para um volume de 20 L indicado no mostrador, os limites de erro ficam entre – 60 mL e + 100 mL no volume do vasilhame aferidor. Caso contrário, denuncie à ANP.

Outras dicas

Como denunciar? Caso suspeite de irregularidade, você pode denunciar o posto pelo site da ANP: anp.gov.br/faleconosco ou pelo telefone 0800 970 0267. Quanto mais informações você tiver sobre o posto – como CNPJ, razão social, endereço e distribuidora –, melhor. Essas informações constam em adesivos nas bombas e no quadro de avisos do posto.
Precauções. Combustível adulterado diminui a lubricidade do óleo e danifica o motor. É possível minimizar os riscos obedecendo aos períodos sugeridos pelas montadoras para a troca dos filtros de combustível e de óleo – em geral, a cada 10 mil quilômetros.
Exija a nota. Para se resguardar, exija sempre a nota fiscal no ato do abastecimento e guarde-a. Os postos credenciados e que não têm histórico de adulteração emitem a nota sem criar problemas.