Em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio de Minas Gerais chegou a R$ 205 bilhões e passou a ter a maior participação da série histórica na composição do PIB Estadual, que foi estimado em R$ 924,7 bilhões. O resultado supera em 22,7% o valor de 2021, que foi de R$ 167 bilhões.

Os dados foram anunciados pela Fundação João Pinheiro (FJP) em evento realizado em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) ontem (23/05).

Segundo os dados da FJP, o PIB do agronegócio mineiro registrou variação positiva tanto em volume produzido ao longo de 2022 quanto valorização dos preços, o que foi importante para o aumento do resultado.

“Em 2022, tivemos um crescimento de 6,3% na quantidade produzida e uma evolução dos preços de 15,4%. Estes dois fatores se somaram e contribuíram para a evolução do valor de R$ 167 bilhões do PIB em 2021 para os R$ 205 bilhões em 2022”, explicou o economista da Fundação João Pinheiro, Raimundo de Sousa Leal.

A evolução do PIB do agronegócio vem acontecendo ano a ano. Depois dos R$ 110 bilhões registrados no triênio 2016-2018, o PIB, calculado a preços correntes, registrou os valores de R$ 117,3 bilhões em 2019; R$ 147,8 bilhões em 2020; R$ 167 bilhões em 2021 e, agora, chegou aos R$ 205,0 bilhões em 2022.

A evolução favorável no período 2019-2022 pode ser melhor compreendida a partir da segregação dos resultados do PIB do agronegócio nos seus dois componentes principais: no núcleo desse complexo produtivo, o Valor Adicionado Bruto (VAB) das atividades primárias (agricultura, pecuária e produção florestal), e, no entorno desse núcleo, o PIB da agroindústria e dos serviços relacionados.

Para o ano passado, a estimativa para o índice de volume do VAB da agropecuária estadual apresentou expansão de 9,7%. Por sua vez, o crescimento estimado para os preços no núcleo do complexo foi de 12,7%.

A forte expansão do VAB da agropecuária (9,7% em termos reais) contribuiu para a variação positiva, de 4,9%, do PIB real da agroindústria e dos serviços relacionados.

Diante dos resultados, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, ressaltou a importância do agronegócio na economia mineira.

“É uma satisfação enorme estarmos divulgando esses dados que eu considero históricos. Desde 2010, quando esse acompanhamento foi iniciado pela Fundação João Pinheiro, nós tivemos no ano passado a maior participação do agronegócio na composição da economia mineira, chegando a 22,2%. Nós sabíamos que o agro estava crescendo ano após ano, mais do que a nossa economia, mas não imaginamos que este avanço fosse tão expressivo”, explicou.

Além de ressaltar o aumento da participação do setor na economia mineira, Zema destacou a relevância na geração de empregos e nas evoluções constantes conquistadas na agricultura e pecuária do Estado.

“Os resultados indicam que, hoje, temos mais pessoas trabalhando. O agronegócio mineiro está de parabéns. Nosso Estado está livre de febre aftosa, um avanço enorme, que significa menos custos para o pecuarista. Também batemos recorde com venda de sacas de café, conquistamos concursos de queijo no exterior e temos um número espetacular, que é a evolução nas exportações. Então, são vários avanços que já aconteceram e continuarão acontecendo”, disse.

O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, explicou que a evolução do PIB do agronegócio é resultado, principalmente, do crescimento da produção de grãos, com destaque para a soja. A produção diversificada, a agroindústria e a alta participação na produção de várias culturas também favorecem os resultados.

“O resultado do PIB é muito positivo, principalmente pela diversidade que nós temos em Minas Gerais. Isso está representado diretamente. Somos o primeiro produtor de café, de leite, batata, de alho e, tudo isso, junto com a indústria soma valor agregado”.

Fernandes destacou ainda que nos últimos quatro anos, o resultado do setor se mantém positivo e puxado, principalmente, pelo crescimento dos grãos.

“A participação de 22,2% do PIB do agro no estadual é muito expressiva. Nos últimos quatro anos, tivemos um salto de R$ 110 bilhões – em 2018 – para atuais R$ 205 bilhões. O destaque são os grãos. Temos crescimento muito importante na soja, que vem ocupando áreas de pastagem degradadas e aumentando a produtividade”, disse.

O presidente do Sistema Faemg/Senar, Antônio de Salvo, atribuiu o resultado do PIB aos avanços conquistados no campo como a melhoria da gestão e da eficiência nas propriedades, investimentos em tecnologia e inovação e à extensão rural, que ajudam a levar os resultados das mais diversas pesquisas para o campo. 

“O crescimento foi conquistado com o aumento da inovação, do treinamento do nosso pessoal e da melhoria da gestão das propriedades. Esse agro bucólico, de fazendas que viviam em ritmo desacelerado, não conhece mais. Isso vem sendo feito nas diversas atividades de Minas Gerais”.

Ainda segundo Salvo, a agricultura e a pecuária de Minas Gerais seguem crescendo de forma sustentável. O maior uso de tecnologias permite o aumento da produtividade sem a necessidade de abertura de novas.

“Levamos as tecnologias das entidades de pesquisa para o campo, para que os produtos possam entrar em um círculo vicioso de modernidade. Assim, vamos continuar produzindo sem desmatar, sem afetar questões ambientais, respeitando as questões trabalhistas, mas, mais do que isso, trazendo renda per capita para os mineiros”.

Fonte: Jornal Diário do Comércio