Nova Lima, na região metropolitana de BH, se destacou em 2022 por apresentar a maior renda domiciliar per capita do país, com um valor mensal de R$ 4.300, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (9/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade, com 111,7 mil habitantes, é conhecida pelos seus condomínios de luxo e pela forte ligação histórica com a mineração.

Especialistas do IBGE ressaltam que a proximidade de Nova Lima com Belo Horizonte atrai famílias de renda mais alta que buscam uma vida próxima à capital mineira, mas em um ambiente com menos agitação urbana. André Simões, analista do IBGE, comentou: "Nova Lima é muito próxima de Belo Horizonte. Tem uma classe média ou mais alta que recebe remunerações maiores e que vive muito em condomínios".

O levantamento do Censo Demográfico também revelou que 24,9% da população de Nova Lima reside em domicílios com dez cômodos ou mais, a maior proporção no país em 2022. Além disso, a cidade liderou o ranking de rendimento médio exclusivamente do trabalho, com R$ 6.929 mensais para a população ocupada com 14 anos ou mais, seguida por São Caetano do Sul (SP), com R$ 6.167.

No contraponto, o município de Uiramutã, em Roraima, apresentou a menor renda domiciliar per capita do Brasil, com R$ 289 mensais. Localizada a 314 km da capital Boa Vista, Uiramutã tem uma população de 13,8 mil habitantes, com 96,6% da população classificada como indígena — a maior proporção do país, segundo o IBGE. Bruno Perez, analista do IBGE, destacou: "A principal característica é essa". A renda média dos indígenas foi de R$ 669 em 2022, significativamente abaixo da média nacional, que é de R$ 1.638.

Os dados divulgados pelo IBGE consideram valores nominais de 2022, sem ajuste pela inflação, e refletem informações relativas a julho daquele ano, contemplando rendimentos oriundos do trabalho, benefícios sociais, aposentadorias e pensões.

SUDESTE E SUL CONCENTRAM CIDADES MAIS RICAS

De acordo com o instituto, as dez cidades com os maiores rendimentos per capita ficam nas regiões Sudeste e Sul. São Caetano do Sul (R$ 3.885), na Grande São Paulo, aparece na segunda colocação, atrás apenas de Nova Lima (R$ 4.300).

Florianópolis (R$ 3.636) e Balneário Camboriú (R$ 3.584), ambas em Santa Catarina, aparecem na terceira e na quarta posições.

Niterói (R$ 3.577), na região metropolitana do Rio de Janeiro, e Santana de Parnaíba (R$ 3.465), na Grande São Paulo, vêm depois. Marema (SC), Vitória (ES), Petrolândia (SC) e Tunápolis (SC) fecham a lista das dez primeiras. A relação tem cinco municípios catarinenses e duas capitais (Florianópolis e Vitória).

"Nova Lima, São Caetano do Sul e Santana de Parnaíba são cidades de porte médio dentro de regiões metropolitanas. Acabam funcionando como local de residência das pessoas com rendimento mais alto em cada região metropolitana", disse Bruno Perez, do IBGE.

"São Caetano do Sul e Balneário Camboriú estão entre os municípios mais verticalizados do país, com maior proporção de apartamentos", acrescentou o pesquisador, em referência a dados do Censo divulgados anteriormente.

MUNICÍPIOS MAIS POBRES FICAM NO NORTE E NO NORDESTE

Por outro lado, as dez cidades com os menores rendimentos domiciliares do país pertencem às regiões Norte e Nordeste. Cinco ficam no Maranhão. Bagre (PA) e Manari (PE) apareceram na sequência de Uiramutã, com renda per capita de R$ 359 por mês em 2022.

Belágua (MA), Cachoeira Grande (MA), São Paulo de Olivença (AM), Primeira Cruz (MA), Humberto de Campos (MA), Marajá do Sena (MA) e Tonantins (AM) completaram a lista dos menores rendimentos. Nessas cidades, a renda variou de R$ 388 a R$ 432.

O IBGE não divulgou dados diretamente comparáveis do Censo anterior, relativo a 2010. De acordo com o órgão, o levantamento teve mudanças metodológicas em 2022 na análise do mercado de trabalho.

A comparação entre as duas pesquisas exigiria o que o IBGE chamou de "compatibilização" dos conceitos, ainda não disponível para todos os recortes.

Um ranking do Censo 2010 apontava São Caetano do Sul com a maior renda per capita nominal do país. Nova Lima aparecia na sétima posição à época. Marajá do Sena (MA), por sua vez, tinha o valor mais baixo do país em 2010. A cidade registrou a nona menor marca em 2022. Uiramutã possuía a quinta renda mais baixa em 2010. (Com informações de LEONARDO VIECELI/Folhapress)