A operação de rota direta entre o maior porto do Nordeste e o de Santos, o mais importante do país, reduzirá o tempo de navegação para três dias, segundo o terminal pernambucano. Hoje, na rota Santos-Suape, as embarcações chegam a levar a oito dias; no sentido inverso são quatro dias.
“Muitas vezes a cabotagem não se viabilizava por causa do tempo [de navegação]. Com caminhão é tudo mais simples, você coloca as mercadorias e, em três ou quatro dias, ela está entregue no destino. O serviço expresso é uma forma de competir com o transporte rodoviário”, disse Leonardo Cerquinho, presidente do Porto de Suape.
Em maio, reportagem da Folha mostrou que, depois da paralisação dos caminhoneiros até fevereiro deste ano, o transporte de contêineres pela costa brasileira cresceu 18%.
Segundo especialistas em logística, o movimento se fortaleceu após a criação da tabela do frete, que acabou encarecendo o transporte rodoviário de cargas em alguns trechos do país, em especial aqueles no sentido de descida (como Nordeste-Sudeste), impulsionando o transporte aquaviário.
A ideia, afirma Cerquinho, é agilizar mais o trâmite naval.
“Buscamos junto ao terminal de contêineres daqui e à Secretaria da Fazenda do estado criar condições para que esse processo ocorra de maneira mais rápida possível.”
Para ele, a cabotagem é subutilizada no país, e a capacidade atual permite uma expansão do serviço.
A rota expressa Santos-Suape será oferecida pela Mercosul Line. Procurada, a empresa não comentou.
No passado, a Aliança, empresa especializada no transporte costeiro e concorrente da Mercosul, já chegou a oferecer o serviço expresso na mesma rota. Atualmente, ela faz navegação direta entre portos nas rotas Santos-Salvador, Sepetiba (RJ)-Salvador, Manaus-Pecém (CE) e Pecém-Vila do Conde (PA).
De acordo o Ilos, de junho de 2018 a fevereiro de 2019 a cabotagem cresceu 14,8% doSul/Sudeste para o Nordeste. No sentido inverso, a alta foi de 21,3%.
Anualmente, por transporte rodoviário, sobem de São Paulo a Pernambuco três milhões de toneladas de carga, enquanto no mesmo trecho, em todo o ano passado, subiram 508 mil toneladas via navegação costeira, segundo o Ilos (Instituto de Logística Suplly Chain).
Os setores de alimentos, bebidas, eletroeletrônicos, eletrodomésticos linha branca, móveis e produtos de limpeza são os que mais usam a rota naval e devem se beneficiar do serviço expresso, segundo Suape.