Historicamente a poupança figura entre as preferências da maioria dos brasileiros. Quem nunca teve um cofrinho em casa para guardar as moedas das mesadas e recompensas dos pais, avós, para depois depositar na caderneta de poupança? Afinal esta modalidade de investimentos vem nos acompanhando há mais de 150 anos - isso mesmo, a poupança foi criada por D. Pedro II em 1871, na promulgação de uma lei que permitia aos escravos e às camadas mais pobres depositar dinheiro em banco oriundo de doações, heranças ou resultado de algum trabalho remunerado. De lá para cá ela sofreu algumas modificações, como a inclusão em 1964 da correção monetária para proteger da inflação e, em 1980, devido à inflação galopante, a correção deixou de ser mensal e passou a ser diária. Já em 16 de março de 1990 a poupança viveu seu momento mais fatídico: o anúncio do Plano Collor. Essa medida drástica, que confiscou 80% de todo recurso em poupança por 18 meses, levou muita gente à falência.

Ainda hoje, a poupança continua sendo a queridinha do investidor brasileiro. Segundo estudo publicado pela AMBIMA, “Raio X do Investidor”, menos da metade da população – ou seja, 42% das pessoas – guardam algum dinheiro. Entre os investidores, 89% aplicam na caderneta de poupança. Esse favoritismo está presente em todas as faixas de renda da população, segundo pesquisa do Instituto Datafolha. A poupança funciona como um empréstimo ao banco emissor, em que você recebe em troca uma taxa de juros. A rentabilidade da poupança é de 0,50% ao mês + TR, se a taxa Selic estiver acima de 8,50% ao ano. Quando a taxa Selic estiver abaixo de 8,50% ao ano, como agora (está em 6,50% ao ano), a rentabilidade da poupança é de 70% da Selic + TR. Esta regra de rentabilidade foi estabelecida desde 2012.

Para avaliar o rendimento da poupança e responder à pergunta inicial, precisamos considerar o ganho real da poupança, ou seja, descontando a inflação. Vejamos o histórico recente de rentabilidade da poupança: em 2017 o rendimento da poupança foi de 6,57% a.a., descontando a inflação acumulada do período, que foi de 2,95%. O retorno real da poupança foi de apenas 3,62% a.a.. Já em 2018, a taxa Selic fechou o ano em 6,50% a.a.. Aplicando-se a regra de 70% da Selic a poupança rendeu 4,55% a.a. Descontando a inflação deste período, que foi de 3,43%, o retorno real da poupança foi de 1,12% a.a.. Chegamos, portanto, à conclusão de que a poupança passou longe dos melhores retornos e não foi um bom negócio para o poupador. Infelizmente, a poupança figurou entre as piores dentre as modalidades de investimentos, considerando a mesma segurança oferecida pela poupança, e algumas vezes chegou a render menos do que a inflação.

Simulando o retorno da poupança com outros investimentos também garantidos pelo FGC (uma espécie de seguro do investimento até o limite de 250 mil reais por CPF), como CDB, Tesouro Direto, LCI, LCA, entre outros, todos superaram o rendimento da poupança. Fica evidente que falta conhecimento e informação aos brasileiros para escolher os melhores investimentos para garantir o poder de compra e a manutenção do padrão financeiro. Atualmente existem planejadores financeiros profissionais que podem assessorar aos investidores na elaboração de um plano de investimento e na escolha dos melhores ativos; e melhor, sem conflito de interesses.

Dúvidas ou sugestões : contato@horizontescapital.com.br Lucas Cristelli, consultor e planejador financeiro CFP®