O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, pretende utilizar o programa Novo Mercado do Gás, que será lançado nesta terça-feira (23), como forma de estímulo para que a frota brasileira de caminhões passe a utilizar o gás natural veicular como principal combustível, diminuindo o consumo de diesel e o custo do frete do país.


Segundo informações do Departamento Nacional de Trânsito, Denatran, a frota a gás do país representa apenas 2,2% do total em circulação atualmente. Apenas 10,6% do gás que é comercializado no Brasil é utilizado para abastecer veículos. A maior concentração do produto está nas grandes indústrias e na geração de energia elétrica.


Os planos do governo incluem a substituição de todas as usinas térmicas movidas a diesel a medida que os contratos de fornecimento forem vencendo, realizando assim a substituição por gás. A ideia é baseada na retirada da Petrobras do mercado de transporte e distribuição de gás, atualmente a empresa possui 70% do mercado.


A tendência é que a participação da estatal continue sendo reduzida, já que a venda de sua participação no gás e no refino foi acertada com o Cade entre junho e julho, como uma troca para evitar a punição em dois processos por práticas anticompetitivas. 


O acordo firmado prevê a venda de 8 das 13 refinarias da Petrobras, o que significa cerca de metade do mercado de derivados de petróleo. A empresa também precisará vender sua participação em 19 distribuidoras estaduais de gás, além do controle do gasoduto Brasil-Bolícia e os dutos de transporte que ligam as estações de tratamento no continente às plataformas. As vendas precisarão ser concluídas até o fim de 2021.


A ideia do governo é de que quando o Novo Mercado de Gás estiver consolidado, a conversão dos caminhões de carga seja estimulada a fim de atrair investidores na construção de infraestrutura de transporte e distribuição, fechando contratos de fornecimento com a Petrobras, que ficará restrita à produção de gás. O preço deverá cair pela metade. 


“Não dá para dizer que haverá subvenção ao caminhoneiro. Não tem isso no momento, mas o preço vai cair tanto com essa expansão, que ficará atrativo fazer a conversão.” 

A Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado estima que a troca faz sentido para os caminhoneiros que rodam mais de 250 km por dia, 22 dias por mês. Nesses casos, o investimento é pago com a redução do gasto com combustível, a economia podendo chegar a 50% sobre o litro de diesel e 65% sobre a gasolina.