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Segundo Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA), onde fica uma das unidades da Ford, a montadora está convocando todos os trabalhadores da fábrica para retornarem à atividade e produzirem peças de reposição. Na última mediação que houve no Tribunal de Justiça do Trabalho, a previsão da companhia, no entanto, era de que necessitaria de apenas 400 trabalhadores para produção de autopeças.
"A empresa está convocando todos os trabalhadores, aqueles que estão lesionados e afastados e até que já foram demitidos", diz o presidente do sindicato. Na sua avaliação, o telegrama enviado ao trabalhador informa que se ele não retornar à atividade serão tomadas medidas. "O sindicato sempre cumpre as ordens judiciais: se é para retornar, vamos retornar. Mas não aceitamos que a empresa imponha assédio moral."
Procurada, a Ford informa, por meio de nota, que negocia com os sindicatos de Camaçari e Taubaté (SP). Desde o anúncio da saída da empresa do País em 11 de janeiro todos os empregados estão com seus contratos ativos, sem alteração em salários e benefícios, diz a companhia.
Assembleia. Ontem, o sindicato reuniu 3 mil trabalhadores do polo de Camaçari na porta da Ford para esclarecer o que ocorre em relação a essa convocação. Ficou decidido que na próxima quinta-feira, em audiência no Tribunal da Justiça do Trabalho da 5ª Região, será encaminhada a demanda para sejam fixados critérios de quantos trabalhadores terão de retornar à atividade e de uma forma mais organizada. "Queremos que haja controle desses trabalhadores, até para que não fiquem sem fazer nada."
Segundo Bonfim, o critério de retorno ao trabalho é uma das prerrogativas para que as negociações com a montadora sigam em andamento. Hoje sindicato e montadora negociam como será a indenização e a reparação dos demitidos. "Enquanto tiver negociação, não pode ter demissão nem assédio moral."
A decisão da Ford de encerrar a produção no País terá impacto de US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, divulgou a montadora em janeiro. Do total, cerca de US$ 2,5 bilhões terão impacto direto no caixa do grupo americano, sendo, em sua maioria, relacionados a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos. São 5 mil funcionários afetados diretamente. Apenas a unidade em Horizonte (CE), que produz a Troller, continuará operando até o quarto trimestre.
A montadora já tinha encerrado em 2019 a produção de caminhões em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, cujo galpão foi comprado pela Construtora São José e será transformado em um centro logístico.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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