MERCADO


Com dez feriados emendados em 2020, quatro a mais que neste ano, o comércio de Belo Horizonte prevê alta de 20,37% no prejuízo causado pelas datas no varejo. Com menos pessoas na capital devido às viagens, as lojas esperam menor fluxo nas semanas dos feriados.

Em 2019, o setor na cidade perdeu, com as folgas, R$ 2,4 bilhões em Belo Horizonte e, no ano que começa amanhã, a expectativa é de redução de R$ 2,8 bilhões no faturamento, com perdas estimadas de R$ 20,5 milhões por dia. Em 2019, esse valor foi de R$ 15,6 milhões por dia. Os números são da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH).

O ano de 2020 terá 250 dias úteis na capital mineira, o mesmo número deste ano. Mas, com mais feriados próximos dos fins de semana, o impacto será maior.

“O Brasil está precisando é de mais trabalho, não é de folga não. Com tantas paralisações, sofrem mais o impacto as lojas de rua. Os shoppings e centros comerciais se organizam e atraem as pessoas, mas nem sempre o comerciante consegue. Que o feriado é importante, um dia de descanso, é verdade, mas nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno, não precisamos de tanto feriado assim”, defende o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.

No Brasil, o próximo ano terá 251 dias úteis, dois a menos que 2019, e o número de feriados em dias da semana será maior: serão 11 contra oito. Mais que isso, serão seis dias de folga que poderão ser emendados com sábado e domingo, contra dois em 2019. 

Esse efeito terá influência na atividade econômica. O brasileiro vai folgar mais e trabalhar menos no próximo ano. A retomada do crescimento mais forte da economia em 2020 é esperada pelo governo, analistas e bancos. Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a economia brasileira poderá crescer 2,25% no ano que vem. O BC revisou a previsão de crescimento de 2020 de 1,8% para 2,2%. Com menos folgas, a expansão poderia ser maior.

Segundo o gerente de pesquisa industrial do IBGE, André Macedo, a maior ou a menor presença de dias úteis influencia a indústria. “O maior número de feriados não atinge setores de produção contínua, como o siderúrgico e o de óleo e gás, mas afeta o de automóveis e o de eletrodomésticos”, afirma. Para ele, porém, o mais importante é se a economia estará ou não aquecida.

O economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, diz que há queda da produtividade: os trabalhadores folgam no feriado, mas recebem. “Você produz menos, seu custo não cai e há impacto na contabilidade das empresas. O Produto Interno Bruto (PIB) pode não refletir as horas trabalhadas, mas registra o ritmo de produção e o faturamento”, analisa. 

Vendas na capital cresceram 2,71% nesse Natal 

As vendas no comércio de rua e em shoppings de Belo Horizonte e região metropolitana tiveram alta de 2,71% no Natal deste ano em relação ao ano passado. Os dados são de uma pesquisa do Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte e Região (Sindilojas BH) e da Associação dos Lojistas de Shopping Center de Minas Gerais (Aloshopping), realizada com 1.200 estabelecimentos no último dia 26.

Segundo o levantamento, mais da metade dos lojistas estão com altas expectativas para o ano que começa nesta quarta. Na pesquisa, 55,9% deles indicaram um grau de confiança alto ou muito alto com relação às vendas para 2020, enquanto 37,3% têm confiança regular, e 6,9% têm expectativa baixa ou muito baixa com o ano.

O estudo feito na capital mineira mostra uma disparidade quanto aos dados apresentados nacionalmente pela Associação dos Lojistas de Shopping (Alshop), que cita um crescimento nominal de 9,5% no Natal no varejo de shopping em todo país. Os números foram contestados pela Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Aloshop), que citou uma outra pesquisa, da Cielo, que diz que o varejo cresceu nominalmente 3,7% entre 19 e 25 de dezembro. (Com agências)