Kelly Oliveira - Agência Brasil
Com a recente alta do dólar, os gastos de brasileiros em viagem ao exterior não devem cair, mas o ritmo de crescimento deve ficar menor, segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha.
“Uma desvalorização do real torna as despesas no exterior mais caras. Isso é um desestímulo para viagem no exterior”, disse. De acordo com Rocha, o efeito da alta do dólar este mês ainda não é sentido totalmente. Isso porque os consumidores já tinham planejado a viagem, com compra de pacotes ou passagens aéreas, por exemplo. “O efeito vai sendo sentido ao longo do mês”, afirmou, acrescentando que os clientes poderão fazer adaptações para reduzir as despesas das viagens já programadas. “Ao longo do tempo, depende de onde o câmbio vai ficar. Se a desvalorização continuar por tempo maior, [o consumidor] vai decidir se mantém a viagem ao exterior, se faz um roteiro mais barato”, disse.
Neste mês, até o dia 22, as despesas com viagens chegaram a US$ 1,170 bilhão. Em todo o mês de maio do ano passado, os gastos chegaram a US$ 1,496 bilhão. “Se olharmos a média diária, esse valor de maio deve superar o maio de 2017, mas haverá diminuição da taxa de crescimento”, disse.
Em abril deste ano, comparado ao mesmo mês de 2017, o crescimento chegou a 16%. Os gastos de brasileiros no exterior totalizaram US$ 1,538 bilhão, no mês passado. Para este mês, Rocha acredita que taxa de crescimento deve ficar “um pouco menor”.
Neste mês, o dólar registrou uma cotação média de R$ 3,61, enquanto em maio de 2017 o valor ficou em R$ 3,21.
Gastos cresceram 11,6% até abril
De acordo com os dados de relatório divulgado hoje (24) pelo BC, de janeiro a abril deste ano, os gastos de brasileiros no exterior chegaram a US$ 6,470 bilhões, com crescimento de 11,6% em relação ao mesmo período de 2017 (US$ 5,799 bilhões).
Mesmo com o crescimento dos gastos dos brasileiros no exterior, a conta de viagens internacionais ficou negativa em US$ 1,040 bilhão, em abril, e em US$ 4,037 bilhões, nos quatro meses do ano. Isso ocorre porque as receitas de estrangeiros no Brasil (US$ 499 milhões, em abril, e US$ 2,433 bilhões, no quadrimestre), que também compõem essa conta, são menores do que os gastos de brasileiros no exterior.